1. A revista Superinteressante edição 277 de abril/2010 traz um artigo sobre Chico Xavier na capa de frente onde lemos “UMA INVESTIGAÇÃO CHICO XAVIER – Quem foi o homem que fez milhões de brasileiros acreditar em espíritos? Qual o segredo das mensagens que ele psicografou? A SUPER viajou pelo país para desvendar essas perguntas. E encontrou as respostas.” E na pagina 50 da citada revista lemos mais: “Há 100 anos nascia o homem que faria brasileiros de todos os credos acreditar na vida após a morte. Que mudaria a vida de famílias desconsoladas e que colocaria a ciência atrás de respostas para as vozes do outro mundo. O mito Chico Xavier gerou tudo isso. Mas o que gerou o mito Chico Xavier?”. PR. NATANAEL
RINALDI: O que poderia ser dito desse mito conhecido como Chico Xavier, que, embora falecido, até filme biográfico já foi produzido tornando-o figura conhecida em todo o Brasil? Como responder a pergunta constante da revista Super, o que gerou o mito Chico Xavier?A pergunta formulada é respondida pela própria revista na página 51. “ATÉ HOJE chegam cartas a Uberaba, Minas Gerais, endereçadas a Chico Xavier. Vêm pelo correio ou são jogadas por cima do muro do centro em que ele trabalhava. Parece que seus autores não se lembram de que Chico não está mais lá – morreu há 8 anos. Quer dizer, o homem morreu. O mito não. O normal para quem, como ele teve trajetória de superstar. Nos anos 80, mais de 100 pessoas faziam fila à sua porta todo o dia. Nos 90, foi destinatário recordista de cartas no Brasil. 2 mil por mês. Seus mais de 450 livros venderam 25 milhões de cópias. E sua influência ajudou a tornar o Brasil o maior país kardecista do mundo, com 2.3 milhões de seguidores (*). Em 2 de abril, Chico completaria 100 anos.”
Pode-se dizer então que Chico Xavier adquiriu esse prestígio enorme com a evocação de espíritos de pessoas falecidas cujos parentes queriam saber notícias do além sobre eles e Chico Xavier servia de médium?
Sim. Segundo o ensino de Allan Kardec os espíritos podem comunicar-se espontaneamente, ou acudir ao chamado, isto é, por evocação. Quando se deseja comunicar com determinado espírito, é de toda a necessidade evocá-lo”.
Mas, o médium tem certeza de que ao invocar o espírito de uma determinada pessoa ele está realmente falando com a pessoa procurada? Como pode ter certeza?
Na verdade, o próprio Allan Kardec responde que esse é o grande problema do espiritismo: Ele afirma: “O ponto essencial nós temos dito, é sabermos a quem nos dirigimos.” (O Livro dos Espíritos, p. 42, Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985) Diz mais AK: “A identidade constitui uma das grandes dificuldades do espiritismo prático. É impossível, com freqüência, esclarece-la, especialmente quando são Espíritos superiores antigos em relação à nossa época. Entre aqueles que se manifestam, muitos não têm nome conhecido para nós, e, a fim de fixar nossa atenção, podem assumir o de um espírito conhecido, que pertence à mesma categoria. Assim, se um espírito se comunica com o nome de São Pedro, por exemplo, não há mais nada que prove que seja exatamente o apóstolo desse nome. Pode ser um Espírito do mesmo nível, por ele enviado.” (O Que é o Espiritismo, p. 318, Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985). Fica claro que não se pode identificar o espírito que vem nos dar supostas notícias ou instruções do além.
É possível identificar os espíritos tidos por espíritos protetores para não se cair no engano por outros espíritos?
AK fez a seguinte pergunta: “Os espíritos protetores que tomam nomes conhecidos são sempre e sempre os portadores de tais nomes? A resposta que ele obteve foi: Não”. Ora, diante da resposta dos próprios espíritos a AK de que não há certeza da identidade dos espíritos que falam pelos médiuns o que se pode concluir daí? Uma pessoa convidada pelos espíritas e levada pela saudade, vai a um centro espírita para ter notícias de alguém falecido. Por exemplo, sua mãe? Façamos de conta que o médium seja pessoa honesta e digna de toda a confiança e dando crédito de que o médium conseguiu ligação com um espírito, quem pode afirmar com segurança que será o espírito da mãe procurada? Então como fica quando um espírito se diz ser fulano ou beltrano? Talvez seja fulano ou beltrano, mas pode também ser um espírito substituto. Certamente isso deveria ter ocorrido muitas vezes com o médium Chico Xavier.
E os espíritas admitem a possibilidade dessa intromissão de espíritos levianos fingindo ser as pessoas procuradas nem sendo elas mesmas?
Sim. Escreve AK: “Esses Espíritos levianos pululam ao nosso redor, e aproveitam todas as ocasiões para se imiscuírem nas comunicações; a verdade é a menor de suas preocupações, eis porque eles sentem um prazer maligno em mistificar aqueles que têm fraqueza, e algumas vezes a presunção de acreditar neles, sem discussão.” (O Livro dos Médiuns, p. 402, Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).
Então cabe aqui uma pergunta: se não se pode identificar os espíritos que falam pelos médiuns, então, quem seriam eles?
Antes de responder a pergunta, vamos a um esclarecimento dado por AK: “Um fato que a observação demonstrou e os próprios Espíritos confirmam é o de que os Espíritos inferiores com freqüência usurpam nomes conhecidos e respeitados. Quem pode, assim, garantir que os que dizem ter sido, por exemplo, Sócrates, Júlio César, Carlos Magno, Fenelon, Napoleão, Washington etc., tenham de fato animado essas personalidades? Tal dúvida existe até entre alguns fervorosos adeptos da Doutrina Espírita, os quais admitem a intervenção e a manifestação dos Espíritos, porém indagam como pode ser comprovada sua identidade?” (O Livro dos Espíritos - p. 41 Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985). Agora, respondendo sua pergunta: se não são as pessoas falecidas procuradas, os espíritos que tomam os seus lugares, só podem ser espíritos mentirosos e o pai da mentira é o Diabo como disse Jesus em João 8.44. E, apóstolo Paulo, fala sobre eles: “E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras.” Assim, muitos que alegam na entrevista da revista Superinteressante que pensavam estar falando com parentes ou amigos falecidos, realmente não estavam. Foram enganados.” (II Coríntios 11:14, 15). *