domingo, 23 de outubro de 2011

Recentemente, as vendas do livro A Cabana aproximaram-se de [sete] milhões de cópias. Já se fala em transformar o livro em filme. Mas, enquanto o romance quebra os recordes de vendas, ele também rompe a compreensão tradicional de Deus e da teologia cristã. E é aí que está o tropeço. Será que um trabalho de ficção cristã precisa ser doutrinariamente correto?

Quem é o autor? William P. Young [Paul], um homem que conheço há mais de uma década. Cerca de quatro anos atrás, Paul abraçou o “Universalismo Cristão” e vem defendendo essa visão em várias ocasiões. Embora freqüentemente rejeite o “universalismo geral”, a idéia de que muitos caminhos levam a Deus, ele tem afirmado sua esperança de que todos serão reconciliados com Deus, seja deste lado da morte, ou após a morte. O Universalismo Cristão (também conhecido como a Reconciliação Universal) afirma que o amor é o atributo supremo de Deus, que supera todos os outros. Seu amor vai além da sepultura para salvar todos aqueles que recusaram a Cristo durante o tempo em que viveram. Conforme essa idéia, mesmo os anjos caídos, e o próprio Diabo, um dia se arrependerão, serão libertos do inferno e entrarão no céu. Não pode ser deixado no universo nenhum ser a quem o amor de Deus não venha a conquistar; daí as palavras: reconciliação universal.

William P. Young, autor de A Cabana.


Muitos têm apontado erros teológicos que acharam no livro. Eles encontram falhas na visão de Young sobre a revelação e sobre a Bíblia, sua apresentação de Deus, do Espírito Santo, da morte de Jesus e do significado da reconciliação, além da subversão de instituições que Deus ordenou, tais como o governo e a igreja local. Mas a linha comum que amarra todos esses erros é o Universalismo Cristão. Um estudo sobre a história da Reconciliação Universal, que remonta ao século III, mostra que todos esses desvios doutrinários, inclusive a oposição à igreja local, são características do Universalismo. Nos tempos modernos, ele tem enfraquecido a fé evangélica na Europa e na América. Juntou-se ao Unitarianismo para formarem a Igreja Unitariana-Universalista.

Ao comparar os credos do Universalismo com uma leitura cuidadosa de A Cabana, descobre-se quão profundamente ele está entranhado nesse livro. Eis aqui algumas evidências resumidas:

1) O credo universalista de 1899 afirmava que “existe um Deus cuja natureza é o amor”. Young diz que Deus “não pode agir independentemente do amor” (p. 102),[1] e que Deus tem sempre o propósito de expressar Seu amor em tudo o que faz (p. 191).

2) Não existe punição eterna para o pecado. O credo de 1899 novamente afirma que Deus “finalmente restaurará toda a família humana à santidade e à alegria”. Semelhantemente, Young nega que “Papai” (nome dado pelo personagem a Deus, o Pai) “derrama ira e lança as pessoas” no inferno. Deus não pune por causa do pecado; é a alegria dEle “curar o pecado” (p. 120). Papai “redime” o julgamento final (p. 127). Deus não “condenará a maioria a uma eternidade de tormento, distante de Sua presença e separada de Seu amor” (p. 162).

3) Há uma representação incompleta da enormidade do pecado e do mal. Satanás, como o grande enganador e instigador da tentação ao pecado, deixa de ser mencionado na discussão de Young sobre a queda (pp. 134-37).

4) Existe uma subjugação da justiça de Deus a seu amor – um princípio central ao Universalismo. O credo de 1878 afirma que o atributo da justiça de Deus “nasce do amor e é limitado pelo amor”. Young afirma que Deus escolheu “o caminho da cruz onde a misericórdia triunfa sobre a justiça por causa do amor”, e que esta maneira é melhor do que se Deus tivesse que exercer justiça (pp. 164-65).

Será que um trabalho de ficção cristã precisa ser doutrinariamente correto?


5) Existe um erro grave na maneira como Young retrata a Trindade. Ele afirma que toda a Trindade encarnou como o Filho de Deus, e que a Trindade toda foi crucificada (p. 99). Ambos, Jesus e Papai (Deus) levam as marcas da crucificação em suas mãos (contrariamente a Isaías 53.4-10). O erro de Young leva ao modalismo, ou seja, que Deus é único e às vezes assume as diferentes modalidades de Pai, Filho e Espírito Santo, uma heresia condenada pela igreja primitiva. Young também faz de Deus uma deusa; além disso, ele quebra o Segundo Mandamento ao dar a Deus, o Pai, a imagem de uma pessoa.

6) A reconciliação é efetiva para todos sem necessidade de exercerem a fé. Papai afirma que ele está reconciliado com o mundo todo, não apenas com aqueles que crêem (p. 192). Os credos do Universalismo, tanto o de 1878 quanto o de 1899, nunca mencionaram a fé.

7) Não existe um julgamento futuro. Deus nunca imporá Sua vontade sobre as pessoas, mesmo em Sua capacidade de julgar, pois isso seria contrário ao amor (p. 145). Deus se submete aos humanos e os humanos se submetem a Deus em um “círculo de relacionamentos”.

8) Todos são igualmente filhos de Deus e igualmente amados por ele (pp. 155-56). Numa futura revolução de “amor e bondade”, todas as pessoas, por causa do amor, confessarão a Jesus como Senhor (p. 248).

9) A instituição da Igreja é rejeitada como sendo diabólica. Jesus afirma que Ele “nunca criou e nunca criará” instituições (p. 178). As igrejas evangélicas são um obstáculo ao universalismo.

10) Finalmente, a Bíblia não é levada em consideração nesse romance. É um livro sobre culpa e não sobre esperança, encorajamento e revelação.

Logo no início desta resenha, fiz uma pergunta: “Será que um trabalho de ficção precisa ser doutrinariamente correto?” Neste caso a resposta é sim, pois Young é deliberadamente teológico. A ficção serve à teologia, e não vice-versa. Outra pergunta é: “Os pontos positivos do romance não superam os pontos negativos?” Novamente, se alguém usar a impureza doutrinária para ensinar como ser restaurado a Deus, o resultado final é que a pessoa não é restaurada da maneira bíblica ao Deus da Bíblia. Finalmente, pode-se perguntar: “Esse livro não poderia lançar os fundamentos para a busca de um relacionamento crescente com Deus com base na Bíblia?” Certamente, isso é possível. Mas, tendo em vista os erros, o potencial para o descaminho é tão grande quanto o potencial para o crescimento. Young não apresenta nenhuma orientação com relação ao crescimento espiritual. Ele não leva em consideração nem a Bíblia, nem a igreja institucional com suas ordenanças. Se alguém encontrar um relacionamento mais profundo com Deus que reflita a fidelidade bíblica, será a despeito de A Cabana e não por causa dela. (extraído de uma resenha de James B. De Young, Western Theological Seminary

domingo, 16 de outubro de 2011

EM DEFESA DA INERRÂNCIA BÍBLICA



Pr. Paulo Sergio Batista

A doutrina da inerrância bíblica tem sido uma das mais atacadas dentre as doutrinas cristãs desde o advento da ciência moderna nos séculos XVI e XVII. Críticos, céticos e descrentes de todas as linhas de pensamento têm feito desta objeção a principal arma de questionamento da integridade doutrinária da Bíblia e consequentemente da autoridade do cristianismo como corpo doutrinário verdadeiramente digno de crédito.

Tem sido comum encontrarmos em artigos divulgados pela imprensa secular, e até mesmo religiosa, matérias criticando a autenticidade das declarações bíblicas e pondo-as em dúvida diante das informações adquiridas pelo grande avanço dos métodos científicos nas mais variadas áreas. Geologia, biologia, paleontologia, arqueologia, história, geografia, etc. parecem de forma unânime desconstruir todas as importantes declarações do texto sagrado reduzindo-as a um simples conjunto de fábulas, mitos, ficções ou supostas deturpações de eventos históricos por parte de um povo primitivo de origem incerta que se assentou na antiga Canaã e procurou construir uma identidade nacional, desenvolvendo sua própria “história”.

Mas será que todos os ramos científicos têm desmentido a Bíblia como texto de origem sobrenatural?

Origem da “grande controvérsia”

O “iluminismo” deve ser reconhecido como o grande promotor de uma interpretação de mundo através das lentes exclusivistas do racionalismo, cujo principal aspecto seria o da dissolução dos “mitos” religiosos tão difundidos através do cristianismo medieval, promovido principalmente pelo catolicismo romano. A proposta “racionalista” via a “razão” humana como a única forma de proporcionar um desenvolvimento sadio, conduzindo assim a raça humana a um completo aperfeiçoamento promovido pela razão, contrário à suposta visão “primitiva” legada pelo cristianismo da Idade Média.

O cientificismo (as leis científicas seriam as únicas verdades pelas quais o homem deve julgar toda e qualquer verdade prática no campo do conhecimento) tem sido uma das primeiras causas da negação da doutrina da inerrância bíblica. Uma vez que a visão “científica” exclui completamente a ideia de milagres, não seria de esperar que cresse de alguma forma na doutrina da inspiração do texto autógrafo (original) da Bíblia.

Se a única forma de verificação da verdade são os métodos propostos pela ciência, que são baseados no tripé da “observação”, “teste” e “repetição”, logo, não seria a ciência moderna o veículo ideal de compreensão das verdades que envolvem qualquer tipo de milagre. Se o milagre é o não “comum”, não repetido sistematicamente (senão ele seria o natural), então as leis científicas não poderiam ser a maneira ideal de compreensão de sua causa. Assim, os métodos baseados na ciência ficam sem utilidade objetiva para nos indicar o caminho a seguir para a obtenção de uma clara análise da chamada “inspiração divina” do texto sagrado, sobre a qual se constrói toda a doutrina da chamada “inerrância bíblica”.

Se os únicos métodos de verificação da verdade repousassem sobre o tripé da ciência, então qualquer verdade baseada no testemunho pessoal de alguém que foi o único a ouvir a confissão ou algum relato de um acontecimento histórico ocorrido com um indivíduo que agora está morto não seria uma verdade, visto que não se pode de forma alguma repetir tal evento histórico para determinar sua autenticidade “científica”. Poderíamos negar um fato como verdade pelos simples motivo de não termos como averiguá-lo pelos métodos do tripé científico?

A inerrância e o Senhor Jesus

Jesus via as Sagradas Escrituras como algo inerrante e totalmente desprovido de erros em suas afirmações. Ele declarou categoricamente que a “Escritura não pode falhar” (Jo 10.35), declarou sua plena autoridade doutrinária (Mt 22.29), afirmou a sua plena autoridade profética (Mt 24.15; Mc 7.6) e confirmou sua historicidade (Mt 19.4; 24.37-39).

Jesus também fez questão de exibir em seus discursos um claro peso autoritativo às palavras escritas na Tanach (Escritura judaica) e não apenas aos autores, como alguns defensores da negação da “inspiração verbal” propõem (Mt 26.54; Lc 4.21; Jo 5.39). A autoridade divina está explicitamente declarada no uso constante da expressão grega gegraptai, “está escrito” (Mt 4.10; 11.10; 21.13; Mc 9.12-13; Lc 7.27), indicando assim a plena autoridade do texto sagrado escrito.

A autoridade divina do texto inspirado

O Novo Testamento usa a expressão “ta logia” (os oráculos) para fazer referência ao fato de que a Bíblia seria a palavra de Deus revelada à humanidade (At 7.38; Rm 3.2; 1 Pe 4.11). Sendo Deus perfeito, sua palavra inspirada também deve ser, pois se a inspiração é a parte divina na “parceria” homem e Deus na composição do texto revelado, ela deve conduzi-lo à perfeição no que diz respeito ao texto autógrafo.

Umas das mais significativas afirmações internas da Bíblia acerca de sua irrefutável inspiração são as profecias. Elas apontam de forma especial para uma necessidade de sobrenaturalismo que o materialismo, em nenhuma de suas vertentes ateístas e liberais, pode apagar ou refutar. Somente a Bíblia, entre todos os livros religiosos, possui profecias verificáveis que formam um poderoso argumento a favor de sua origem divina.

Até hoje ninguém conseguiu refutar o livro de Daniel, como tentaram os proponentes da teoria da composição do livro no período dos Macabeus (160 a.C.). Daniel 5.2 aponta para o fato de que o segundo reino que conquistaria a Babilônia seria o império federado medo-persa, sendo portanto esse o segundo reino da profecia, e não o segundo e terceiro reinos respectivamente. Assim Daniel viu cinco reinos (Babilônia, Medo-Persa, Grécia, Roma e o império do anticristo). Se Daniel tivesse vivido no período dos macabeus, jamais poderia ter confirmado o domínio romano em toda terra. Como poderia especular sobre um império inexistente?

Se Daniel fosse uma história transfigurada de profecia e não mencionasse o futuro império do anticristo, nenhuma teoria de composiçaõ explicaria o texto de Daniel 11.45, pois declarar que o texto faz menção a Antíoco Epifânio, e não a um futuro governante, não se encaixaria com as evidências históricas que possuímos acerca deste monarca, pois ele morreu em Tebas, e o texto declara que a pessoa a quem se refere morrerá na região entre “os mares” (mar Mediterrâneo e Morto), nas proximidades do monte Sião. Como poderia o livro ter sido composto depois dos fatos ali registrados e cometer esse suposto erro histórico (se acreditarmos que o texto menciona Antíoco Epifânio)?

Sim, este é um dos mais perfeitos livros proféticos já inspirados por Deus, sendo que Daniel 9.24-27 (as setenta “semanas”) possui uma das mais impressionantes profecias escatológicas. Ali encontramos com riqueza de detalhes a descrição do período do nascimento, ministério e morte do messias, o que jamais poderia ter sido escrito no período dos macabeus, mais de um século e meio antes do nascimento de Jesus de Nazaré. Lançar a composição do livro de Daniel para o período dos macabeus (160 a.C.) não consegue resolver todos os “problemas” proféticos encontrados nele.

Como crer na integridade de um texto sem termos o autógrafo?

Essa é uma das mais delicadas questões relativas à inerrância. Alguns dizem que não podemos crer no texto bíblico porque não temos o original de nenhum dos livros que o compõem. Se não temos o texto original, não podemos acreditar na autenticidade das cópias, dizem.

Este argumento mostra-se inconsistente porque os que fazem uso dele não o aplicam de forma homogênea a toda verificação de textos da antiguidade.

Levando este argumento ao extremo, deveríamos então negar as guerras gálicas de César, as guerras judaicas relatadas por Flávio Josefo, a Ilíada de Homero, a existência de Sócrates, a República de Platão, visto que não chegou até nós nenhum autógrafo dessas obras?

Por que os críticos da Bíblia não descreem de toda a história clássica ocidental, sobre a qual grande parte de nossa cultura e conhecimento foi estabelecida? Poderíamos fazer uma avaliação imparcial da questão dos autógrafos bíblicos sem primeiro atingir completamente outras obras históricas e consequentemente seus autores?

Até mesmo o agnóstico e erudito em transmissão de textos bíblicos Bart D. Ehrman, em seu famoso livro O que Jesus disse, o que Jesus não disse, ao comentar sobre as reais intenções dos copistas cristãos dos primeiros séculos, afirmou: “Pode-se, com tranqüilidade, dizer que a cópia de textos cristãos primitivos era um processo ‘conservador’. Os copistas – fossem eles amadores, nos primeiros séculos, ou profissionais na Idade Média – tinham intenção de ‘conservar’ a tradição textual que estavam transmitindo. Sua preocupação fundamental não era modificar a tradição, mas preservá-la para si mesmos e para aqueles que viessem depois de si. Sem dúvida, a maioria dos copistas buscava fazer um trabalho consciencioso, certificando-se de que o texto que produziram era o mesmo texto que tinham herdado (p. 187, ênfase acrescentada).

Não desejamos aqui negar ou mesmo ignorar os erros de transmissão contidos nas muitas cópias do texto sagrado, mas assim como a crítica textual (ciência que analisa a transmissão de textos a partir da ausência dos autógrafos) não nega a autenticidade de nenhuma das obras históricas e filosóficas mencionadas anteriormente, também não negaria a autenticidade do texto divino, que é a obra antiga melhor copiada, com mais de 5.000 cópias. A obra que mais se aproxima desta cifra é a Ilíada, com apenas 643 cópias.

Sabe-se que há textos em que não temos certeza absoluta do que de fato o escritor bíblico queria dizer (as chamadas “variantes textuais”), mas nenhum deles é de essencial importância para a afirmação ou negação de qualquer doutrina primordial do livro base do judaísmo e do cristianismo.

A biblioteca essênia de Qunram, na região do mar Morto, preservou os textos bíblicos mais antigos que conhecemos. Esta importante descoberta arqueológica do século XX trouxe à luz textos antiquíssimos que, comparados com as cópias mais recentes que possuímos (em alguns casos a lacuna entre a composição das cópias excedia 900 anos), comprovaram o enorme grau de precisão dos antigos escribas na produção das cópias do texto veterotestamentário. Os críticos tiveram de emudecer diante desta fantástica evidência de pureza de transmissão das Escrituras Sagradas.

Até o famoso erudito e perito em crítica textual Bruce Metzger, em sua análise acerca da quantidade de “variantes textuais” da Bíblia, chegou a sugerir que 95,5% do texto que temos em mãos corresponde ao autógrafo. Os quase 5% restantes não representariam nenhuma ameaça ao entendimento de qualquer passagem fundamental da teologia judaico-cristã ou do entendimento doutrinário de qualquer tema essencial das Escrituras Sagradas. Nenhuma “variante textual” põe em xeque qualquer doutrina central da Bíblia. Poderíamos então afirmar que, apesar de não possuirmos o “livro original”, temos quase em sua completa totalidade o “texto original”!

Quem escreveu o Pentateuco?

A ideia de que a composição do Pentateuco se deu num período de vários séculos entre 950 e 450 a.C. (teoria JEDP), proposta pelo erudito Julius Wellhausen em 1878, sendo fruto do uso de várias fontes documentais, até hoje tem sido sustentada pela “erudição” moderna como a explicação mais “racional” para a sua origem. Mas existem evidências internas do conjunto que forma o Pentateuco que criam uma grande dificuldade para a sustentação da teoria de Wellhausen. Vejamos algumas delas.

A teoria sustenta que as formas dos nomes de Deus no Pentateuco indicariam o uso de diferentes fontes literárias na sua composição durante um período que abrangeria desde a monarquia davídica até o período de Neemias (um pouco antes da cerimônia da leitura do livro da lei como relatado no capítulo 8 de Neemias).

Apesar do uso de diversos nomes para Deus ser uma evidência supostamente concreta de que diferentes fontes textuais foram usadas, isso é algo relativamente comum nas culturas próximas de Israel. Osíris, no Egito, é chamado de Wennefer (aquele que é bom), Khentamentiu (o maior dos ocidentais) e Neb-Abdu (senhor de Abydos).

Uma das maiores evidências internas da composição mosaica do Pentateuco é o uso abundante de referências egípcias de cunho agrícola (Êx 9.31-32), da fauna (Dt 14.5, Lv 11.16) e geográfica (Gn 13.10; 13.22), o que seria impossível de ser reconstruído por uma comunidade judaica que nunca esteve no Egito, como a teoria de Wellhausen conclui.

O que também não pode ser ignorado com referência ao fim da composição do Pentateuco num tempo bem posterior ao período sacerdotal, o que contraria a teoria de Wellhausen, é a completa inexistência de qualquer citação à ordem dos escribas (soperîm), o que era de esperar se o livro fosse escrito por essa classe judaica.

Em Gênesis 14 aquela que seria conhecida como a famosa cidade de Davi é chamada de Salém e não de Jerusalém, como seria natural se a obra fosse de origem posterior. Além disso, não há nenhuma menção de Salém como a futura capital política e religiosa do povo hebreu, o que seria comum num texto produzido em período ulterior, no qual esse tipo de “profecia” serviria a propósitos políticos e religiosos de extrema importância.

Sem dúvida, opiniões polêmicas que rompem com as estruturas já estabelecidas acerca deste tema são mais divulgadas na mídia do que qualquer versão que se aproxime da veracidade dos fatos demonstrados. Infelizmente o ceticismo, bem como o liberalismo, tem influenciado de forma perigosa as nossas instituições de ensino teológico, produzindo versões “racionalmente” mais aceitáveis para a mente pós-moderna, porém afastando as pessoas da simplicidade da mensagem das Escrituras e de sua revelação dada pelo Espírito. Pedro nos alerta sobre a importância de respondermos aos questionamentos que são levantados acerca da razão da nossa fé para que possamos ter um testemunho mais influente em nossa sociedade (1 Pe 3.15-16).

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Maria Padroeira do Brasil?

Paulo Cristiano

O Padre Júlio J. Brustoloni, missionário redentorista, no seu livro História de Nossa Senhora da Conceição Aparecida — A Imagem, o Santuário e as Romarias - p. 115, após achar que a imagem é motivo de contradição para muitos crentes (protestantes, evangélicos, especialmente Pentecostais), diz: O mais grave não é negar o culto à imagem de Nossa Senhora Aparecida, mas sim não aceitar o papel de Maria no plano de salvação estabelecido por Deus. Eles aceitam que o seu Filho nasceu de uma mulher, Maria, mas não reconhecem o culto devido àquela Mulher que esmagou com sua descendência a cabeça do demônio, e que, por vontade de Deus, foi colocada em nosso caminho de salvação para interceder por nós.

Com um único versículo da Bíblia, provavelmente muito conhecido pelo padre, sua teoria é desmontada: Adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele prestarás culto (Mt 4.10b). Além do mais, não acreditamos que aquela imagem de barro, intitulada Nossa Senhora da Conceição Aparecida, seja um retrato de Maria, mãe do Senhor Jesus Cristo, conforme nos revela a Bíblia Sagrada.

São declarações como as do padre Júlio J. Brustoloni, ou o espantoso livro de S. Afonso de Ligório "As Glórias de Maria", que transferem, sem a menor cerimônia, todos os atributos e honras que pertencem exclusiva-mente ao Senhor Jesus para Maria ou a tentativa malabarista da CNBB com o livreto "Com Maria, Rumo ao Novo Milênio" -uma forçosa tentativa de justificar o culto mariano, é que nos faz pronunciar, mostrando um outro caminho, aquele da Bíblia, sem retórica ou esforço, um caminho cândido, sereno e verdadeiro, com todo respeito e amor aos católicos ro­manos, que todo cristão deveria ter, apresentando-se firmes no tocante a sã doutrina (2 Tm 4.1-5).

Trata-se de uma pequena imagem de barro, medindo 39 centímetros e pesando aproximadamente 4,5 kg, sem o manto e a coroa, que foram acrescentados1. As Anuas dos Padres Jesuítas de 15 de janeiro de 1 750, dizem que, aquela imagem foi moldada em barro, de cor azul escuro; é afamada por causa dos muitos milagres realizados2. Dr. Pedro de Oliveira Neto, que estudou a imagem, apresentando o resultado em 13 de abril de 1967, afirma, em contrapartida:

A imagem encontrada pelos pesca-dores junto ao Porto de ltaguaçu, e que hoje se venera na Basílica Nacional, é de barro cinza claro, como constatei, barro que se vê claramente em recente esfola-dura no cabelo3. A mesma conclusão chegaram os artistas do MASP — Museu de Artes de São Paulo - em 1978, declarando:

Constatamos pelos fragmentos da Imagem em terracota, que ela é da primeira meta­de do século XV!!, de artista seguramente paulista, tanto pela cor como pela qualidade do barro empregado e, também, pela própria feitura da escultura (4). Essa pequena imagem feita de barro representa Maria para o catolicismo romano.

Segundo o Dr. Pedro de Oliveira Neto, a imagem de barro foi feita por um discípulo do Frei Agostinho da Piedade: A Imagem de Nossa Senhora Aparecida é paulista, de arte erudita, feita provavelmente na primei­ra metade de 1600, por discípulo, mas não pelo próprio mestre, do beneditino Frei Agostinho da Piedade. Os estudiosos, observando o estilo da imagem, concluíram que o autor da imagem foi o Frei Agostinho de Jesus, sendo provavelmente esculpida em 1650, no mosteiro beneditino de Santana de Parnaíba, SP (5).

Apresentaremos algumas hipóteses razoáveis, embora nunca tenhamos a certeza do fato. Nossa análise levará em consideração apenas as possibilidades culturais, religiosas e históricas. O livro de Gilberto Aparecido Angelozzi, Aparecida a Senhora dos Esquecidos, Ed Vozes; Capítulo III — p. 55-66, expõe alguns possíveis motivos sobre o assunto em questão.

Partindo do princípio de que realmente os pescadores acharam a imagem da Conceição Aparecida no rio, podemos então desenvolver as seguintes idéias:

A teoria de que a imagem foi trazida pelos colonizadores brancos

• Por famílias que se instalaram no vale do Paraíba;

pelos bandeirantes, pois eles carregavam imagens de Maria por onde quer que passas­sem;

• pelos missionários carmelitas, franciscanos e jesuítas que passaram por aquela região;

por algum comerciante ou vendedor ambulante e ter sido quebrada em sua bagagem;

poderia fazer parte de um oratório familiar e, ao ter sido quebrado o pescoço da imagem, ter sido lançada ao rio.

A teoria de que a imagem foi lançada no rio por escravos negros

Algum escravo negro, devido ao sincretismo religioso, poderia associar a imagem à de algum orixá, especialmente aos que estão associados às águas;

poderia ter lançado a imagem nas águas como um oferecimento a algum orixá, fazendo pedidos relacionados à saúde: engravidar, gravidez de risco, proteção à criança etc;

poderia ter sido lançado nas águas para se obter riquezas ,ouro, dinheiro, pedras preciosas etc.

A teoria das lendas indígenas

Uma lenda indígena relata que eles criam na grande cobra que habitava nos rios a Cobra Norato. Durante o dia era uma terrível cobra e à noite era um jovem que dançava com as moças. Algum padre teria lançado a imagem para proteger os índios;

Outra lenda diz que, na cidade de Jacareí, apareceu uma grande cobra e alguém a enfrentou lançando a imagem da Imaculada Conceição ao rio, fazendo com que a cobra fugisse. A teoria oficial da Igreja Católica Romana

O catolicismo romano possui duas fontes sobre o achado da imagem, que se encontram no Arquivo da Cúria Metropolitana de Aparecida (1 Livro do Tombo da Paróquia de Santo Antônio de Guaratinguetá) e no Arquivo Romano da Companhia de Jesus, em Roma (Annuae Litterae Provinciae Brasilíanae, anni 1748 et 1749)6.

A narrativa diz basicamente que, no ano de 1719, os pescadores Domingos Martins García, João Alves e Filipe Pedroso lançavam suas redes no Porto de José Corrêa Leite, prosseguindo até o Porto de ltaguassu. Lançando João Alves a sua rede de rastro neste porto, tirou o corpo da Senhora, sem cabeça. Lançando mais abaixo outra vez a rede, conseguiu trazer a cabeça da mesma Senhora. Não tinham até aquele momento apanhado peixe algum. A partir de então, fizeram uma copiosa pescaria que encheu as canoas de peixes. Após esse milagre, surgiram outros relacionados à imagem.

A explicação do Dr. Aníbal Pereira dos Reis

Segundo o Dr. Aníbal Pereira dos Reis ex-sacerdote, ordenado em 1949, formado em Teologia e Ciências Jurídicas pela Pontifica Universidade Católica de São Paulo, em seu livro A Senhora Aparecida, Edições Caminho de Damasco Ltda, SP, 1988; trata-se de uma grande armação do padre José Alves Vilela , pároco da matriz local. Segundo suas investigações, foi o padre José Alves Vilela quem colocou a imagem no rio e iniciou planejadamente a divulgação dos supostos milagres, além de estar manipulando todo tempo a imagem e divulgando seus supostos milagres.

Pequena cronologia da Imagem

1717— Pescadores apanharam no rio a Imagem da Conceição Aparecida

1745-1903 — A festa principal da Conceição Aparecida é celebrada em 08 de dezembro;

1888 — No dia 06 de novembro, a princesa Isabel visita pela segunda vez a basílica e deixa como ex-voto uma coroa de ouro cravejada de diamantes e rubis;

1929 — Celebração dos 25 anos da Coroação de Maria em um Congresso Mariano;

1930— No dia 16 de julho, o Papa Pio XI assina o decreto, declarando Conceição Aparecida a Padroeira do Brasil;

1931 — No dia 31 de maio, a imagem de barro da Conceição Aparecida é declarada, oficialmente, na Capital Federal a Padroeira do Brasil. Getúlio Dornelles Vargas, era o presidente naquela época.

Segundo o padre Júlio J. Brusto­loni, Na Esplanada do Castelo, outra multidão aguardava a chegada da Imagem Milagrosa. No grande estrado, junto do altar da Padroeira, encontravam-se o Presidente da Re­pública, Dr. Getúlio Dornelles Vargas, Ministros de Estado, membros do Corpo Diplomático credenciados junto do nosso governo,

e outras autoridades civis, militares e eclesiásticas. O Sr. Núncio Apostólico, Dom Aloísio Masella, estava ao lado do Presidente e sua família. Na Esplanada, a Imagem percorreu as diversas quadras para que o povo pudesse vê-la de perto, e, ao chegar ao altar, Dom Leme deu-a a beijar ao Presidente e sua família. Um silêncio profundo invadiu a Esplanada, quando a Imagem foi colocada no altar. Após o discurso de saudação, Dom Leme iniciou o solene ato da proclamação de Nossa Senhora Aparecida como Padroeira do Brasil7. Segundo relata o padre Júlio, após a cerimônia, o povo católico romano gritou: Senhora Aparecida, o Brasil é vosso! Rainha do Brasil, abençoai a nossa gente. Paz ao nosso povo! Salvação para a nossa Pá­tria! Senhora Aparecida, o Brasil vos ama, o Brasil em vós confia! Senhora Aparecida, o Brasil vos aclama, Salve Rainha!8

O QUE É IDOLATRIA


Vejamos algumas definições: Ídolo. S.m. 1. Estátua ou simples objeto cultuado como deus ou deusa, 2. Objeto no qual se julga habitar um espírito, e por isso venerado. 3. Fig. Pessoa a quem se tributa respeito ou afeto excessivo. Idólatra. Adj. 2 g. 1. Respeitante à, ou próprio da idolatria. 2. Que adora ídolos. 3. Idolátrico (2). * s. 2 g. 4. Pessoa que adora ídolos; Idolatrar. V t. d. 1. Prestar idolatria (1) a; amar com idolatria (1); adorar, venerar. 2. Amar com idolatria (2), com excesso, cegamente. Int. 3. adorar ídolos; praticar a idolatria (1). Idolatria. SE. 1. Culto prestado a ídolos. 2. Amor ou paixão exa­gerada, excessiva9. Idolatria- 1. Essa palavra vem do grego, eídolon, ídolo, e latreúein, adorar. Esse termo refere-se à adoração ou veneração a ídolos ou imagens, quando usado em seu sentido primário. Porém, em um sentido mais lato, pode indicar veneração ou adoração a qualquer objeto, pessoa, instituição, ambição etc, que tome o lugar de Deus, ou que lhe diminua a honra que lhe devemos ( 10).

O culto à imagem esculpida, deuses de fundição, imagem de escultura, estátua, figura de pedra, imagens sagradas ou ídolos é idolatria e profanam a ordem divina.

Não farás para ti imagens esculpidas, nem qualquer imagem do que existe no alto dos céus, ou do que existe embaixo, na terra, ou do que existe nas águas, por debaixo da terra. Não te prostrarás diante delas e não lhes prestarás culto (Ex 20.4)

Não vos voltareis para os ídolos, nem fareis para vós deuses de fundição. Eu sou o Senhor vosso Deus (Lv 19.4)

Não fareis para vós ídolos, nem para vós levantareis imagem de escultura nem estátua, nem poreis figura de pedra na vossa terra para inclinar-vos diante dela. Eu sou o Senhor vos­soDeus (Lv26.1)

Confundidos sejam todos os que adoram imagens de esculturas, que se gloriam de ído­los inúteis... (SI 9 7.7)

Os ídolos deles são prata e ouro, obra das mãos do homem. Têm boca, mas não fa­lam, têm olhos, mas não vêem; têm ouvidos, mas não ouvem, têm nariz, mas não cheiram; têm mãos, mas não apalpam, têm pés, mas não andam; nem som algum sai da sua gar­ganta; Tornem-se semelhantes a eles os que os fazem, e todos os que neles confiam. (SI .115.4-9 e 135.15-18)

A tua terra está cheia de ídolos, inclina­ram-se perante a obra das suas mãos, diante daquilo que fabricaram os seus dedos. Pelo que o homem será abatido, e a humanidade humilhada; não lhes perdoes! (Is 2.8-9)

... Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás (Mt 4.11; Lc 4.8)

O principal de todos os mandamentos é: Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor! Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a sua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças (Mc .12.29-30; Mt 22.37).

Mas vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, pois o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e impor­ta que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade (Jo.4.23-24)

Enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se revoltava em si mesmo vendo a cidade tão entregue à idolatria (At 1 7.16)

Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus (1 Co 6.10-11; Ef5.5)

Não vos façais idólatras, como alguns deles; como está escrito: O povo assentou-se a comer e a beber, e levantou-se para folgar (1 Co 10.7).

E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Pois vós sois santuários do Deus vivente... (2 Co 12.2)

As obras da carne são conhecidas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras pelejas, dissensões, facções, invejas, bebedices, orgias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos preveni, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus (GI 5.5)

Filhinhos, guardai-vos dos ídolos(1 Jo5.21)

* Mas, quanto aos medrosos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos adúlteros, e aos feiticeiros, e aos idólatras, e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre, que é a segunda mor­te (Ap 21.8)

Ficarão de fora os cães, os feiticeiros, os adúlteros, os homicidas, os idólatras, e todo aquele que ama e pratica a mentira (Ap. 22.1 5). Deus proibiu ao seu povo a confecção e o culto a imagens, estátuas etc, visto que os povos pagãos atribuíam a esses artefatos de barro, madeira ou outro material corruptível, um caráter religioso. Acreditavam, além do mais, que a divindade se fazia presente por meio dessa prática. O Deus Todo-Poderoso ensinou seu povo a não cultuar imagens. Sua palavra era tão poderosa no coração do seu povo, que, embora muitos homens santos, profetas e sacerdotes, homens exemplares, com todas as virtudes para serem canonizados (os heróis da Bíblia), não foram pretextos para serem adorados ou cultuados, nem fizeram suas imagens e nem lhes prestaram culto. Deus proibiu seu povo de fabricar imagens de escultura, de fundir imagens para cultuá-las (Ex 20.23 e 34.1 7).

Algumas imagens que Deus mandou fazer não tinham por objetivo elevar a piedade de Israel e nem ser­viam de modelo para reflexão ou conduta. Eram apenas símbolos decorativos e representativos. Deus mandou fazer a Arca da Aliança; mandou fazer figuras de querubins no Tabernáculo e no Templo, entre outros utensílios (1 Rs 6.23-29; 1 Cr 22.8-1 3; 1 Rs 7.23-26) , além de outros ornamentos (1 Rs 7.23-28). Essas figuras, porém, jamais foram adoradas ou veneradas, ou vistas como objeto de culto. Se os filhos de Israel tivessem adorado, cultuado ou venerado esses objetos, sem dúvida, Deus mandaria destruí-los. Foi isso o que aconteceu com a serpente de bronze, levantada por Moisés no deserto, quando se tornou objeto de culto (2 Rs 18.4).

Quando analisamos esta questão na história da nação de Israel, o povo que recebeu os mandamentos de Deus e a preocupação dos judeus religiosos em manter-se fiéis, podemos entender que, apesar do Antigo Testamento proibir a confecção de imagens relativamente, no entanto a adoração ou culto a imagens era absolutamente proibido: Não te prostrarás diante delas e não lhes prestarás culto (Ex 20.4b).

Em algumas sinagogas do século III e até hoje encontramos pinturas de heróis da fé em seus vitrais etc, jamais, entretanto, veremos judeus orando, cultuando ou invocando Moisés, Abraão ou Ezequiel.

Não encontramos argumento algum que justifique o culto, veneração ou a fabricação de imagens no Novo Testamento.

• A Bíblia mostra que Paulo sofria por ver o povo entregue a idolatria: Enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se revoltava em si mesmo, vendo a cidade tão entregue à idolatria (At 1 7.1 6).

• Paulo foi atacado pelos artífices, ourives e comerciantes de imagens: Certo ourives, por nome Demétrio, que fazia de prata miniaturas do templo de Diana, dava não pouco lucro aos artífices. Eles os ajuntou, bem como os oficiais de obras semelhantes, e disse: Senhores, vós bem sabeis que desta indústria vem nossa prosperidade. E bem vedes e ouvis que não só em Éfeso, mas até quase em toda a Ásia, este Paulo tem convencido e afastado uma grande multidão, dizendo que não são deuses os que fazem com as mãos. Não somente há perigo de que a nossa profissão caia em descrédito, mas também de que o próprio templo da grande deusa Diana seja estimado em nada, vindo a ser destruída a majestade daquela que toda a Ásia e o mundo veneram. Ouvindo isto, encheram-se de ira, e clamaram: Grande é a Diana dos efésios! (Atos 19.24-28)

O culto aos santos só começa a partir de cem anos, aproximadamente, depois da mor­te de Jesus, com uma tímida veneração aos mártires11. A primeira oração dirigida expressamente à Mãe de Deus é a invocação Sub tuum praesidium, formulada no fim do século III ou mais provavelmente no início do 1V12. Não podemos dizer que a veneração dos santos — e muito menos a da Mãe de Cristo — faça parte do patrimônio original13. Se o culto aos santos e a Maria fosse correto, João, que escreveu o último evangelho, aproximadamente no ano 100 d.C. , certamente falaria sobre o assunto e incentivaria tal prática. Ele, porém, nos adverte: Filhinhos, guardai-vos dos ídolos (1 Jo 5.21). Na luta para justificar o culto às imagens, bem como seu uso nas Igrejas, os católicos apresentam a teoria da pedagogia divina.

D. Estevão Bettencourt resume assim a teoria: . . .0s cristãos foram percebendo que a proibição de fazer imagens no Antigo Testamento tinha o mesmo papel de pedagogo (condutor de crianças destinado a cumprir as suas funções e retirar-se) que a Lei de Moisés em geral tinha junto ao povo de Israel. Por isto, o uso das imagens foi-se implantando. As gerações cristãs compreenderam que, segundo o método da pedagogia divina, atualizada na Encarnação, deveriam procurar subir ao Invisível passando pelo visível que Cristo apresentou aos homens; a meditação das fases da vida de Jesus e a representação artística das mesmas se tornaram recursos com que o povo fiel procurou aproximarse do Filho de Deus14. Assim criaram a idéia de que, nas igrejas as imagens torna­ram-se a Bíblia dos iletrados, dos simples e das crianças, exercendo função pedagógica de grande alcance. E o que notam alguns escritores cristãos antigos: O desenho mudo sabe falar sobre as paredes das igrejas e ajuda grandemente (S. Gregório de Nissa, Panegírico de S. Teodoro, PG 46,73 7d). O que a Bíblia é para os que sabem ler, a imagem o é para os iletrados (São João Damasceno,De imaginibus 1 1 7 PG 94, 1 248c)5 Levando-se em consideração que um dos objetivos da Igreja Católica Romana é ensinar a Bíblia ao povo através das imagens, especialmente aos menos alfabetizados, surge-nos algumas perguntas: Por que se faz culto a elas, se o objetivo é ensinar a Bíblia? Por que após passar dezenas de anos, com milhares de católicos alfabetizados, ainda insistem em cultuar imagem? Se realmente a imagem fosse o livro daqueles que não sabem ler, por que os católicos alfabetizados são tão devotos e apegados às imagens? Será que podemos desobedecer a Bíblia para superar uma deficiência de entendimento? Onde está a base bíblica para esta Teoria da Pedagogia Divina? Será que a encarnação do verbo poderia servir de base para se fazer imagens dos santos e cultuá-los?

A Igreja Católica Romana apresenta basicamente duas fontes para justificar o culto às imagens: a tradição e as opiniões de seus líderes. Em resumo: opinião dos homens. Citam a Bíblia quando existe alguma possibilidade de apoio às suas doutrinas. Esquecem o ensino do famoso clérigo católico romano, Padre Vieira: As palavras de Deus prega­das no sentido em que Deus as disse, são palavras de Deus; mas pregadas no sentido em que nos queremos, não são palavras de Deus, antes podem ser palavras do demônio16. A Palavra de Deus condena o culto às imagens.

Os argumentos do catolicismo romano a favor do culto às imagens fazem-nos lembrar de um rei na Bíblia, chamado Saul, que quis agra­dar a Deus com sua opinião, mesmo contrariando frontalmente a Palavra de Deus (1 Sm 15.1-23). O catolicismo romano, de modo semelhante, contrariando a Bíblia, entende que a imagem é o livro daqueles que não sabem ler. O rei Saul, achava que oferecer sacrifícios era melhor, mais lógico, mais correto, mais racional. Acreditava que estava prestando um grande serviço a Deus (1 Sm 15.20-21). Deus, no entanto, o reprovou, dizendo: Tem o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à sua palavra? Obedecer é melhor do que sacrificar, e atender melhor é do que a gordura de carneiros (1 Sm15.22). Deus proíbe terminantemente o culto a ídolos e imagens (Ex 20.1 -6; Lv 26.1; Nm 33.52; Dt.27.15; 2 Rs .21.11; Sl115.3-9; 135.15-18; 1s2.18; 41.29; Ez 8.9-12; Mt4.1 1; At 15.20; 21.25; 2 Co 6.16).

O catolicismo romano ensina o culto à imagem inventando uma teoria, contrária à Bíblia e insiste em dizer que está fazendo isso para ajudar a obra de Deus. Ainda que Saul pensas­se estar prestando um serviço a Deus, como fazem aqueles que prestam culto à imagem da Conceição Aparecida, seu ato foi uma desobediência à Palavra de Deus, e isso é considerado rebelião (1 Sm 15.21-26).A Bíblia diz: rebelião é como pecado de feitiçaria, e a obstinação é como a iniqüidade de idolatria. Por­quanto rejeitaste a palavra do Senhor, ele também te rejeitou... (1 Sm 1 5.2 3).

Prezado leitor, o culto às imagens será sempre uma abominação a Deus. E a marca e a continuidade do paganismo. Cristianismo é a fé exclusiva na obra do Senhor Jesus (Jo.3.1 6; Rm5.8; Ef2.8-9;1 Tm2.5;Tt2.11).E adoração exclusiva a Deus: .. Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás (Mt 4.11; Lc 4.8). O principal de todos os mandamentos é Ouve, á Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor! Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a sua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças (Mc 1 2.29-3Q~ Mt 92 37). Mas vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, pois o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade (Jo 4.23-24).

ENTENDENDO A ESTRUTURA PIRAMIDAL DO CULTO DA IGREJA CATÓLICA

LATRIA - ADORAÇÃO A DEUS

HIPERDU LIA - DEVOÇÃO Á MARIA

DULIA- DEVOÇÃO AOS SANTOS E AOS ANJOS


A Dificuldade do Catolicismo Romano para justificar essa Teoria.

Se os católicos romanos se limitassem a exaltar os heróis da fé, e a propô-los como modelo a ser seguido, não haveria nenhum problema. Assim agem também os cristãos genuínos.

Infelizmente, não é isso que acontece. Por mais que o líderes católicos romanos se esforcem em suas infindáveis apologias ou explicações, elas não passam de tentativas vãs e superficiais. Exemplo dessa tentativa é a teoria de três tipos de devoção: a dulia, a hiperdulia e a latria. Perguntamos: qual a diferença que pode haver entre a dulia e a hiperdulia? Qual a diferença das duas com a latria? A verdade é que os três termos se confundem. Os dois termos (dulia e hiperdulia) podem estar envolvidos com a latria e tudo se torna uma distinção que não distingue coisa alguma. As pessoas que se prostram diante de uma imagem da Conceição Aparecida, ou de São João, ou de São Sebastião ou de Jesus sabem que estão cultuando em níveis diferentes? Para elas não seria tudo a mesma coisa?

Imagine um católico romano bem instruí­do que vai para o culto. Primeiramente ele pretende cultuar São João. Dobra então seus joelhos diante da imagem de São João e pratica a dulia. Depois, irá prestar culto a Maria, deixando, nesse momento, de praticar a dulia e passando a praticar a hiperdulia. Finalmente, com intenção de cultuar a Deus, ele começa a praticar a latria.

Não acreditamos que o povo católico ro­mano saiba diferenciar a dulia, a hiperdulia e a latria, e mesmo que soubesse diferenciá-las, dificilmente conseguiria respeitar os limites de cada uma.

Qual é a diferença?

Adoração e Veneração. Há diferença entre adorar e prestar culto? Se prostrar-se diante de um ser, dirigir-lhe orações e ações de graça, fazer-lhe pedidos, cantar-lhe hinos de louvor não for adoração, fica difícil saber o que o catolicismo romano entende por adoração. Chamar isso de veneração é subestimar a inteligência humana.

Culto aos santos. Analisando essas práticas católicas à luz da Bíblia e da história, fica claro que são práticas pagãs. O papa Bonifácio IV, em 610, celebrou pela primeira vez a festa a todos os santos e substituiu o panteão romano (templo pagão dedicado a todos os deuses) por um templo cristão para que as relíquias dos santos fossem ali colocadas, inclusive Maria. Dessa forma o culto aos santos e a Maria17 substituiu o culto aos deuses e as deusas do paganismo.

Maria é deusa para os católicos? Os católicos manifestam um sentimento de profunda tristeza quando afirmamos que Maria é reconhecida como deusa no catolicismo. Dizem que não estamos sendo honestos com essa declaração, mas os fatos falam por si mesmos.O livro Glórias de Maria, publicado em mais de 80 línguas, da autoria de Afonso Maria de Ligório, canoniza­do pelo Papa, atribui à Maria toda a honra e toda a glória que a Bíblia confere ao Senhor Jesus Cristo. Chama Maria de onipotente, além de mencionar outros atributos divinos:

Sois onipotente, á Maria, visto que vosso Filho quer vos honrar, fazendo sem demora tudo quanto vós quereis18. .Os pecadores só por intercessão de Maria obtém o per­dão19..., O mãe de Deus vossa proteção traz a imortalidade; vossa intercessão, a vida20. Em vós, Senhora, tendo colocado toda a minha esperança e de vós espero minha salvação, . . . Maria é toda a esperança de nossa salvação, acolhei-nos sob a vossa proteção se salvos nos quereis ver; pois só por vosso intermédio esperamos a salvação21.

Os querubins. A passagem bíblica dos querubins do propiciatório da arca da aliança (Êx 25.18-20), advogada pelos teólogos católicos romanos, não se re­veste de sustentação alguma, pois não existe na Bíblia uma passagem sequer em que um judeu esteja dirigindo suas orações aos querubins, ou depositando sua fé neles, ou lhes pagando promessas. Esse propiciatório era a figura da redenção em Cristo (Hb 9.5-9). A Bíblia condena terminantemente o uso de imagem de escultura como meio de cultuar a Deus (Êx 20.4, 5; Dt 5.8,

9). O culto aos santos e a adoração à Maria, à luz da Bíblia, não apresentam o catolicismo romano como religião cristã, mas como idolatria (1 Jo 5.21). Jesus disse:

Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás (M t 4.10). O anjo disse a João: Adora somente a Deus (Ap .19.10; 22.9). Pedro recusou ser adorado por Cornélio (At.10.25,26).

Embora a Igreja Católica Apostólica Romana tenha declarado que a imagem de barro da Conceição Aparecida seja a Padroeira e Senhora da República Federativa do Brasil, consagrando o dia 12 de outubro a esse culto estranho às Escrituras Sagradas, os cristãos evangélicos, alicerçados na autoridade da Bíblia Sagra­da, declaram como Paulo: E toda língua confesse que JESUS CRISTO E O SENHOR, para glória de Deus Pai(Fl 2.11).


Notas:

1 Aparecida, Capital Mariana do Brasil. Autor Professor. Oswaldo Carvalho Freitas, Editora: Santuário. Aparecida-SP p.85.

2 História de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Autor: Júlio j.

Brustoloni, Editora: Santuário. Aparecida-SP p. 20

3 Mesmo livro citado, p. 20-21 — nota de rodapé 5.

4 Mesmo livro citado, p. 21 — nota de rodapé 6.

5 Mesmo livro citado, p. 21-22.

6 Mesmo livro citado, p. 43.

7 Mesmo livro citado, p. 346.

8 ldem — p. 347.

9 Dicionário Aurélio de Holanda Ferreira.

10 Enciclopédia de Norman Champlin e Paulo-SP. Vol 3, p. 206.

11 O Culto a Maria Hoje. Autores: Vários. Sob a direção de Wolfgang Beinert. Editora: Paulinas. São Paulo-SP p.33.

12 O mesmo livro citado. p. 33.

13 O mesmo livro citado. p. 33.

14 Diálogo Ecumênico. Autor: Estevão Bettencourt . Editora: Lúmen Caristi. Rio de Janeiro-Ri. p. 231.

15 Mesmo livro citado, p. 232.

16 Sermões. Autor: Padre Antonio Vieira. Editora: Lello & Irmãos. Porto —Portugal.

1 7 Atlas Histórico do Cristianismo. Autora: Andréa Dué. Editoras: Santuário / Vozes. São Paulo-SP p.72.

18 Glórias de Maria. Autor: Afonso Maria de Ligório. Editora: Santuário. Aparecida-SP p. 100

19 Mesmo livro citado, p.76.

20 Mesmo livro citado, p.2’7.

21 Mesmo livro citado, p.l47.

Fonte: Revista Defesa da Fé

Desvendando os Segredos do Candomblé


Joaquim de Andrade

I - Introdução


O enorme crescimento das religiões mediúnicas no Brasil, nos últimos anos, tráz á reflexão uma série de temas que não podem passar despercebidos. O Candomblé, em especial, tem atraído a atenção de uma variada gama de estudiosos, para não mencionar o fato de que começa a fazer novos adeptos, cada vez mais, nas camadas mais letradas - onde sempre se localizou o preconceito.

O Candomblé, ao lado de outras correntes espirituais, propicia um contato mais aberto com o que a Bíblia denomina: demônios, espíritos das trevas. Podemos observar sua influência na cultura brasileira, basta visitarmos os museus da Bahia, ou observarmos os blocos carnavalescos, a cantigas de roda (samba lele tá doente, tá com a cabeça quebrada...) etc.


II - Entre duas Correntes

Entende-se como cultos afro-brasileiros duas correntes principais, o Candomblé e a Umbanda. Um é a religião africana trazida pelos negros escravos para o Brasil e aqui cultuada em seu habitat natural (onde não era apenas um, mas uma série de diferentes manifestações especificas de cada região), diferenças essas acentuadas pela várias regiões do seu país de origem. Outra é uma religião nova, desenvolvida no Brasil como a síntese de um processo de sincretismo das mais diferentes fontes, que vão do catolicismo, passando pela macumba, pelo Kardecismo, e até pôr cultos tipicamente indígenas. Assim, dentro das duas diferentes correntes básicas, uma série de subcorrentes se manifesta, dando origem a significados às vezes amplamente diversos para o mesmo culto (no final das contas tudo é espiritismo, e provem da mesma fonte: o diabo).


III - As Origens do Candomblé


Com a colonização do Brasil faltaram braços para a lavoura. Com isso, os proprietários da terra tentaram subjugar o índio pensando em empregá-lo no trabalho agrícola. Entretanto, o índio não se deixou subjugar, o que levou os colonizadores a voltarem-se para a África em busca de mão-de-obra para a lavoura. Começa assim um período vergonhoso da História do Brasil, como descreve o poeta Castro Alves em suas poesias ‘Navio Negreiro” e “Vozes D`África

“Acredita-se que os primeiros escravos africanos chegaram ao primeiro mundo já 1502. Provavelmente, os primeiros carregamentos de escravos chegaram em Cuba em 1512 e no Brasil em 1538 e isso continuou até que o Brasil aboliu o tráfico de escravos em 1850 e na Espanha finalmente encerrou o tráfico de escravos para Cuba em 1866. A maioria do três milhões de escravos vendido à América Espanhola e o cinco milhões vendidos ao Brasil num período de aproximadamente três séculos, vieram da costa ocidental da África.

Era muito cruel o tratamento imposto aos escravos desde o momento da partida da África e durante a viagem nos navios chamados “tumbeiros”, que podia se estender a cerca de dois meses. Os maus tratos continuariam depois, para a maioria deles até a morte. Edson Carneiro informa que o tráfico trouxe escravos de três regiões: da Guiné Portuguesa, do Golfo da Guiné (Costa da Mina) e de Angola, chegando até Moçambique. Os africanos chegaram divididos em dois grupos principais: sudaneses (os de Guiné e da Costa da Mina) e os bantos (Angola e Moçambique). Os da Costa da Mina desembarcavam na Bahia, enquanto que os demais eram levados para São Luís do Maranhão, Bahia, Recife e Rio de Janeiro, de onde se espalhavam para outras regiões do Brasil, como litoral do Pará, Alagoas, Minas Gerais e São Paulo.

A presença do orixá é necessária tanto na Umbanda como no Candomblé. É de origem africana que foram trazidos pelos negros escravizados. Seu culto é a essência do Candomblé, e foi mantido vivo no Brasil. O continente africano, na época das grandes levas de escravos, era ainda mais fragmentado politicamente do que hoje. O conceito de nação ou Estado, em seu significado mais restrito, não encontra correspondente na realidade geopolitica africana desse período. Diversas nações de tribos fragmentavam qualquer idéia de unidade cultural, ainda que, cercada pela selva, muitas dessas comunidades nunca entraram em contato nem tiveram notícia da existência de outras. Isto resulta numa grande diferença de culto de região para região, onde os nomes de um mesmo orixá são absolutamente diferentes.

No Brasil, porém, pode-se notar um culto predominante do ritual e das concepções iorubá - um povo sudanês da região correspondente à atual Nigéria, que dominou e influenciou politicamente e culturalmente um grande número de tribos. Esse culto se estendeu pôr toda a América, com exceção (se bem que há notícias do estabelecimento cada vez maior destes cultos) da América do Norte, com maior destaque para Cuba e Brasil.


IV - Os Orixás e Outras Entidades no Candomblé

1 - Quem São os Orixás


De acordo com o Dicionário de Cultos Afro-Brasileiros de Olga Cacciatore, os orixás são divindades intermediárias entre Olorum (o deus supremo) e os homens. Na África eram cerca de 600 - para o Brasil vieram talvez uns 50, que estão reduzidos a 16 no Candomblé, dos quais só 8 passaram para à Umbanda. Muitos deles são antigos reis, rainhas ou heróis divinizados, os quais representam as vibrações das forças elementares da Natureza - raios, trovões, tempestades, água; atividades econômicas, como caça e agricultura; e ainda os grandes ceifadores de vidas, as doenças epidêmicas, como a varíola, etc.


2 - Origem Mitológica dos Orixás


Quanto à origem dos orixás, uma das lendas mais populares diz que Obatalá (o céu) uniu-se a Odudua (a terra), e desta união nasceram Aganju (a rocha) e Iemanjá (as águas). Iemanjá casou-se com seu irmão Aganju, de quem teve um filho, chamado Orungã. Orungã apaixonou-se loucamente pela mãe, procurando sempre uma oportunidade para possuí-la, até que um dia, aproveitando-se da ausência do pai, violentou-a. Iemanjá pôs-se a fugir, perseguida pôr Orungã. Na fuga Iemanjá caiu de costas, e ao pedir socorro a Obatalá, seu corpo começou a dilatar-se grandemente, até que de seus seis começaram a jorrar dois rios que formaram um lago, e quando o seu ventre se rompeu, saíram a maioria dos orixás . Pôr isto Iemanjá é chamada “a mãe dos orixás”.3. Os Orixás e o Sincretismo

O sincretismo religioso é também um aspecto significante dos cultos afros. Sincretismo é a união dos opostos, um tipo de mistura de crenças e idéias divergente. Os escravos não abriram mão de seus cultos e suas divindades. Devido a um doutrinamento imposto pelo catolicismo romano, os africanos começaram a buscar na igreja, santos correspondentes aos seu orixás. Muitos dos orixás nos cultos afros encontrará no Catolicismo um santo “correspondente “ - pôr exemplo:

Exu - diabo

Iemanjá - Nossa Senhora

Ogum - São Jorge

Iansã - Santa Bárbara

Iemanjá - Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora da Imaculada Conceição

Oxóssi - São Sebastião

Oxalá - Jesus Cristo - Senhor do Bonfim

Omulú - São Lázaro

Ossain - São Benedito

Oxumaré - São Bartolomeu

Xango - São Jerônimo


4. As Outras Entidades

Também presentes nos cultos afros-brasileiros estão espíritos que representam diversos tipos de humanos falecidos, tais como: caboclos (índios ), pretos-velhos (escravos), crianças, marinheiros, boiadeiros, ciganos, etc.


V - Considerações à Luz da Bíblia

1. A Questão Histórica: Verdade ou Mito?


a.) Nos cultos afros. Ao analisarmos os cultos afros, uma das primeiras coisas que observamos é a impossibilidade de se fazer uma avaliação objetiva sobre a origem dos orixás. Existem muitas lendas que tentam explicar o surgimento dos deuses do panteão africano, e estas histórias variam de um terreiro para o outro e até de um pai-de-santo para o outro. Não há possibilidade de se fazer uma verificação científica ou arqueológica; não há uma fonte autoritativa que leve a concluir se os fatos aconteceram mesmo ou se trata-se somente de mitologia, sendo difícil uma avaliação histórica dos eventos relatados.

b. No cristianismo. Ao contrário, a Bíblia Sagrada resiste a qualquer teste ou crítica, sendo sua autenticidade provada pela arqueologia (alguém já disse que cada vez que os arqueólogos abrem um buraco no Oriente é mais um ateu que sepultamos no Ocidente), pela avaliação de seus manuscritos (existem milhares deles espalhados em museus e bibliotecas do mundo), pela geografia, história, etc. Toda informação relevante para a fé no cristianismo tem que estar baseada nas Escrituras. É impossível encontrar no Cristianismo cinco a dez versões diferentes sobre a vida dos profetas ou qualquer personagem bíblica.


2. O Relacionamento com Deus


a.) Nos cultos afros. Um fato que devemos considerar é a posição tradicionalmente dada aos orixás nos cultos afros como intermediários entre o deus supremo (Olorum) e os homens. (No Catolicismo Romano, Maria recebe também o título de intermediária). Além disso, os filhos-de-santo, uma vez comprometidos com os orixás, vivem em constante medo de suas represálias.

Não pode ser esquecido também que os filhos-de-santo, uma vez comprometidos com os orixás, vão viver em constante medo de suas represálias ou punições. Note um trecho de uma entrevista no livro de Reginaldo Prandi:

“O Pesquisador - Gostaria de perguntar só seguinte: desde que há regras, quando a regra é quebrada, quem pune essa ação?

“Mãe Juju - O próprio santo, ou a mãe-de-santo : Olha você não venha mais aqui, não venha fazer isto aqui que esta errado, quando você estiver bêbado, ou quando você estiver bebendo, não venha mais dar santo aqui, não venha desrespeitar a casa”.

“O Pesquisador - Como é a punição do orixá? Será que eu poderia resumir assim: doença, morte, perda de emprego, perder a família, ficar sem nada de repente e sem motivo aparente, enlouquecer, dar tudo errado, a própria casa-de-santo desabar, isto é, todo mundo ir embora...?

“Todos - Isso”

Além do constante medo de punições em que vive o devoto do orixá, ele deve ainda submeter-se a rituais e sacrifícios nada agradáveis a fim de satisfazer os deuses.

b.) No cristianismo. Escrevendo a Timóteo, Paulo declara: “Porque há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem”. (I Timóteo 2:5)/. É somente pela obra redentora do Calvário que somos reconciliados com Deus (Efésios 2:11-22). Temos um Pai amável que conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó (Salmos 104:14). Deus não nos deu o espírito de medo (II Timóteo 1:7), e o cristão não é forçado a seguir a Cristo, mas o faz espontaneamente (João 6:67-69). A Bíblia diz que aquele que teme não é perfeito em amor, pois no amor não há temor (I João 4:18). Ainda que haja fracassos na vida do cristão, ele não precisa ter medo de Deus, pois Ele é grandioso em perdoar (Isaías 55:7), e que temos um sumo-sacerdote que se compadece de nossas fraquezas (Hebreus 4:15). Este é, de maneira bem resumida, o perfil do Deus da Bíblia - bem diferente dos orixás, que na maioria das vezes, são vingativos e cruéis com seus “cavalos”.


3. O Sacrifício Aceitável

a.) Nos cultos-afros. Ao evangelizar os adeptos dos cultos- afros, é necessário conhecer também o significado do termo “ebó”. De acordo com Cacciatore, ebó é a oferenda ou sacrifício animal feito a qualquer orixá. Às vezes é chamado vulgarmente de “despacho”, um termo mais comumente empregado para as oferendas a Exú (um dos orixás, sincretizado com o diabo da teologia cristã), pedindo bem ou mal de alguém.

b.) No cristianismo. Precisamos lembrar o que o apóstolo Paulo tem a dizer sobre isto: “Antes digo que as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios, e não a Deus. E não quero que sejais participantes com demônios. Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios”(I Coríntios 10:20_21). Os sacrifícios de animais no Antigo Testamento apontavam para o sacrifício perfeito e aceitável de Jesus Cristo na cruz. A Bíblia diz em Hebreus 10:4: “Porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados. Somente Jesus pode fazê-lo, pois ele é o “cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”(João 1:29). “Sem derramamento de sangue não há remissão de pecados”(Hebreus 9:22), e o “sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo o pecado”(I João 1:7). Concluímos esta parte com Hebreus 10:12: “Mas este (Jesus), havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, está assentado para sempre à destra de Deus.”


4. Encarando a Morte

a.) Nos cultos afros: Ao dialogar com os adeptos dos cultos-afros - principalmente do Candomblé - alguém se cientifica de que os orixás têm medo da morte (quem menos tem medo da morte é Iansã). Quando um filho ou filha-de -santo está próximo da morte, seu orixá praticamente o abandona. Esta pessoa já não fica mais possessa, pois seu orixá procura evitá-la.

b.) No cristianismo. Isto é exatamente o contrário do que o Deus da Bíblia faz. Suas promessas são sempre firmes. “Não te deixarei, nem te desampararei”(Hebreus 13:5). O salmista Davi tinha esta confiança em Deus ao ponto de poder dizer. “Ainda que eu andasse na sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam: (Salmos 23:4). Nosso Deus não nos abandona em qualquer momento de nossas vidas, e muito menos na hora de nossa morte. Glória a Deus!5. Salvação e Vida Após a Morte

a.) Nos cultos afros. Nestas religiões o assunto de vida após a morte não é bem definido. Na Umbanda , devida à influência kardecista, é ensinada a reencarnação. Já o Candomblé não oferece qualquer esperança depois da morte, pois é uma religião para ser praticada somente em vida, segundo os seus defensores. Outros pais-de-santos apresentam idéias confusas, tais como: “quando morre, a pessoa vau para a mesa de Santo Agostinho”ou “vai para a balança de São Miguel.”

b.) No cristianismo. A Bíblia refuta claramente a doutrina da reencarnação (ver Hebreus 9:27; :Lucas 16:19-31)./ Ela ensina que, para o cristão, estar ausente do corpo é estar presente com o Senhor (II Coríntios 5:6). O apóstolo Paulo afirma que a nossa cidade está no céu (Filipenses 3:20), e que para os cristãos há um reino preparado desde a fundação do mundo (Mateus 25:34)


6. A Verdadeira Liberdade

a.) Nos cultos afros. Freqüentemente, as pessoas tem medo de deixar os cultos afros para buscar uma alternativa. Foi-lhes dito que se abandonarem seus orixás (ou outros “guias”) e não cumprirem com suas obrigações, terão conseqüências desastrosas em suas vidas.

b.) No cristianismo. Entretanto, isto não é verdade. Estas pessoas podem sair e encontrar a liberdade e uma nova vida em Cristo, como é o caso de Helena Brandão (Darlene Glória) e de muitos outros. A Bíblia diz que “Para isto o Filho de Deus se manifestou; para desfazer as obras do Diabo ( João 3:8; veja ainda Números 23:23; Lucas 10:19; João 8:32-36 e I João 4:4; 5:18).


VI - Conclusão


Pela graça e misericordia de Deus temos visto muitas pessoas abandonando os cultos afros e se entregando a Jesus, como no caso da irmã Nadir que foi 19 anos mãe-de-santo e hoje pode testemunhar da verdadeira liberdade que Jesus oferece a todos os adeptos do Candomblé e Umbanda, Foi isso também o que aconteceu com Georgina Aragão dos Santos, ex-mãe-de-santo. Sua transformação foi contada pelo bispo Roberto McAlister, da Igreja de Nova Vida, no Rio de Janeiro, no livro Mãe-de-Santo.” Ao nascer, foi marcada com quatro cortes de faca no braço direito. A parteira que a marcou, uma africana do Candomblé, ainda fez a declaração: “Esta menina tem de ser mãe-de-santo. Não poderá fugir nunca a esse destino”. Aos nove anos de idade teve o seu primeiro contato com o Candomblé. Veio depois a iniciação, tornando-se mais tarde mãe-de-santo e cartomante. Envolveu-se também com a Umbanda. Pôr muitos anos, viveu experiências incríveis e até mesmo repugnantes impostas pelos guias. O encontro com Cristo, a libertação, a paz e a alegria do Espírito Santo tornaram-se realidade em sua vida quando passou a ouvir a Palavra de Deus no auditório da A.B.I. no centro do RJ. Ainda bem que Nadir e Georgina não são as únicas,, pois são inúmeros os casos de pessoas que passaram muito tempo escravizadas pelos guias e orixás e hoje levam uma vida feliz com Jesus.


Outras fontes:

Dr. Paulo Romeiro

Perfect Liberty



Prof. Paulo Cristiano

Mishirassê, Hoshô, Mioshiê, Makoto, você as conhece? Creio que não! Esses são vocábulos japoneses que para nós não possuem nenhum significado especial, mas que para certo grupo religioso é o divisor de águas entre o caos e a harmonia, a morte e a salvação, a benção e a maldição. Estamos falando da seita japonesa conhecida como Perfect Liberty.
O nome "Perfect Liberty" significa "Perfeita Liberdade" e as suas iniciais formam a sigla da Instituição - "PL".

Antes de adentrarmos ao exame desta religião gostaria de chamar a atenção para o verdadeiro foco da questão, isto é, o real motivo da PL estar sendo pesquisada. É que de vez em quando somos interpelados, por adeptos de algumas destas seitas japonesas, do porquê questionarmos suas doutrinas. Ora, não se trata de julgamento e tampouco perseguição ou preconceito. Quem pensa assim desconhece o verdadeiro objetivo da apologética cristã. O que ocorre é que a PL posa não como uma simples religião, mas "a religião", "a verdade" e por vezes faz reivindicações que vai além de um movimento que prega uma simples filosofia de vida como veremos no desenrolar do texto. É óbvio que com tais confissões mirabolantes como estas, é justo que tal movimento deva ser investigado para que se possa averiguar objetivamente a veracidade de suas declarações. A matéria a seguir é justamente isto, um confronto das doutrinas peelistas com os ensinamentos cristãos legado por Jesus Cristo à humanidade; levando em consideração o axioma que pressupõe que duas verdades não podem coexistir quando ambas estão bilateralmente oposta uma à outra. Somente uma delas é verdadeira, no caso em questão a PL ou o Cristianismo.
Isto posto adentremos à análise crítico-teológica das doutrinas e práticas da religião Perfect Liberty.

HISTÓRICO

A Instituição Religiosa Perfect Liberty - PL foi fundada no dia 29 de setembro de 1.946, na cidade de Tossu, no Japão.
A PL nasceu com base na religião " Mitakekyo-Tokumitsu Daikyokai" fundada em 1.912, sob os ensinamentos de Tokumitsu Kanada, ex-monge budista da seita Shingon, nascido em 1.863 na cidade de Yao, Osaka. Kanada diz ter recebido a iluminação de "uma verdade" para fundar sua seita.
O Primeiro Kyosso da PL, Tokuharu Miki após largar o zen-budismo (sua antiga seita antes de fundar a PL) torna-se discípulo de Kanada. Com a morte deste, obedecendo ao seu testamento, Miki que já era seu sucessor, planta uma árvore no local de seu falecimento, zelando como morada de Deus, orando perante ela todos os dias. Após cinco anos, diz ter sido contemplado com a iluminação recebendo de Mioyaookami, mais três preceitos que juntando aos 18 que lhe foram transmitidos por Kanada , perfizeram os 21 preceitos sagrados da PL.
Em 1925 estabelece a Igreja "Hito-No-Michi" (Caminho do Homem).
Após uma perseguição religiosa no Japão, a " Hito-No-Michi" foi fechada e seus dirigentes presos sob a acusação de lesa majestade. Em 9 de outubro de 1.945, com o término da Segunda Grande Guerra, foi libertado. No ano seguinte no dia 29 de Setembro, Toruchira Miki , filho de Tokuharu Miki, II Patriarca, mudou o nome da seita para "Instituição Religiosa Perfect Liberty". A escolha do nome sem dúvida foi um "reflexo" deste acontecimento.
A "Sede Eterna" ou como costumam denominar "Terra Sagrada" da PL encontra-se atualmente em Tondabayashi próxima a Osaka , no Japão. Afirmam que possuem milhões de adeptos em todo o mundo. Os verdadeiros seguidores precisam tomar parte numa caravana religiosa pelo menos uma vez até esta sede para comemorar a memória do primeiro patriarca.
No Brasil a PL teve início em 16 de fevereiro de 1958 com a chegada em 24 de março de 1957, do Assistente de Mestre Ryozo Azuma e se espalhou principalmente entre as colônias japonesas. Somente no Brasil , a PL tem mais de trezentos mil adeptos espalhados nas suas 200 sedes sendo que destes, 95% é de procedência não japonesa.

O PERFIL PEELISTA

À primeira vista a PL não apresenta nada demais, dá a impressão que seus ensinamentos são apenas mais uma filosofia de vida, pois só falam de coisas boas e positivas. Tanto é que em alguns lugares foi considerada como utilidade pública.
Este é um aspecto positivo que merece nosso louvor.
Contudo, a verdadeira questão se encontra em outro patamar. É que ao aprofundarmos num exame mais detalhado percebemos que a PL reivindica ser muito mais que mera religião ou filosofia.
Como as demais seitas japonesas acreditam que cada religião teve "uma verdade" ou iluminação para sua época e que agora na época atual Deus enviou a PL para salvar a humanidade. É uma religião relativista de auto-salvação e com forte influência do budismo e Xintoísmo.

Dizem: "A fundação da PL, significa o fim das superstições e ilusões da humanidade, sendo aberto um caminho verdadeiro para o ser humano trilhar" (Revista PL 30 Anos pág. 32)

"pois este é o caminho que sobrepõe a época, a raça, o credo e a ideologia para felicitar todos os seres humanos, indistintamente. É o caminho que todos os homens devem conhecer..." (Boletim Assistente de Mestre nº 20 julho/agosto de 1996 pág. 3)

A PL se diz ecumênica, seu líder atual é Conselheiro Honorário da Liga das Novas Religiões do Japão e Presidente Honorário da Federação das Religiões Japonesas. Mas apesar deste perfil ecumênico (Folheto 'Vida é Arte' - verso), acreditam, contudo que só a PL possui o caminho para a verdadeira salvação:
"Excluindo o ensinamento da PL, nenhum outro é capaz disso [...] A não ser o ensinamento peelista, não existe nenhum outro que possa fazer com precisão essa orientação individual" (Instruções para a Vida Religiosa PL pág. 186)

"Ao observar as religiões tradicionais, sob vários aspectos, não posso concordar com absolutamente nada." (Boletim Assistente de Mestre nº 008 - 1983)

Cabe aqui um comentário oportuno: é que com essa filosofia Jesus Cristo e de resto todo o cristianismo é considerado ultrapassado para nossa época. Isso se choca frontalmente com o que disse Jesus sobre suas palavras, as quais afirmou: nunca iriam passar (Mt. 24.35), pois Ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente (Heb. 13.8).

Continuando, a PL baseia toda a sua crença em 21 preceitos. Seu lema é viver na "perfeita liberdade", isto é, sem reprimendas de sentimentos ou expressão. Um dos objetivos da seita é levar as pessoas ao caminho da felicidade através dos ensinamentos dos fundadores pela expressão do próprio "eu" preparandoA PL possui várias literaturas, mas o principal livro, considerado como de cabeceira (praticamente a bíblia deles), chama-se "Instruções para a Vida Religiosa PL". São 21 instruções falando sobre gratidão, espírito de reclamação, teimosia, preocupação, cobiça, saber utilizar os cinco sentidos, não magoar os outros, etc.Coisas óbvias, que a Bíblia cita há milhares de anos. Mas nessas instruções, as soluções são sempre as colocações do ponto de vista peelista. As 3 últimas instruções, principalmente, não tem nenhum fundamento cristão: só se referem à gratidão que precisamos ter para com a PL.

A ORGANIZAÇÃO

A PL possui vários departamentos internos como Depto. de senhoras, juventude, divulgação etc...
A divisão administrativa compreende as regiões as quais englobam distritos. Estes coordenam as igrejas, sedes e locais de expansão. Cada um desses setores é dirigido por um mestre regional ou distrital, ou mestre chefe de igreja.
A seita obedece a uma hierarquia definida: no topo do comando está o patriarca. Ele é o responsável pela Instituição, é o instrutor, o líder máximo dentro da seita.
Depois vem os mestres e assistentes de mestres. Enquanto os primeiros se dedicam integralmente às atividades da instituição, os últimos via de regra continuam suas atividades profissionais normais.

Cerimônias

A PL possui várias cerimônias importantes, divididas em anuais e mensais.

Cerimônias anuais:

1. Cerimônia de ano novo (1º de janeiro)
2. Cerimônia de Kiosso-Sai (1º de agosto)
3. PL-Sai (29 de setembro dia de fundação da PL)
4. Cerimônia de Aniversário Natalício do patriarca (2 de dezembro)

Cerimônias mensais:

1. Dia da paz (1º de cada mês)
2. Dia dos antepassados (11 de cada mês)
3. Dia de agradecimento (21 de cada mês)


O PATRIARCA

O Patriarca da PL é chamado de Oshieoyá-Samá, que nesta geração dizem estar representado por Takahito Miki o terceiro fundador.

Apesar de declararem que Takahito ocupa a posição de "um ser humano e não Deus." Porém, acreditam que ele "está num estado que pode ser chamado de "Estado Uno a Deus", considerado o único intermediador entre Deus e os homens, "representa Deus perante os homens".

A bem da verdade, na prática, ele se transforma num semi-deus dentro da seita e seus adeptos o consideram o centro de sua fé.
Quem entra numa sede da PL pode verificar facilmente que na parede acima do altar fica o Omitamá e à direita fica um retrato do patriarca, ao qual prestam agradecimentos pelas graças alcançadas.
O tratamento que dão a ele ultrapassa a simples reverência dada a um líder.
Seus adeptos não fazem questão de esconder as lisonjas dispensadas a este homem que é praticamente idolatrado dentro da instituição.
Para melhor comprovação observe as reivindicações feitas pelo patriarca da PL:

Fonte da Verdade -"Oshieoyá-Samá é também uma pessoa que esclarece todas as verdades conforme a necessidade do momento, baseando-se no ponto de vista "Vida é Arte"... Em outras palavras, Oshieoyá-Samá é a fonte da Verdade."

Centro da Fé - "Sim, na PL é tudo assim. Tudo envolve e gira em torno de Oshieoyá-Samá" (Hoshi-in - nº 1 - out./nov./dez. - 1996, pág.2)

Fundamento da PL - "Sem Oshieoyá-Samá a existência da PL é inconcebível" (Instruções para a Vida Religiosa PL pág. 186)

Digno de veneração - dizem que precisam "Ter fé em Oshieoyá-Samá e veneração por ele"

Alicerce espiritual - "Em outras palavras, não é exagero dizer que, se não nos basearmos em Oshieoyá, nós peelistas, perderemos o apoio espiritual." (Boletim Palavras do Mestre nº 109 31/07/88)

Salvador - "A obra sagrada do patriarca é de "salvar pessoas e, através delas, melhorar a vida na sociedade." (ibdem p. 4)

Mediador - "Para os que estão nessa situação, Oshieoyá-Samá abre o caminho de 'Pedido de Perdão'" (Revista PL 30 Anos pág. 42)

"E quem nos ensina o sentimento divino, quem nos transmite a vontade de Deus é Oshieoyá-Samá" (Instruções para a Vida Religiosa PL pág. 195)

Sacrifica-se pela humanidade - A cura das doenças implica em o patriarca tomar as dores e doenças do adepto em seu corpo e no juramento deste em obedecer seus ensinamentos.

"Oshieoyá-Samá ora a Deus, suplicando a salvação de toda a humanidade, sacrificando-se misericordiosamente. Os atos sagrados tais como: Mioshiê, Oyashikiri e Omigawari concretizam-se através do sacrifício de corpo e alma de Oshieoyá-Samá e da virtude dos Espíritos dos Antecessores da PL. Portanto, através desses atos, nós adeptos aliviamo-nos dos sofrimentos porque Oshieoyá-Samá responsabiliza-se perante Deus por esses nossos sofrimentos." (Boletim Ass. de Mestre Ensinamentos gerais p. 6)

"O motivo do Omigawari ser atendido por Deus, decorre do fato de Oshieoyá-Samá arcar com a responsabilidade perante Deus, durante o dia e a noite, sacrificando o seu corpo.
Diariamente, no mundo inteiro, muitas pessoas estão sendo salvas através do Oyashíkiri e Omigawari. Essas preces surgem no corpo de Oshieoyá-Samá como sofrimentos e vão acumulando-se gradativamente. Na Cerimônia de Agradecimento, Oshieoyá-Samá restitui todos os sofrimentos acumulados no seu corpo e faz o Shikiri para poder retornar ao estado original de pureza física. Nesse momento, Oshieoyá-Samá agradece a Deus por ter podido substituir os adeptos em seus sofrimentos e transmitir os ensinamentos e, ao mesmo tempo, devolve a Deus todos esses sofrimentos físicos acumulados durante o mês e renova o Shikiri no sentido de poder receber novamente os sofrimentos dos adeptos por mais um mês. Isso é o ato sagrado de receber a obra divina de Oshieoyá-Samá." (Manual de Ass. de Mestre p. 27,28)

Como podemos observar Takahito Miki, furta títulos e funções que só pertencem a Jesus Cristo. Jesus é nosso único salvador (At. 4.12), ele sofreu por nossos pecados e enfermidades (Is. 53.4) é o único que transmite a vontade de Deus e perdoa pecados (Heb. 1.1; Mat. 9.6), é o caminho a verdade e a vida (João 14.6).
Contudo, Jesus Cristo deu provas de tudo isso. Quanto ao patriarca da PL, já não podemos dizer o mesmo.
IDOLATRIA, SUPERSTIÇÕES E CRENDICES

A PL não poupa esforços em atacar o que eles consideram as superstições das outras religiões:

"Com o passar do tempo, em muitos casos, equivocaram-se, simplesmente com as pinturas e os ídolos, causando o surgimento de muitas superstições" (Boletim Assistente de Mestre nº 20 julho/agosto de 1996 p. 5)

Contudo, se existe uma religião cheia de crendices e superstições, esta com certeza é a PL. Ao ingressar na seita o adepto recebe um pacote de amuletos de vários modelos, altares, rezas e juramentos que precisam ter e praticar para adquirir proteção tanto, física como espiritual. É flagrante o caráter fetichista da PL. Veja:

Amuletos

Os amuletos na PL tem muita importância como podemos ver nas declarações logo abaixo:

"Trata-se de um protetor físico de quem o usa, foi-lhe inserido o Shikiri para que Deus sempre o acompanhe e proteja...o Amuleto, desde que pratiquemos os ensinamentos, protege-nos mesmo em estado de inconsciência."

"O amuleto é exclusivamente individual, e o Shikiri foi inserido de modo a proteger somente a quem o solicitou. Não terá valor para outra pessoa. E como é utilizável apenas para aquela pessoa, em caso de falecimento, deverá ser purificado através de incineração. Entretanto, se o adepto desejar, poderá solicitar reinserimento para algum parente próximo. Não se deve esquecer disso, principalmente em se tratando de Amuleto Anelar."(Manual de Assistente de Mestre - ensinamentos gerais)

Fora estes há também o "Tesouro da sorte", uma espécie de amuleto, distribuído no início do ano, dentro do qual há a seguinte oração: "Que o portador deste Tesouro da Sorte seja agraciado com a providencia divina do decorrer do ano". Tal amuleto deve ser guardado na carteira do adepto.

Essa tendência animista da Pl a coloca em nível muito inferior ao verdadeiro cristianismo. O trabalho da PL de tentar levar o homem à liberdade tem falhado, posto que ao mesmo tempo lhe promete liberdade, ele se prende ainda mais no ocultismo. Depositar nossa fé em objetos é desvia-la do Deus vivo. Somente Jesus pode libertar a humanidade de tais práticas escravizadoras ensinadas pela PL (João 8.32,36).

Altares e Imagens

A PL possui também um altar para fazer suas rezas o qual denominam de "Omitamá".
Acreditam que através deste objeto os desejos e pedidos dos adeptos serão ouvidos por Deus, abrindo-lhes o caminho da felicidade."
O adepto, logo ao ingressar cultua um Omitamá, chamado "Aramitama" iniciando assim sua vida religiosa. Este altar é sagrado, havendo até cerimônias especiais para entroniza-lo (no lar, loja ou empresa) ou transferi-lo em caso de mudanças.

A maneira de cultuar o Omitamá

1) Entronizar no local mais puro da casa.
2) A base que suporta a redoma de vidro deve estar na mesma altura ou pouco acima dos olhos (para evitar desrespeito).
3) Não entronizar o Omitamá junto a outros altares ou imagens.
4) Não há necessidade de oferecer ao Omitamá, flores ou qualquer outra coisa (procede-se de modo semelhante ao altar da sede).
5) Não se deve entronizá-lo desrespeitosamente sobre estantes ou mesas velhas.
6) proibido abrir as colunas do Omitamá.

Sobre a proteção do Oniitamá

"Através da convicção da fé absoluta que tivermos no Omitamá e por intermédio da virtude do Patriarca, podemos sentir e perceber a resposta evidente ao nosso pedido.Quanto maior a nossa fé no Omitamá, como conseqüência, maior serão as graças divinas."

Acreditam que o Omitamá é a verdadeira imagem de Deus, representa Deus.
Há vários tipos de Omitamás. Há o Omitamá oficial que uma vez introduzido não poderá ser trocado a não ser em caso de mudanças, para desfazer este inconveniente inventaram o omitamá portátil que pode ser transportado dentro do lar. Há também o Omitamá tipo A,B e C considerados especiais.
O tipo B só poderá ser concedido depois que o Kyoto já possui o tipo A, sendo um pouco menor que este, é destinado para aberturas de filiais de empresas.
Já o de tipo C é para carros motorizados de 3 ou 4 rodas, motocicletas, helicópteros, barcos. Para receber o Omitamá tipo C, o adepto não precisa ser Kyoto. Este Omitamá se destina a garantir a segurança do veículo.

Contudo a Bíblia proíbe terminantemente o uso de quaisquer objetos no culto a Deus. Isso que a PL pratica na verdade não passa de idolatria que é condenada pela lei de Deus (Ex. 20.4,5 - Is. 44.17). E oda e qualquer idolatria trás maldição e escravidão para a vida da pessoa. Só Jesus dá a verdadeira liberdade (Gl 5.1)

Palavras mágicas

Os peelistas são levados a crer que "nas cinco sílabas "O-YA-SHI-KI-RI", está inserida, em sua totalidade, a força do poder de salvação da PL." Ao proferi-las, com fé, acreditam poder se livrar da infelicidade e do sofrimento. (Boletim Assistente de Mestre nº 24 março/abril de 1997)
Para receber a prece de Oyashikiri é necessário fazer juramentos para cumprir duas normas;
1. perseverar na prática da fé e devoção peelista até o fim da vida.
2. cumprir sem falta , tudo que for ensinado na PL
Isto porque acreditam que o patriarca arca com os sofrimentos dos pedintes perante Deus.

Corrigindo mais este erro é bom ressaltar que as palavras não possuem nenhum poder mágico. Mas os líderes peelistas procuram persuadir seus adeptos de que tais palavras possuem virtude em si mesmas. Isto é outra forma disfarçada de superstição que é condenada pelas Escrituras. A única palavra que possue poder no mundo é a Palavra de Deus.

TEOLOGIA INCONSISTENTE



À guisa de outras seitas japonesas a PL não possui uma teologia definida. Seus ensinamentos são vagos e ambíguos ou até mesmo contraditórios. Eis alguns conceitos doutrinários vistos pela ótica peelista:

Sobre a vida após a morte.

Apesar de acreditarem na existência dos espíritos a PL não possui uma definição exata sobre a vida após a morte. Dizem:
"As religiões tradicionais, que se proclamam as verdadeiras, asseguram a existência da vida "post-mortem". Eu, porém, acho essa questão um tanto duvidosa." (Boletim Ass. De Mestre nº 008 - 1983)

Contudo a Bíblia Sagrada nos dá uma perspectiva muito mais clara da vida no além (Lucas 16.19-31); e para aqueles que seguem a Jesus, bastante positiva (Lc. 23.43). Mas os adeptos da Pl que confiam em seu patriarca não possuem nenhuma segurança após a morte, pois sua religião é imediatista, para aqui e agora tipo "bebamos e comamos que amanhã morreremos".
Quão diferente Quão diferente é a promessa de Jesus! Além de prover salvação em todos os sentidos nesta vida, ainda promete uma nova vida junto a ele no céu (Jo. 14.1).

Sobre a salvação

A PL é uma religião de auto-salvação onde cada um se redime através de seus próprios esforços com a ajuda de seu fundador. Contudo, o conceito de salvação para a PL não é o mesmo do cristianismo, como já demonstramos sua soteriologia é hedonista, isto é, voltada para a busca da felicidade aqui e agora. Ao morrer a pessoa retorna ao além; não há inferno ou punição, todos são salvos, não sendo levado em conta o que tenham feito aqui na terra, pois pressupõem que todos são filhos de Deus. Por isso salvação implica em ter uma vida livre de sofrimentos mesmo quando falam em salvação "espiritual".

"Ser salvo através da fé religiosa significa, receber o Shikiri de Oshieoyá-Samá" (Manual de Ass. de Mestre - ensina mentos gerais pág. 9)

" Por Oshieoyá-Samá foram esclarecidas as verdades "Vida é Arte" e Mishirassé e Mioshiê" e os homens obtiveram uma salvação verdadeira. Isto não significa salvação somente espiritual ou então física e material, mas sim em ambos os sentidos, ou seja, salvação total como ser humano."

"O ato de receber Oyashikiri é nossa devoção e o caminho para sermos salvos."

É lógico que este tipo de salvação é de origem humana. Nenhum ensinamento, prece ou obras poderá garantir a salvação da humanidade. Ressaltando que o homem possui uma alma que pode se perder eternamente. Sendo assim a Bíblia afirma que Jesus é o nosso único salvador (At. 4.12). Somente Ele foi o escolhido para salvar-nos dos nossos pecados (Mt. 1.21). Se alguém se coloca nessa posição, faz de si mesmo um "anticristo". Somente alguém puro e sem pecados poderia tomar o lugar dos culpados (I Ped. 3.18). Nenhum homem por mais sábio ou abnegado que seja poderá fazer isso, pois todos são pecadores e carecem igualmente da salvação oferecida por Jesus, e o patriarca da PL não é exceção.

Sobre Deus

A doutrina de Deus na PL é ambígua, ora panteísta, ora deísta. Todavia, em algumas declarações encontradas em sua literatura seu panteísmo fica totalmente descoberto:

"Compreendemos que DEUS é a "Fonte", a "Força" que rege o UNIVERSO...Vivemos pois, como parte deste UNIVERSO e, portanto, como parte de Deus..." (Folheto: Vida é Arte - em busca da paz)

"Na PL ouvimos dizer que "Deus é tudo". A sociedade, os fenômenos naturais do planeta, além de todo o mundo espacial juntos, denominamos de Deus." (Boletim de Assistente nº 30 março/abril - 1998 p.5)

"Sobre esta força que concordamos existir, na PL, nós a denominamos de "Mioyaookami" ou, simplesmente, de "Deus"." (Boletim de Assistente nº 30 março/abril - 1998 p.4)

Seja qual for o deus adorado na PL, uma coisa é certa: ele não se preocupa com o ser humano porque afirmam que "Deus em si mesmo é completamente frio" (Boletim Assistente de Mestre nº 10 - 1983)
.
"Alheio às emoções humanas, Ele tão só existe silenciosa e profundamente por toda a eternidade".

O Deus panteísta da PL se fundo com a própria criação, por isso é um deus "frio" que no fundo é um ídolo.
Muito embora saibamos que o verdadeiro Deus é transcendente à sua criação, isso não implica de modo algum que Ele esteja longe de nós como afirma o deísmo. Segundo a Bíblia o Deus verdadeiro, se compadece do seu povo (Ex. 3.7); e está presente em todos os momentos de nossa vida (Mt. 28.20). Apesar dessa imanência ser tão forte a ponto de vir morar dentro de nós (Jo. 14.23), o Deus verdadeiro está fora da criação não se confundindo com ela. Demais disso Deus é uma pessoa e não meramente uma força e como pessoa ele sabe o que se passa dentro do íntimo de outra pessoa. Já o deus da PL não apresenta nenhum dessas características, sendo um deus frio e alheio às emoções humanas. Pergunto: qual a vantagem de um deus assim?
Só Jesus veio revelar-nos o verdadeiro Deus (Jo. 17.3)


DINHEIRO É A SALVAÇÃO

É difícil ouvir dos lábios de um peelista o conceito de que "dinheiro não trás felicidades", isso devido a importância que o dinheiro tem dentro da organização. Na verdade isso se tornou uma importante doutrina entre eles.
A ênfase financeira é tão grande que chega ser obsessiva. Devido a prática financeira em altos valores a maioria das pessoas que ingressam na PL são oriundas da classe média.
Quase tudo na seita envolve cobrança financeira: desde o ingresso (o adepto precisa pagar uma taxa de adesão) até a uma simples prece dada pelo Doshi.
Isso nada mais é que vender orações; não importa os eufemismos que o camuflem sempre vai ser comércio.

"Pergunta: Quando uma pessoa deseja receber Prece de Oyashikiri, mas não tem dinheiro para fazer hoshô, como podemos orienta-la, para que não se afaste ou fique insatisfeito, por não receber a prece?" (Boletim Assistente de Mestre março/abril de 1986 perguntas & respostas)

Na PL existem vários tipos de contribuições, à título de conhecimento eis algumas delas:

Hoshô - é a principal delas. Consiste numa contribuição financeira do adepto à seita.
Mas não pense que isto é apenas uma simples contribuição. Não. A prática do hoshô garante graças espetaculares e infinitas tanto materiais como espirituais. O hoshô não pode ser praticado de qualquer maneira, há todo um ritual de reverencia em cima desta prática. A promessa de retribuição é tentadora, sendo sempre acima de três vezes; pode ser trinta, cem ou mil vezes mais para quem contribui.

Mas para isso o adepto é incentivado a contribuir a todos os momentos do dia. Na prece da manhã assim como na da noite precisa fazer hoshô. Se for aconselhar o filho precisa fazer hoshô. Se for viajar precisa fazer hoshô. Até mesmo para fazer compras e vender algum produto o hoshô é necessário.
Supõe que doando dinheiro para a seita os adeptos adquiram virtudes para uma maneira correta de viver e assim progredir espiritualmente.

Hoshi-in - uma outra contribuição é o Hoshi-in que é uma contribuição destinada à expansão da seita. Só podem ser (ou fazer) de fato Hoshi-in os Kyotos. Existem vários graus de Hoshi-in, quanto maior for o grau (de contribuição) mais o peelista recebe graças.

Bem-ativo financeiro - eGokafu - era um empréstimo que se fazia à PL por um ano sem juros (não é mais praticado)

Com toda essa teologia financeira não é de admirar que muitos afirmam que a PL "é só dinheiro".
"Muitos confundem e dizem que a PL "é só dinheiro". Já ouviram falar disto?" (Palestra - O Ato Sagrado de Hoshô da PL, proferida no Lensei de Comerciantes 17,18 DE julho de 1993 p. 15)

A Bíblia tem muito a dizer sobre dinheiro. O cristianismo não minimiza o benefício do dinheiro quando é empregado de maneira correta através dos dízimos e das ofertas para manutenção da obra de Deus.
Contudo ela condena o amor ao dinheiro (I Tm. 6.10). O dinheiro não trás salvação, proteção espiritual e felicidade como ensina a PL chegando até a cobrar certos tipos de preces. As coisas espirituais não se compra com dinheiro (At. 8.18-20).
Isso só serve para fomentar o enriquecimento ilícito dos líderes que não medem esforços para construírem seus impérios financeiros.


CULTO AOS MORTOS

As três principais seitas japonesas no Brasil Seicho-No-Iê, Messiânica Mundial e a PL praticam o culto aos antepassados, mostrando assim sua faceta xintoísta.
Este culto é muito importante para a felicidade do adepto, pois acreditam que ao morrer, os antepassados podem deixar para seus descendentes uma herança de desvirtudes, que como um tipo de maldição hereditária alcança os membros da família, só sendo tirada quando se presta culto a eles agradecendo e pedindo perdão.
Ao acordar e ao deitar o peelista precisa fazer uma prece contida no seu livro de oração que começa com as seguintes palavras:

"Perante Mioyaookami e os espíritos dos ancestrais de todas as gerações da família..." (Livrete de orações da PL - prece da manhã - individual)

Na PL existem até cultos oficiais para várias ocasiões:
Há duas vezes por ano, duas grandes cerimônias de culto aos antepassados: no 1º domingo de maio e dia 2 de novembro.
Fora estes existe também as cerimônias mensais que compreendem:

1) O culto mensal na capela do Cemitério "Pousada da Paz". Aliás, o cemitério da PL "não foi feito somente com o intuito de guardar os restos mortais, mas sim para cultuar corretamente os antepassados." (O que é Pousada da Paz 03/03/1995)
2) Aos primeiros domingos do mês e,
3) Mensalmente ainda, no dia 11 com cerimônia consagrada aos antepassados" (Revista PL nº 63/Novembro-Dezembro p. 4)

Desta maneira a PL ensina três condições de culto:

1º. Para agradecer-lhes, lembrando o que fizeram, podendo até conversar com eles.
2º. Tomando a decisão de seguir o caminho correto, para acumular virtudes.
3º. Pedindo a proteção deles, em todas as nossas necessidades, aflições ou objetivos." (ibdem)

Como o culto aos mortos é uma parte do segredo para o adepto adquirir boas virtudes e assim viver uma "vida com arte", todos sem exceção precisam cultuar um Omitamá, pois dentro deste objeto acreditam estar os espíritos dos ancestrais.

"Na igreja está entronizado o Omitamá da igreja (indicar o local) no qual foi inserido o Shikiri de Oshieoyá-Samá. Neste Omitamá são cultuados Mioyaookami, os Espíritos dos Antecessores da PL (Kakurioyá-SalTlá e Kyosso-Samá, cultuados como os Espíritos Protetores da PL) e também os espíritos dos ancestrais dos adeptos que aqui freqüentam. Reverenciando o Omitamá da igreja, será purificado tanto física como espiritualmente (rezar com a reverência peelista)." ((Manual de Ass. de Mestre - ensina mentos gerais p. 24)

E pasmem! Eles acreditam que podem transportar a alma da pessoa falecida para dentro deste altar, observe:

"Principalmente, quando do falecimento de algum membro da família, deve ser realizada a Cerimônia de Transladação da alma do extinto, através da qual se translada o espírito da pessoa que faleceu, para o Omitamá de Kyoto. (deve ser efetuado dentro de 24 horas após a morte.)"

Esses são os absurdos de uma religião que promete a liberdade ao ser humano, mas que está presa até ao pescoço no pecado da superstição, feitiçaria e idolatria.
A Bíblia condena este tipo de atitude para com os mortos por diversas razões:
Primeiro porque os mortos não podem voltar ao mundo dos vivos (Lc. 16.26) e não sabem de nada que se passa por aqui (Ec. 9.5).
Segundo, por que invocar espíritos de mortos é feitiçaria, e isto é condenado pela Bíblia (Deut. 18.11; Is 8.19-20)
O único que leva vantagem nisso tudo é o príncipe das trevas que para enganar as pessoas pode até se transformar em anjo de luz (II Co. 11.14).

LITERATURA DA PL



A Editora Vida Artística fica na Rua Dr. Fabrício Vampré, 97 - Vila Mariana - SP. Nas sedes podemos encontrar também os livros e demais publicações.

Livros:

"O Amor" (orientações para casais viverem em harmonia);
"A Expressão da mulher" (orientações para a mulher seguir o caminho da mulher e ser feliz);
"A Arte de educar os filhos" (orientações para os pais orientarem os filhos);
"Vida é arte" (coletânea das orientações diárias que o segundo patriarca enviava aos seus discípulos"; "Dialogando com a juventude" (orientação para jovens, com diversos testemunhos);
"Vença desapegando-se" (ensina o segredo de desapegar-se de tudo para vencer, pois o homem só manifesta o verdadeiro eu, sem ter apego).

Esses livros são de autoria de Tokuchika Miki, segundo fundador.

"Instruções para a vida religiosa PL" traduzido pelo Departamento de Estudos Doutrinários PL.
"Você ainda pode e deve ser feliz" (coletânea de alguns boletins redigidos por Kaor Tanida, que é mestre regional no Rio de Janeiro).
No site da PL você encontra esses boletins explicados, assim como os folhetos "Vida é Arte" (que não têm relação com o livro do mesmo nome).

Nessas literaturas estão contidos os ensinamentos dos patriarcas que supostamente tem o poder de tirar o homem da infelicidade, muitos dos quais não passam de mero ecoar de ensinamentos bíblicos. Contudo Jesus deixou bem claro que somente a Palavra de Deus é a verdade (Jo. 17.17 ; Sl 19-119).
As filosofias e religiões humanas por mais impressionantes do ponto de vista ético e moral que seja não possui virtude para libertar o homem do pecado (Col. 2.8)

CONTRADIÇÕES

São muitas as contradições que se encontra nos ensinamentos da PL. Por exemplo:

A PL aponta o formalismo e as superstições nas outras religiões dizendo:

"As religiões que até hoje existiram terminaram, não sei quando, por se apegar ao formalismo..." (Boletim Ass. De Mestre nº 008 - 1983).
Não obstante se esquece que ela mesma é cheia de formalismos.
É digno de nota que na PL o formalismo é parte integrante de seu culto, essa é uma característica do próprio povo japonês. Existem posições marciais para determinados tipos de preces e juramentos. Por exemplo, para fazer a "cerimônia do chá" há um verdadeiro ritual, pois "quem prepara o chá necessita de um curso e treino intenso para realizar toda a seqüência de movimentos, bem como para realizá-los com delicadeza e precisão." (site)
A forma de ser realizada a prece de oyashikiri, segue um ritual esmerado: o doshi deverá estar paramentado com capa preta, sobrepeliz e chapéu roxos, luvas brancas e portar o seiju (urna esfera dourada, pendurada numa corrente) no pescoço. Ao fazer a reverência, no momento em que fica de mãos postas e pronuncia oyashikiri duas vezes, segura o seiju entre as mãos e faz o pedido de maneira que o solicitante, postado às suas costas, possa ouvir. Há um momento, quando está fazendo a reverência final em que o doshi faz o harai: uma espécie de corte transversal feito do ombro aos quadris: primeiro com a mão direita e depois com a esquerda, entregando tudo nas mãos de Deus e Oshieoyá-Samá. Após o harai, faz os agradecimentos de praxe e volta-se para o solicitante curvando-se e agradecendo.
Se isto não for formalismo tenho para mim então que essa palavra tenha perdido seu sentido usual.

Outra contradição é que o adepto é ensinado a se livrar das desvirtudes e corrigir seus maus pensamentos por obedecer a uma vida rígida religiosa com preces juramentos, makotos etc...
Embora preguem uma impressionante conduta ética, a PL não deixa de fazer jus ao seu caráter extremamente liberal. (Boletim Assistente de Mestre nº 008/1983)
Pergunta: "Nas cerimônias, o Assistente de Mestre é obrigado a usar "Kyofuku" e luvas? Quando está de "Kyofuku" poderá fumar, comer ou beber?

Resposta: Enquanto está usando as vestes sagradas, deve respeita-las, não fumando, não indo ao sanitário, não bebendo...Fora disso, tirar antes a veste sacra.(Boletim Assistente de Mestre março/abril de 1986 perguntas & respostas)
O caso é que muitos mestres bebem cerveja, fumam etc... Isso é contradição! É coar um mosquito e deixar passar um camelo.

Também enquanto que por um lado ensinam que a mulher está em pé de igualdade com o homem, por outro acreditam que há um caminho para o homem e outro para a mulher. A figura feminina na PL segue os moldes da cultura japonesa, ou seja, a mulher sujeita-se ao marido em tudo, é uma figura passiva. São incentivadas a receber percepção divina para saberem o que seus maridos desejam não lhes cobrando nada, aceitando passivamente a atitude do esposo. Por exemplo alguns mioshiês dados pelos mestres ensinam que se o marido é alcoólatra e diariamente vai beber no botequim, a esposa deve procurar servir-lhe bebida em casa, aceitando o marido e seus vícios e dispensando gentileza, acreditam que com isso ele largará a bebida e se voltará para ela. Se o marido arruma uma amante, a esposa não deve questiona-lo, mas ajuda-lo a se arrumar para sair com a outra.

Vocabulário:

Alguns termos e citações mais relevantes na PL:

Mishirassê - "é um aviso divino que surge quando manifestamos sentimentos errôneos".
Oyashikiri - não tem significado próprio "é a prece da PL para se obter graças.
Oshieoyá -Samá - significa Pai dos Ensinamentos é o patriarca da PL que dizem estar representado nesta geração por Takahito Miki
Hoshô - oferta em dinheiro colocada em um envelope (existe 1 para se praticar no lar e outro na igreja), também destinada às obras de expansão "para salvar milhões de pessoas".
Shikiri = tomar decisão, postura, palavra. Em relação ao patriarca pode ter o significado de benção.
Mioshiê = orientações dadas pelos mestres. Quando um peelista recebe um mishirassê ele pede uma orientação que é enviada ao Japão. Em resposta, ele recebe o mioshiê, que aponta as falhas na sua conduta que podem ter contribuido para o problema. Praticando as orientações todos os problemas ficam resolvidos.
Mishirassê = é um aviso divino de que algo não está correto na nossa conduta. São considerados mishirassê: doenças, desventuras e alguns acontecimentos na vida cotidiana.
Doshi = mestre ou assistente de mestre
Missassaguê = autodedicação, ato de fazer algo de bom em benefício das pessoas. Na PL todos são orientados a fazer missassaguê dentro da igreja: servir cafezinho, limpar a igreja, lavar os banheiros, lavar as fossas, etc. Quanto mais humilde o trabalho, maior o aprimoramento espiritual.
(Há uma diferença em fazer missassaguê e espírito de missassaguê. Enquanto o primeiro utiliza o físico para serviços dentro da igreja o segundo é o sentimento de fazer algo que felicite o próximo.
Mioyaookami = significa Deus.
Hoshô = significa 'gerar tesouro', é o envelope de contribuições da PL.
Lensei = retiros espirituais visando o elevo espiritual dos adeptos através de palestras, aulas etc...
Omitama = altar sagrado da PL onde estão os espíritos dos fundadores, dos antepassados e de Deus.
Artina - Apresentar a ingressar uma pessoa na PL. É um tipo de evangelismo.
Mitodokea - visitar os peelistas afastados, para trazê-los de volta à PL.
Seiti - Terra sagrada onde são realizados os lenseis. Fica na cidade de Arujá em S.Paulo e é o único na América do Sul.
Makoto = dedicação, empenho
Aramitama = Omitamá provisório p/ o novo adepto
Kyoto = o adepto que cultua um omitamá. É considerado um verdadeiro peelista.
Kyosso = fundador

Os 21 PRECEITOS DA PL

1º - Vida é Arte.
2º - A vida do homem é auto-expressão.
3º - O Eu é a manifestação de Deus.
4º - Há sofrimento se não se expressar.
5º - Ao se deixar levar pela emoção, perde-se o Eu.
6º - Você existe na ausência do ego
7º - Tudo existe em relatividade.
8º - Viva radiante como o sol.
9º - Todos os homens são iguais.
10º - Felicite a si e aos outros.
11º - Faça tudo confiando em Deus.
12º - Há uma função conforme o nome.
13º - Há um caminho para o homem e um para a mulher.
14º - Tudo é e existe para a Paz Mundial.
15º - Tudo é espelho.
16º - Tudo progride e se desenvolve.
17º - Capte o ponto central.
18º - Postamo-nos sempre na bifurcação entre o bem e o mal.
19º - Faça ao perceber.
20º - Viva no estado de perfeita união material-espiritual.
21º - Viva na Verdadeira Liberdade.

CONCLUSÃO

Depois desta breve análise feita nas doutrinas peelista podemos dizer com certeza que ela não tem capacidade de cumprir o que promete ou como diz Pedro, "prometendo-lhes liberdade, quando eles mesmos são escravos da corrupção..." (II Pd. 2.19).
Ainda Este rápido confronto que fizemos entre as doutrinas peelistas e os ensinamentos cristãos foram o bastante para provar a superioridade dos ensinamentos de Jesus, os quais continuam atuais, pois suas palavras são "espírito e vida", portanto não morrem e nem ficam obsoletos (Jo.6.63). Reafirmamos que a doutrina de Cristo é a única capaz de levar o homem a verdadeira felicidade e salvação livre de erros superstições, crendices e idolatrias tão presentes na PL.
E é por isso que conclamamos com amor a todos os peelistas que abandonem essa religião enquanto é tempo e encontrem a perfeita liberdade em Cristo Jesus, pois "para a liberdade Cristo nos libertou" e "onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade" (II Co. 3.17; Gl. 5.1).