segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Domingo : Dia do Senhor ou dia do Sol ?

Autor : Prof. Paulo Cristiano

INTRODUÇÃO

Sabemos que controvérsias têm sido uma constante no universo protestante. Isto porque, recebemos o legado dos reformadores de não submetermos a nossa fé a nada alem daquilo que as escrituras dizem (I Cor. 6:4), daí o conhecidíssimo lema protestante de “sola escriptura”. Entretanto, há certos fatos polêmicos que geram não poucas divergências dentro do nosso contexto religioso, e divergências de tal monta que chegam a implicar e ser o divisor de águas entre o ortodoxo e o herético. Um desses fatos tem a ver com o primeiro dia da semana comumente conhecido como: Domingo. Visto grosso modo, a questão pode parecer um tanto quanto trivial, mas não é.

O domingo tem sido alvo de ferozes ataques de grupos extremistas dentro da cristandade, conhecidos mormente como sabatistas, destacando em especial os Adventistas do Sétimo Dia e suas mais variadas facções, haja vista, a enorme quantidade de literaturas que são produzida por estas seitas a fim de tratarem do tema.

Ante tal complexa questão teológica, qual o veredicto a ser dado? O domingo ou o sábado, qual e o dia do Senhor afinal ? O domingo e realmente pagão? Quem adora a Deus no Domingo esta selado com a marca da besta?

Para responder estas e outras perguntas e dar uma resposta sólida aos antagonistas do domingo, forneceremos subsídios para realçar o ponto de vista conservador seguido através dos séculos pelo cristianismo histórico-ortodoxo.


O ALIBI ADVENTISTA


Os adventistas no afã de defender o sábado judaico em detrimento do domingo usam de argumentos ardilosos e desonestos, entrementes apelam para a historia com o fito de angariar apoio para suas teorias, contudo ledo engano!

A principio, todos os adventistas rezam pela mesma cartilha, qual seja, alegando que o domingo e um dia pagão, outrossim, para achar suporte à tão descabida acusação chegam a distorcer fatos históricos importantes que se levados em conta desmantelariam por completo o arcabouço levantado por eles.

Via de regra tais acusações se baseiam apenas em conjeturas. A simples assertiva de que os pagãos possuíam o primeiro dia da semana como dia do sol, dedicado ao deus Mitra, bem como uma suposta apostasia da igreja já e prova mais do que suficiente para eles de que o domingo que os cristãos tem hoje como dia de descanso dedicado a Cristo, nada mais e do que uma pratica paga cristianizada pela igreja de Roma, e então anatematizam os cristãos que tem o domingo como dia do senhor, por estar adorando a Deus num dia espúrio.

Estes foram os pressupostos que levaram o teólogo adventista Samuele Bacchiocchi, a ostentar em ser o primeiro não católico a defender tese e se formar na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. (Uma instituição católica romana), posteriormente este trabalho deu origem ao livro “Do Sábado Para o Domingo”, sendo atualmente o que há de melhor na literatura adventista a respeito do assunto. Todavia e interessante frisar que Bacchiocchi escolheu ter seu trabalho associado a uma instituição que a Igreja Adventista vê como " A besta do Apocalipse ", e a razão é óbvia, ou seja, provar que o Papa mudou o sábado como Ellen G. White, a profetisa inspirada dos adventistas declarava. Assim Bacchiocchi precisa estabelecer desesperadamente que o Papa mudou o sábado para o domingo porque sem esta ligação, Ellen G. White fica desmascarada como falso profeta. O interessante e que os adventistas condenam todas as outras reivindicações que a igreja Católica faz, com exceção justamente desta, de ter mudado o sábado para o domingo.
Não vamos aqui refutar todas as especulações teológicas de Bacchiocchi, pois ultrapassaria o escopo deste assunto, no entanto nos deteremos apenas no que tange a acusação de paganismo.


SOFISMAS DE BACCHIOCCHI


Bacchiocchi afirma que a razão por que a igreja de Roma adotara o domingo como o dia cristão de adoração, em vez do Sábado, era porque o dia pagão chamado “Dia do Sol” na semana planetária, já tinha ganhado significação especial nos cultos solares do paganismo, e adotando este dia os cristãos pôde explorar o simbolismo de Cristo como sol da justiça que já estava presentes na própria tradição religiosa deles.

REFUTAÇÃO:


Entrementes, Bacchiocchi peca em não levar em conta a resistência a praticas pagãs no cristianismo primitivo, particularmente contra o gnosticismo. Veja por exemplo Tertuliano, que se separou da igreja de Roma e era um árduo defensor do domingo. Se o bispo de Roma estivesse impondo praticas pagas aos cristãos, certamente ele seria um dos primeiros a denunciar isto e em contra partida se abster de tal pratica. Mas não o fez pelo simples fato do domingo ser um dia sagrado desde os tempos apostólicos. É verdade que, tempos depois, alguns lideres cristãos exploraram o simbolismo do dia pagão, mas ter adotado o dia pagão do sol de fato como o dia cristão de adoração porque era proeminente nos cultos pagãos do deus sol realmente teria sido um passo muito corajoso. Até mesmo se a igreja de Roma tivesse dado este passo, fica mais inexplicável até mesmo que o resto da igreja seguiu sem nenhuma objeção. Ele mesmo admite isso quando afirma que: “ A associação entre o domingo Cristão e a reverência pagã do dia do Sol não é explícita antes do tempo de Eusébio (260-340 D.C). Embora Cristo seja referido freqüentemente pelos Pais primitivos como “Verdadeira Luz” e “ Sol da Justiça”, nenhuma tentativa deliberada foi feita antes de Eusébio para justificar a observância do domingo por meio da simbologia do dia do Sol ". (Do Sábado para domingo, p 261, por Samuele Bacchiocchi). Note, ele mesmo admite que não há nenhuma documentação histórica antes de 260 D.C. Em outras palavras, admite que não há nenhuma prova direta somente suposições.

Novamente Bacchiocchi provê um paralelo: a celebração de Natal no dia 25 dezembro derivado do culto do sol que foi promovido pela igreja de Roma. Mas este paralelo veio depois de Constantino quando influências pagãs no meio cristão estavam assaz avançadas, e sabemos que essa Igreja não teve êxito impondo esta inovação universalmente ao longo das igrejas orientais como se nota ainda hoje.

O problema com esta tese e que não se coaduna com os fatos, pois cada dia da semana foi nomeado em honra a algum deus e, em certo sentido, foi dedicado à adoração daquele deus, A semana planetária egípcia indicava os dias através das designações dos astros: Saturno, Júpiter, Marte, Sol, Vênus, Mercúrio e Lua. Na semana romana Saturnus, ainda com a imitação da semana egípcia, seria o sábado; Sol seria o domingo; Luna, a segunda-feira; Mars, a terça-feira; Mercurius, a quarta-feira; Juppiter, a quinta-feira; Vênus, a sexta-feira.

Dá-se, então, a influência judaica, cuja semana começava pelo dia sagrado sabbâtt, oriundo do babilônio sabattum, composto de sag, que significava "coração", e bat, "chegar ao fim"; a idéia era do "repouso do coração". Na semana romana, o Saturnus dies passou a sabbatum pela influência judaica. O calendário hebraico apresentava os dias, o Sabbatum, que era o mais importante, o dia sagrado, o sábado, o prima sabbati, secunda sabbati, tertia sabbati, quarta sabbati, quinta sabbati, sexta sabbati.

Com a chegada do Cristianismo, o primeiro dia foi dedicado ao Senhor, o dia do descanso, dies Domenicus. O sabbatum judaico, ironizado pelos romanos, que zombavam da circuncisão e do jejum, e já tendo perdido o valor religioso, passou ao último dia da semana. Assim ficou a semana no calendário romano: dies Domenicus / dies Lunae / dies Martis / dies Mercurii/ dies Jovis / dies Veneris / e o Sabbatum, o último dia.

Mas eles cessaram o trabalho nestes dias? Não; se eles os tivessem, teria detido a semana inteira. Eles observaram o domingo deixando de trabalhar? Não, realmente. Nunca tal coisa foi ensinada ou praticada pelos romanos. Eles não tiveram nenhum dia de descanso semanal. Escritores pagãos como Sêneca, Pérsio, Marcial, Juvenal criticavam e ridicularizavam o dia de descanso semanal dos judeus asseverando que era uma parte preciosa do tempo jogado fora! Observe o que diz Moule quanto a isso: “Nas sociedades Pagãs não havia nenhum dia semanal de descanso, só os festivais pagãos a intervalos irregulares” (Moule, Nascimento do Novo Testamento, pág., 18 citado por Robert D. Brinsmead). Ainda Brinsmead citando Rordorf acrescenta:

“Nos primeiros séculos da história da Igreja até o tempo do Imperador Constantino não foi permitido aos cristãos observarem o domingo como um dia de repouso no qual lhes obrigavam, por causa do princípio, de se privar do trabalho. A razão para isto simplesmente era que ninguém no Império Romano inteiro, nenhum judeu, nem gregos, nem romanos, paravam o trabalho no domingo” (Willy Rordorf, domingo: A História do Dia de Repouso nos Primeiros Séculos da Igreja Cristã (Filadélfia: Westminster Press, 1968], pp. 154-55).

Recentes pesquisas apontam para o fato de que nenhuma celebração religiosa especial de qualquer um dos dias da semana pode ser mostrada em qualquer uma das religiões pagãs. Demais disso, nós sabemos que essa religião de mistério não rivalizava com o Cristianismo apenas em relação ao domingo mas se estendia a varias praticas, tais como: um deus-salvador que nasceu de uma virgem, morte e ressurreição, local reservado para culto, batismo, convicção em um julgamento final, castigo eterno para os maus, que o mundo seria destruído através do fogo, ritual com bebida cruenta, o que seria uma versão da santa ceia e muitas outras similaridades a ponto de muitos pais da igreja chamá-lo de “plagio satânico”. A respeito da santa ceia, Justino, o mártir, explica em sua "I Apologia" que os demônios (seguidores de Mitra), também usavam em suas iniciações os elementos da ceia acompanhados por palavras tal qual os cristãos faziam.

O Apologista o via como uma "transversão satânica dos mais sagrados rituais de sua religião" (Franz Cumont, The Mysteries od Mithra). Como bem expressou o célebre teólogo e erudito Dr.Robert H. Gundry em seu “Panorama do Novo Testamento”: “...o mais provável é que as religiões de mistérios é que tenham tomado por empréstimo certas idéias do cristianismo, e não vice-versa”. Pergunto: seria pagão o batismo e a santa ceia pelo fato do Mitraismo também usa-los em seus rituais? Concordariam com isto os adventistas? Claro que não! Mas então por que fazem exceção quanto ao domingo? Somente existe uma resposta satisfatória, desonestidade!

Se seguirmos a linha de raciocínio esposada por eles a coisa se complica posto que muitas praticas usadas pelos sabatistas tiveram suas replicas no paganismo, a titulo de ilustração podemos citar a cruz (logotipo da IASD), a arvore de natal que fora incentivada ate mesmo por Ellen G. White, e muitas outras doutrinas. Outrossim, o velho argumento do domingo ser chamado em inglês, sunday que traduzido quer dizer “dia do sol” não prevalece, pois eles teriam de revelar concomitantemente que sábado e´ saturday (dia de saturno) que também era um dos nomes variantes do deus sol. Como vimos, e verdade que em alguns idiomas o domingo é chamado de “dia do sol”, mas é também verdade que em outros ele é chamado de “dia da ressurreição”, assim temos em língua grega bizantina “anastasimós”, na língua russa “vosskresenije” na basca “igandea”. São todos nomes que significam a mesma coisa: “ressurreição”. Já em outras, o primeiro dia da semana – o domingo, é chamado de “dia do Senhor” como em grego “te kyriake hemera”, em irlandês “Dia domhnaigh” ou “na Domhnach”, em latim “dies dominica”, em italiano virou “domenica”, em francês “dimanche”, e em português “domingo”. As provas são por demais contundentes para serem negadas! Porque os nossos antagonistas não declaram isso em seus livros e folhetos ? Simplesmente por que isto complicaria e muito seus malabarismos!


CONTRADIÇÕES


Mutações de doutrinas e uma das características distintivas das seitas, o que era matéria de fé tempos atrás hoje já não e mais, a IASD de modo algum se constitue em exceção. Foi assim com a doutrina do santuário, com o calculo da volta de Cristo que demonstrou ser um verdadeiro anacronismo e mais recentemente devido às pesquisas históricas de Bacchiocchi, muitas crenças sobre a lei e a mudança da guarda dominical tem sido abandonadas. Por exemplo, foi crido por anos entre os adventistas e ensinado por sua “profetisa inspirada”, que originalmente o Papa havia começado a adoração no domingo, depois ela achou que não foi bem assim e disse que o Imperador Constantino introduziu a “adoração” no domingo em 325 DC. Hoje porem, os adventistas culpam o imperador Adriano (135 D.C) e não mais o Papa ou Constantino! O pior de tudo e que essas contradições são mascaradas com o conhecidíssimo chavão: “verdade presente”, uma variante da expressão “lampejos de luz”, usada pelas Testemunhas de Jeová com o fito de dissimular suas vergonhosas incoerências doutrinarias!

Samuele Bacchiocchi, escreveu em uma mensagem de E-mail à “lista de clientes” católica Grátis catholic@american.edu no dia 8 de fevereiro de1997 dizendo: “eu difiro de Ellen White, por exemplo, na origem do domingo. Ela ensinava que nos primeiros séculos todos os cristãos observaram o Sábado e era em grande parte pelos esforços de Constantino que a guarda do domingo foi adotado por muitos cristãos no quarto século. Minha pesquisa mostra ao contrário. Se você lesse minha composição “Como a Guarda do Domingo Começou?” que resume minha dissertação, você notará que eu coloco a origem da Guarda do domingo até a época do Imperador Adriano, em 135 D.C.” Em outras palavras, o historiador corrigiu os escritos inspirados de sua profetisa! Diante disso fica esmiuçada as bajulações inconsistentes de A B Christianini em “Subtilezas do Erro” quando diz: “... Os testemunhos orais ou escritos da Sra. White preenchem plenamente este requisito, no fundo e na forma. Tudo quanto disse e escreveu foi puro, elevado, cientificamente correto e profeticamente exato...Os seus detratores...procuram inventar contradições e inexatidões...” ( pág. 35 grifo nosso)

E claro que esta suposição não tem respaldo histórico, haja vista existiram documentos que comprovam que o domingo já era pratica crista aceita bem antes de 135 D.C como bem atestam as seguintes cartas:

- Justino, o Mártir: 100-167d.C. Eis aqui como Justino, o Mártir, descreveu o culto primitivo dos cristãos: “No Domingo há uma reunião de todos que moram nas cidades e vilas, lê-se um trecho das memórias dos Apóstolos e dos escritos dos profetas, tanto quanto o tempo permita. Termina a leitura, o presidente, num discurso, admoesta e exorta à obediência dessas nobres palavras. Depois disso, todos nos levantamos e fazemos uma oração comum. Finda a oração, como descrevemos antes, pão e vinho (suco de uva) e ação de graças por eles de acordo com a sua capacidade, e a congregação responde, Amém. Depois os elementos consagrados são distribuídos a cada um e todos participam deles, e são levados pelos diáconos às casas dos ausentes. Os ricos e os de boa vontade contribuem conforme seu livre arbítrio; esta coleta é entregue ao presidente (pastor) que, com ela, atende a órfãos, viúvas, prisioneiros, estrangeiros e todos quantos estão em necessidade”(Manual Bíblico, Halley)

- Inácio, 100d.C., disse: “Aqueles que estavam presos às velhas coisas vieram a uma novidade de confiança, não mais guardando o Sábado, porém vivendo de acordo com o dia do Senhor (Domingo)”.

- O ensino dos Apóstolos, 90-100 obra siríaca: Encontramos um testemunho muito interessante na obra citada, que data da segunda metade do século III, segundo a qual os apóstolos de Cristo foram os primeiros a designar o primeiro dia da semana como dia do culto cristão: “Os apóstolos determinaram, ainda: no primeiro dia da semana deve haver culto, com leitura das Escrituras Sagradas, e a oblação. Isso porque mo primeiro dia da semana o Senhor nosso ressuscitou dentre os mortos, no primeiro dia da semana o Senhor subiu aos céus, e no primeiro dia da semana vai aparecer, finalmente com os anjos celestes” (Ante-necene fathers, 8668).(Enciclopédia Vida, Archer)

- Tertuliano: 160-220.
No início do século III, Tertuliano chegou a afirmar que: “Nós (os cristãos) nada temos com o Sábado, nem com outras festas judaicas, e menos ainda com as celebrações dos pagãos. Temos nossas próprias solenidades: O Dia do Senhor... (On indolatry 14). Em “De oratione”(23). Tertuliano insistia na cessação do trabalho no Domingo como dia de culto para o povo de Deus.

Mas para os sabatistas de nada valem tais testemunhos, pois para eles todos estes cristãos estavam contaminados com paganismo! A pertinácia adventista encontra seu verdadeiro significado nas palavras de A .B Christianini: “...e continuamos a insistir na tese da origem paga da observância dominical” (Subtilezas do Erro, pág. 236)


CONSTANTINO E O DIES SOLIS

Outro fato que amiúde e alardeado pelos sabatistas, tem a ver com o Sicut indignissimum, edito de Constantino em 3 de julho de 321, que entre outras coisas rezava: “Que todos os juizes, e todos os habitantes da cidade, e todos os mercadores e artífices descansem no venerável dia do sol”. Mesmo entre os adventistas existem divergências quanto a finalidade desta lei. Uns dizem que foi para favorecer a Igreja outros porem argumentam que pelo contrario, foi uma lei apenas civil para pagãos. Não obstante, este foi um dos vários decretos que Constantino fizera para favorecer os cristãos. O livro, "História Eclesiástica" de Eusébio de Cesaréia, a partir do livro X, descreve as ações de Constantino em prol da Igreja. Seus decretos imperiais mostram um imperador ecumênico (aquele que gosta de agradar a gregos e troianos), semiconvertido, preocupado mais com política do que com coisas espirituais. Isto é mostrado as escancaras, veja: "QUE QUALQUER DIVINDADE E PODER CELESTIAL QUE POSSA EXISTIR SEJA PROPÍCIO A NÓS...É ASSIM QUE PODEMOS CONCEDER AOS CRISTÃOS E A TODOS IGUALMENTE A LIVRE ESCOLHA DE SEGUIR O TIPO DE ADORAÇÃO QUE QUISEREM"

Note que Constantino engloba em seus decretos todas as religiões, sendo a maioria pagã e a minoria cristã. Quando ele favorece os cristãos que se depreende das afirmações a seguir "...que concedemos aos cristãos liberdade e liberdade plena para observarem seu modo peculiar de adoração", está abrindo a porta para que possam adorar como querem e no dia que mais lhe agradarem (o que já era pratica da Igreja). Quando ele usa a expressão pagã, "Venerável dia do sol", não está de modo algum impondo a honra deste dia ou divindade, mas apenas usando uma expressão que era peculiar àquele povo naquela conjuntura. Não adiantaria nada escrever em um decreto que posteriormente iria ser lido publicamente, usar uma expressão menos conhecida como "Dia do Senhor", expressão esta tipicamente cristã, quando a maioria pagã não a entendia! Tanto e verdade , que Justino, o mártir, usa em sua epístola enviada ao Imperador pagão Antonino a expressão "No dia que se chama do sol..." (I Apologia 67, 3. 7), para que o imperador pagão pudesse entender. É mais ou menos como dizer a um americano que vou a igreja não no domingo (Dia do Senhor) mas no sunday (dia do sol), isto não compromete em nada o dia cristão. Algo análogo aparece na narrativa bíblica de Nabucodonosor, quando este afirma que o quarto homem dentro da fornalha de fogo era semelhante ao “filho dos deuses” (Daniel 3:25). Esta expressão prova que ele usou apenas o vocabulário corrente extraído do contexto politeísta no qual vivia para aludir ao anjo do Senhor. E foi desta maneira que Constantino usou aquela expressão. A conotação que a IASD da a esta expressão e por demais aviltante. Não há de se falar em "imposição" dominical, os fatos quando analisados honestamente não comportam tal idéia!

Outro fato de suma importância que passa despercebido e que raramente, ou nunca e´ comentado pelos sabatistas, e´ quanto ao resto da frase onde reza: “Aos que residem no campo, porem permita-se a entregarem-se livremente aos misteres de sua lavoura”. Veja que aos camponeses não foi imposta nenhuma lei dominical. Ora, sabemos que tais eram chamados de “pagani, nome latino que serviu para designar os camponeses, serviu para criar o termo e a noção de paganismo que engloba toda atitude religiosa hostil ao Cristianismo: prova eloqüente da impermeabilidade dos campos ocidentais `a pregação cristã dos primeiros séculos”(O Cristianismo Primitivo, pág. 102 – Stan-Michel Pellistrandi). Era aquele que não tinha aceitado o cristianismo ou sido batizado. E sabido que o cristianismo alcançou primeiramente as cidades e só depois os campos (zona rural) por ser justamente estes povos os que mais ofereciam resistência `a evangelização. Eles procuravam mais do que todos preservar suas tradições religiosas, e o cristianismo apresentava-se como uma ameaça `as tradições de seus antepassados. Se Constantino estivesse favorecendo o dia pagão, essa gente seria as principais a se beneficiarem deste feriado, mas não foi isto que aconteceu, simplesmente porque ele se reportava ao dia cristão, mesmo usando ainda nome pagão para designa-lo. Podemos acrescentar ainda as benfeitorias sociais promovidas por Constantino, principalmente em relação aos escravos melhorando sua condição de vida, e uma delas era o descanso. Os escravos eram considerados pelos gregos como algo desprezível, mesmo para Aristóteles, os escravos são excluídos da definição de homem, já os romanos o consideravam como apenas “instrumentum vocalis”, ou seja, “coisa falante”. Desta maneira os escravos (que eram muitíssimos em Roma) ganharam direito ao descanso. E bom rememorar também que uma enorme parcela desta classe eram de cristãos, daí mais um motivo para o feriado.


A EXPRESSÃO “DIA DO SENHOR”


Esta expressão e cognominativa e por si denota a reverencia dos primeiros cristãos para com o primeiro dia da semana. Conquanto seja este fato irrefutável os adventistas como de praxe tendem a distorcer as escrituras dizendo ser isto uma referencia ao sábado judaico.
O teólogo adventista Alberto R. Timm em seu livro “O Sábado nas Escrituras”, declara: “Parece mais provável que João tenha escolhido a expressão Kyriake hemera para designar o sábado...” (pág.76). Cita como base textos como o de Isaias 58:13; Êxodo 16:23 e Mateus 12:8. Diz ainda: “Alem disso, se João realmente tencionasse designar o domingo como sendo o “dia do Senhor” com certeza ele também teria feito em seu evangelho, que foi escrito aproximadamente na mesma época do apocalipse (na década de 90 AD). Mas em todas as oito alusões ao domingo no Novo Testamento, ele e simplesmente chamado de “primeiro dia da semana”...sem qualquer distinção especial.” (pág.74).

Estes argumentos a priori são atípicos considerando o contexto histórico dos primeiros séculos do desenvolvimento da Igreja.

O Dr. Aníbal P. Reis explica que A locução grega no caso dativo “Kyriake Hemera” e traduzida literalmente em nosso vernáculo por Senhorial Dia ou Dia do Senhor. Diz ele: “O nosso vocábulo DOMINGO procede do latim DOMINICUS (=Senhorial), (como Dominga vem de Dominica), que por sua vez e a tradução latina do grego KYRIAKE.” (A Guarda do Sábado, pág. 154). Gleason Archer e concorde em afirma que: “Ate hoje essa e a expressão regular para “domingo” no grego moderno”(Enciclopédia de Dificuldades Bíblicas, pág. 127).

O termo “Kyriake”, e uma palavra neotestamentaria que só aparece novamente em I Co. 11:20 em seu caso genitivo “Kyriakon” para designar a “Ceia do Senhor”.

Certa fonte teológica comentando sobre esta palavra diz: “Embora alguns tenham alegado que se refere ao ultimo dia, ou ate mesmo a páscoa, parece certo que a expressão e o nome que veio a ser dado ao primeiro dia da semana. Desde Inácio (Mag. 9:1) este e o seu significado nos escritos patristicos.” (Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, pág. 2164). Outra elucida ao acrescentar que o Dia do Senhor, “era uma frase que se usava já no segundo século referindo-se ao domingo” (O Novo Comentário da Bíblia, pág. 1452)

A pergunta que forçosamente surge agora e: por que formar uma palavra nova para expressar coisas de uma instituição sagrada antiga? Urgi rememorar que o evangelho era uma instituição nova, por isso necessitou do uso de termos novos. Assim nós temos “cristãos” Atos 11:26, como um nome novo para o povo de Deus; “apóstolos”, “evangelistas”, e “diáconos” como os lideres da Igreja; batismo como o rito iniciatório na Igreja, a ceia do Senhor, I Cor 11:20, e o Dia do Senhor, como instituições daquela Igreja. As novas normas originadas pelo evangelho não puderam ser expressadas pela terminologia da velha lei; conseqüentemente palavras novas tiveram de ser cunhadas.

No Novo Testamento nós temos: o sangue do Senhor, o cálice do Senhor, os discípulos do Senhor, a mesa do Senhor, a morte do Senhor, o corpo do Senhor, a ceia do Senhor, e também o Dia do Senhor. Todas estas expressões recorrem a algo que pertence exclusivamente a Cristo debaixo do evangelho.

" Eu fui arrebatado em espírito no dia do Senhor” (Apocalipse 1:10). Este é o primeiro lugar na Bíblia que nós temos a expressão o “Dia do Senhor”. João escreveu neste idioma sessenta seis anos depois que o Sábado judeu fora abolido; conseqüentemente ele deve ter recorrido a algum dia comemorativo peculiar para a nova dispensação. Não existe um único exemplo na Bíblia ou na história onde o termo “o Dia do Senhor” é aplicado ao Sábado sagrado judeu. Os adventistas nunca chamam o sétimo dia de o “Dia do Senhor” exceto quando eles tentam explicar o Dia do Senhor em Apocalipse 1:10 como se fosse o sábado; mas em todos seus ensinos, escritos, e conversações, eles se referem a este dia simplesmente como sábado. O termo “sabbath” não é usado em Apocalipse e nenhum léxico abalizado traduz esta expressão como se referisse ao sábado. O sábado sagrado judeu foi abolido na cruz (Col. 2:14 16; Gal. 4:10; Rom. 14:5) mais de sessenta anos antes de João escrever; então, ele não poderia ter recorrido àquele dia. Outro fato merecedor de nota é que depois de João, todos os demais escritores pos-apostolicos sempre usaram este termo para designar o domingo e nunca o sábado. Reforçando ainda mais, juntamos a isso o contexto do livro do Apocalipse que de forma precisa nos informar que a mensagem do livro era destinada as sete Igrejas da Ásia (v. 11). E junto a este conjunto das cartas as Igrejas e que esta a expressão “o Dia do Senhor”. Ora, o titulo “Senhor” e um titulo dado a Jesus especialmente depois da sua ressurreição que aconteceu no primeiro dia da semana. No Apocalipse ele e o Senhor Todo Poderoso do verso 8, e Senhor dos senhores 17:14. Portanto, este dia forçosamente tem de ser o dia no qual Jesus foi feito Senhor dos vivos e dos mortos, ou seja, o primeiro da semana. Este foi o dia que fez o senhor, Salmo 118:24. Mas o que dizer então dos versículos citados onde o sábado aparece como “meu santo dia” Isaias 58:13, “o santo sábado do senhor” Êxodo 16:23, “pois o Filho do homem e senhor do sábado” Mateus 12:8 ? Não e isto prova de que o dia do Senhor seja realmente o sábado? Não, pois estes três textos foram ditos ou escritos antes da cruz sob a lei, mas Apocalipse 1:10 depois da cruz e sob o evangelho, por conseguinte num novo contexto de uma nova aliança. Demais disso, se fosse este o caso certamente o apostolo teria repetido a designação usual (sábado) como aparece nos versículos acima referidos.

Mas é contestado pelos sabatistas que João e todos os outros evangelistas nos evangelhos chamam o domingo simplesmente, “o primeiro dia da semana”, em vez de “o Dia do Senhor”. Conseqüentemente se João, em Apocalipse 1:10, tivesse se referindo ao domingo ele teria dito “o primeiro dia da semana” como ele fez no evangelho.

A resposta não é tão embaraçosa quanto parece. Jesus predisse que ele seria morto e ressuscitaria no terceiro dia. Cada evangelista teve cuidado em demonstrar que a predição fora fielmente cumprida. Conseqüentemente eles foram coerentes em dar os nomes desses três dias como eram conhecidos pelos judeus; qual seja, dia da “preparação”, (sexta-feira) dia de “Sábado” e “primeiro dia da semana”. Temos que levar em conta também que o estilo gramatical tal como foi escrito o livro do apocalipse difere grandemente do de seu Evangelho e epistola. O estilo literário de Apocalipse e um tanto deficiente em relação ao do seu evangelho. Outra questão em especial a considerar e quanto à autoria do livro. Em seu evangelho João não menciona seu nome mas tão somente diz “Este e o discípulo que testifica destas coisas e as escreveu” João 21:24, já nas epistolas ele se identifica não mais como “o discípulo” mas anonimamente como “o presbítero”. No apocalipse pelo menos três vezes ele se identifica como “João”. Foi por detalhes como este que Dionísio colocou em duvida a autoria do Apocalipse (Cf. Historia Eclesiástica livro 7, cap. XXV). Apesar destas supostas diferenças nos sabemos que o verdadeiro autor do Apocalipse foi o apostolo amado João. Alem disso, o modo como João usou a expressão “o Dia do Senhor” para designar o primeiro dia da semana (ao contrario de como fez em seu evangelho) quiçá pode muito bem se encaixar nestas diferenças literárias do livro (assim como aconteceu com seu nome). Desta maneira sepulta-se de uma vez o aparato do argumento adventista.

Isto posto, declaramos que o domingo longe de ser um dia pagão dedicado a Mitra, como afirmam os sabatistas, e indiscutivelmente o dia do Senhor. Um dia de adoração, comemoração e regozijo para o povo de Deus.

A Bíblia Vida Nova, em sua nota de rodapé ao comentar Dt 5.12-15 diz: "A palavra sábado tem raiz no termo hebraico SHABHAT, que quer dizer 'cessar', 'desistir'. Esta palavra está associada ao sétimo dia antes mesmo da legislação no Sinai (Ex 16.26). A referência específica ao sétimo dia não aparece no próprio mandamento sobre o sábado (Dt 5.12). Não há razão lingüística pela qual a palavra 'sábado' não pudesse ser também um dia de descanso no princípio da semana. A mudança do descanso sabático do sétimo dia é o cumprimento do princípio moral do sábado. O sábado do sétimo dia comemorava a obra da criação divina (Ex 20.11) e a redenção (Dt 5.15). O sábado do primeiro dia pode ser reputado como comemoração da nova obra de criação divina (II Co 5.17; Ef 2.10) e a redenção espiritual (Tt 2.14). A ressurreição de Jesus assinalou o clímax de sua obra redentora (Rm 4.25; I Pe 1.3) e parece certos que os cristãos primitivos começaram reunindo-se no primeiro dia da semana em comemoração a esse grande acontecimento. Cristo a si mesmo chamou-se Senhor do Sábado (Mc 2.28) e o primeiro dia da semana posteriormente se tornou conhecido como dia do Senhor (Ap 1.10). Desde então o sábado do primeiro dia tem sido aceito pela vasta maioria dos cristãos".

Cosme e Damião


Autor : Prof. João Flávio Martinez

Semelhanças com a Mitologia Grega

O culto aos dois irmãos é muito antigo, havendo registros sobre eles, datados desde o século V, que relatam a existência, em certas igrejas, de um óleo santo, que lhes levava o nome, que tinha o poder de curar doenças e dar filhos às mulheres estéreis. Seu culto já estava estabilizado no Mediterrâneo no século V.

Alguns grupos não acreditam que Cosme e Damião existiram de fato. Eles seriam apenas a versão cristã da lenda dos filhos gêmeos de Zeus, Castor e Pólux.Realmente há uma grande possiblidade de haver um sincretismo e uma adaptação do costume pagão.


Relação com o Candomblé

No Brasil, em 1535, a igreja de Igarassu, em Pernambuco, consagrou Cosme e Damião como padroeiros. No dia 27 de setembro, quando é realizada a festa aos santos gêmeos, as igrejas e os templos das religiões afro-brasileiras são enfeitadas com bandeirolas e alegres desenhos.

No Candomblé,é comemorado no dia 27 de setembro, e são associados aos ibejis, gêmeos amigos das crianças que teriam a capacidade de agilizar qualquer pedido que lhes fosse feito em troca de doces e guloseimas. O nome Cosme significa " o enfeitado" e Damião, "o popular".

São cultuados pelo Candomblé, Batuque, Xangô do Nordeste, Xambá e pelos centros de Umbanda onde fazem festas para as crianças com farta distribuição de doces e brinquedos.


Conselho Bíblico

A Bíblia diz: "Não farás para ti imagens de esculturas, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás diante delas, nem as servirás, porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus Zeloso". (Êxodo, 20: 4,5). Não pode haver amizade entre luz e escuridão, nem entre Jesus e o diabo (II Coríntios, 6:14-16). E a Bíblia diz mais: "DEUS É LUZ E NELE NÃO HÁ TREVAS NENHUMA." Além disso, esses que parecem ser "santos" nos terreiros ou centros, são na realidade demônios (ajudantes do diabo) que estão enganando as pessoas. (I Cor. 10:19 a 21). Por isso o cristão deve se abster dessa festa de idolatria.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Cientistas não acreditam em ETs

Postado por Adonias Monteiro

Cada vez que um ser humano contempla uma noite de céu estrelado, a primeira questão que lhe vem à cabeça diz respeito à existência de ETs e civilizações em outros planetas. Se há tantas galáxias no universo, por que só nós estaríamos aqui? Nos últimos anos, a curiosidade sobre o tema tornou-se quase obsessiva. O paleontólogo Peter Ward e o astrônomo Donald Brownlee, ambos da Universidade de Washington, acabam de jogar uma ducha de água fria no debate. Eles são os autores do livro Rare Earth – Why Complex Life Is Uncommon in the Universe (Terra Rara – Por que a Forma Complexa de Vida é Incomum no Universo), que alcançou o oitavo lugar entre os mais vendidos nos Estados Unidos. Com base nas descobertas científicas recentes, Ward e Brownlee sustentam que a hipótese de vida inteligente fora da Terra é quase nula. "Somos produto de um lance de sorte, uma combinação única de fatores que não se repetem em nenhum outro lugar do universo conhecido", diz Ward. Ele explicou por que nesta entrevista a VEJA.

Veja – Por que o senhor é tão pessimista em relação à existência de vida fora da Terra?

Ward – Primeiro é preciso esclarecer sobre que tipo de vida estamos falando. Se você estiver pensando em micróbios ou bactérias, há toda a probabilidade de que possamos encontrá-los fora da Terra, mesmo em nosso sistema solar. Acredito que existam microrganismos no subsolo de Marte ou embaixo da camada de gelo de Europa, uma das luas de Júpiter. Vida inteligente, porém, é outra história, muito mais complicada. Para chegar até ela, é preciso que os micróbios evoluam para formas de vida animal e depois desenvolvam inteligência. Tudo isso leva milhões e milhões de anos. A maior parte dos sistemas planetários hoje conhecidos não teve tempo para que isso acontecesse. Outro problema é que a manutenção de formas de vida mais complexas que uma lesma exige que um planeta atenda a uma série longa de requisitos, todos muito raros fora do sistema solar.

Veja – O astrônomo Carl Sagan, que tinha opinião contrária a sua, dizia que o fato de haver bilhões e bilhões de galáxias tornava muito provável a existência de vida inteligente em outros planetas. O senhor não leva esse dado em conta?

Ward – Não é só uma questão de probabilidade estatística. Para começar, são pouquíssimas as galáxias que podem hospedar formas superiores de vida. Tome como exemplo as de forma irregular. Elas surgem quando duas galáxias colidem. O resultado dessa colisão é um ambiente infernal. Seria impensável a existência de qualquer forma de vida num lugar desses. As galáxias elípticas também não servem, porque ali as estrelas são pobres em metais e substâncias químicas essenciais para a vida. Pequenas galáxias devem ser igualmente descartadas porque o interior delas é muito instável. Por fim, podemos esquecer as galáxias muito distantes, que são novas demais, ainda não tiveram tempo para formar planetas sólidos, como a Terra e Marte, e cuja composição química não favorece em nada a existência de vida. Então, sobra pouca coisa: apenas as galáxias em espiral, como a nossa Via Láctea.


Veja – Mesmo assim, há bilhões e bilhões de estrelas nas galáxias espirais.

Ward – Mas nem todas poderiam abrigar vida. O núcleo das galáxias é congestionado demais. A altíssima freqüência de explosões e colisões de estrelas faz dessas regiões um ambiente estéril do ponto de vista biológico. Se você pegar o lado oposto, mais próximo das bordas de uma galáxia, também não funciona. Nessas áreas, é muito baixa a concentração de elementos pesados, como carbono, ferro e sódio, todos fundamentais para a formação de planetas sólidos e para iniciar a fusão que aquece o interior desses planetas. Nossa galáxia tem um diâmetro aproximado de 85.000 anos-luz. O Sol está a cerca de 25.000 anos-luz do núcleo, na zona intermediária de um dos braços da Via Láctea. É uma combinação única, extremamente favorável à existência de formas de vida como a nossa. Tivemos muita sorte.
Veja – Por que essa combinação é única?

Ward – Para sustentar vida, um planeta não pode orbitar qualquer estrela. Muitas pessoas acreditam que o Sol é uma estrela comum. Isso está errado. Cerca de 95% de todas as estrelas têm massa menor que a do Sol. As mais numerosas em nossa galáxia têm apenas 10% da massa solar. São todas más candidatas a hospedar vida evoluída porque emitem pouca energia. Para conseguir calor suficiente, um planeta precisaria estar tão perto dessa estrela que entraria no que chamamos de rotação sincrônica. Um lado do planeta estaria sempre de frente para a estrela. A temperatura no lado escuro seria tão baixa que toda a atmosfera congelaria, impedindo a formação de vida animal.


Veja – E se a estrela for maior do que o Sol?

Ward – Também não serve. Nosso Sol tem o tamanho exato para ficar praticamente estável durante 10 bilhões de anos, tempo suficiente para a evolução de formas complexas de vida. Se a massa do Sol fosse apenas 50% maior, ele queimaria toda sua energia em apenas 2 bilhões de anos. No estágio final, antes de virar um gigante vermelho, seu brilho e calor aumentariam 1 milhão de vezes, incinerando os planetas mais próximos, inclusive a Terra.


Veja – Digamos que, garimpando muito bem, sobrem ainda cinco ou seis estrelas do tamanho do Sol. Apenas isso já não bastaria para derrubar sua teoria?


Ward – Ainda não. Há uma infinidade de outros fatores que contribuem para a existência de uma forma superior de vida como a nossa. É preciso que o planeta não esteja sob bombardeio freqüente de cometas e meteoros. Isso só não acontece na Terra porque os planetas vizinhos lhe servem de escudo. O enorme campo gravitacional de Júpiter atrai boa parte da sujeira espacial que poderia destruir a Terra. Resolvido esse problema, a órbita do planeta candidato a abrigar vida precisa estar na distância correta em relação à estrela, de modo a manter água em estado líquido. A maior parte dos planetas está muito longe ou perto demais. Aqueles com pouca água não podem ter formas avançadas de vida. Os inteiramente cobertos por oceanos profundos também não são ideais.


Veja – Por que a água é tão essencial?

Ward – O fato de haver águas rasas na Terra pode ter sido vital, em um certo momento de sua história, para o processo químico que formou grandes quantidades de calcário e retirou gás carbônico da atmosfera. Se isso não tivesse acontecido, a atmosfera de nosso planeta teria concentrações muito elevadas de gás carbônico. Como resultado, a temperatura seria excessivamente alta, acima de 100 graus Celsius. Num ambiente assim, os oceanos evaporariam e a vida na Terra terminaria de maneira catastrófica. Nosso planeta levou cerca de 2 bilhões de anos para formar oxigênio em quantidade suficiente para permitir a sobrevivência de animais. Além disso, a superfície passou por um longo período de estabilidade, que permitiu a existência contínua de água. A Terra só conseguiu desenvolver um ecossistema tão rico porque vem mantendo seus oceanos por mais de 4 bilhões de anos. E sempre em grau de acidez e salinidade que permite a formação de proteínas, a estrutura básica dos seres vivos.

Veja – Então, tudo se resume a uma questão de sorte?

Ward – Sorte é, sem dúvida, uma razão para existirmos, mas há outros fatores. Veja o papel desempenhado pela Lua nessa história. Ela mantém um perfeito jogo de forças gravitacionais com a Terra e evita que nosso planeta oscile demasiadamente enquanto gira em torno do próprio eixo. Se não fosse pelo efeito estabilizador da Lua, não estaríamos aqui. Isso é muito raro. Em nosso sistema solar, só Terra e Plutão têm um satélite natural de bom tamanho. A diferença é que Plutão é um freezer perdido na escuridão, onde provavelmente a vida nunca florescerá.


Veja – E quanto às outras formas de vida, mais elementares, é possível haver seres não inteligentes em outros planetas?

Ward – A respeito disso eu tenho poucas dúvidas. A forma mais antiga e abundante de vida na Terra é a microscópica. Ela surgiu há cerca de 4 bilhões de anos, tão logo o planeta resfriou e começou a apresentar as condições mínimas para a existência de vida. O fato de as primeiras bactérias terem aparecido aqui tão cedo sugere que não é difícil que elas brotem em qualquer outro lugar com a mesma facilidade.


Veja – Quais são as possibilidades de encontrarmos vida microscópica em Marte?

Ward – Muito boas. Há 4 bilhões de anos, as condições em Marte eram bem mais favoráveis à vida do que são hoje. O planeta vizinho era mais quente, tinha uma atmosfera e até mesmo água na superfície. E, uma vez que formas microscópicas de vida se formam, é difícil que desapareçam. Uma das grandes descobertas recentes é que os micróbios podem ser encontrados em camadas profundas do solo, até a 1 quilômetro abaixo da superfície. Eles conseguem viver em material rochoso, a altíssimas temperaturas, e não precisam de muita energia. Por isso, o melhor lugar para procurar vida em Marte é no subsolo. Como a temperatura lá é mais alta do que na superfície, provavelmente há uma boa quantidade de água aprisionada no interior das rochas, inclusive em estado líquido. O Pólo Sul marciano tem um bom volume de água, embora em quantidade bem menor do que na Terra, é claro.
Veja – E em Europa, a lua gelada de Júpiter, é possível haver vida lá?

Ward – Europa tem uma superfície coberta por uma camada de gelo. Há evidência de que, no fundo dessa crosta gelada, exista um oceano, com água em estado líquido. Lá também há boas chances de se encontrar microrganismos extraterrestres. Mas é praticamente impossível existir alguma forma mais evoluída de vida. Como a superfície é inteiramente coberta de gelo, não há como a luz chegar ao oceano líquido embaixo. O brilho do Sol nas imediações de Júpiter já é muito pálido. A única fonte de calor seria a atividade vulcânica no interior da própria lua.


Veja – Ao mostrar-se tão cético em relação à vida fora da Terra, o senhor não está subestimando a capacidade dos seres vivos de se adaptar a condições hostis?

Ward – Até hoje não se descobriu um modelo tão eficiente para gerar e sustentar a vida quanto o DNA, código genético que compõe a base de todos os seres vivos na Terra. Nem a ficção científica conseguiu imaginar uma estrutura molecular tão maravilhosa para metabolizar energia, se reproduzir e evoluir. É preciso levar em conta também a anatomia. Veja o ET do cineasta Steven Spielberg. Biologicamente, a criatura que ele inventou não faz nenhum sentido. Era um bichinho muito fofo, sem dúvida. Mas um ser com uma cabeça tão grande e um pescoço tão fino para sustentá-la não poderia sobreviver. Os ficcionistas dariam péssimos cientistas.


Veja – O que lhe vem à cabeça quando contempla um belo céu estrelado?

Ward – Eu sempre me pergunto se há alguém lá fora. Diante de um céu estrelado, é fácil entender por que tantas pessoas acreditam em ETs e discos voadores. Como cientista, porém, eu tenho de lidar com fatos e dados concretos. E todos eles até agora nos dizem que provavelmente estamos sós no universo.


Veja – Nos Estados Unidos, cientistas sérios e renomados, ligados ao Programa de Busca de Inteligência Extraterrestre, Seti, tentam escutar sinais de rádio emitidos por seres extraterrestres. É dinheiro jogado fora?

Ward – A principal característica de nossa espécie é ser otimista e explorar o desconhecido. Da mesma forma como nos dedicamos à arte e à literatura, precisamos persistir em pesquisas arriscadas, de futuro incerto. Mas é preciso definir certas prioridades. A biodiversidade da Terra nunca correu risco tão grande como hoje. Antes de gastar muito dinheiro procurando ETs, deveríamos investir prioritariamente para manter as espécies de nosso planeta. O governo americano está gastando mais de 60 milhões de dólares no Seti, além dos 100 milhões de dólares investidos pela iniciativa privada. Esse dinheiro poderia ser mais bem aplicado em projetos que ajudem a proteger as florestas tropicais e os ecossistemas ameaçados.


Veja – Como o senhor reagiria se, amanhã ou depois, o projeto Seti realmente captasse sinais de vida inteligente fora da Terra?
Ward – Antes de tudo, eu teria de pedir desculpas ao pessoal do projeto. Além disso, acho que nossa espécie seria profundamente transformada. Poucas questões filosóficas são tão instigantes e têm implicações tão profundas quanto aquela relacionada ao nosso papel no universo. Se estamos sós, é surpreendente. Se tivermos companhia lá fora, é mais chocante ainda.

Deus e os extraterrestres

Autor : Prof. João Flávio Martinez

O professor Dr. Werner Gitt, diretor do "Instituto Nacional de Tecnologia Física" na Alemanha, escreveu o seguinte acerca do assunto:

Estamos sozinhos, ou existe vida em outros lugares do Universo? Os relatórios acerca de discos voadores e de encontros com extraterrestres, que há décadas já produziam inúmeras especulações, e que nos últimos tempos aumentaram em número, receberam combustível de uma ala séria: no início de agosto de 1996, pesquisadores da NASA anunciaram ter descoberto formas rudimentares de vida em um meteorito que supostamente procedia de Marte. Estas ligas orgânicas também poderiam ser bolinhas de lama petrificada, ressaltam. Uma prova de "vida", na verdade, não existia! Mas de qualquer forma a pedra de quase dois quilos, achada na Antártida, reaqueceu a febre marciana mundial: nos próximos anos, americanos, europeus, japoneses e russos planejam cerca de 20 projetos e pretendem enviar sondas até o planeta vizinho Marte, distante 78 milhões de quilômetros.

De modo geral, percebe-se que a crença em inteligência extraterrestre, que já tinha características quase religiosas, alcança uma nova dimensão.

A onda dos OVNIs vai aumentando

Se bem que após algum tempo as especulações sobre a "pedra de Marte" mostraram não ter fundamento, o entusiasmo pela busca de vida extraterrena prossegue. Existem diversas causas para o enorme "boom" dos relatos de aparições de OVNIs (Objetos Voadores Não Identificados). O professor de psiquiatria da Universidade de Harvard, John E. Mack, chamou a atenção do mundo inteiro com sua coletânea de casos intitulada "Raptado por Extraterrestres". Há algum tempo, o cineasta britânico Ray Stilli trouxe a público um filme supostamente rodado em 1947 e mantido em sigilo desde então, mostrando a autópsia de um suposto extraterrestre. Ele teria caído com seu disco voador no Novo México em 1947, próximo à base aérea de Roswell. Na Brasil, o "Fantástico" mostrou partes do filme. Em outubro de 1995, no Congresso Mundial de OVNIs, em Düsseldorf (Alemanha), as imagens pouco nítidas foram uma das principais atrações. (...) Segundo uma pesquisa de opinião efetuada pelo Instituto Allensbach, na Alemanha 17% da população crê que existam OVNIs, 40% contam com vida em outros planetas e 31% crêem que estes seres sejam inteligentes.

Como os cristãos deveriam classificar os OVNIs? Que significado tem a existência de extraterrestres no espaço?

I. O que a ciência diz a respeito?

1. Nunca houve um contato com "extraterrestres"

No ano de 1900, a Academia Francesa de Ciências anunciou um prêmio de 100.000 Francos para quem fosse o primeiro a estabelecer contato com um mundo desconhecido. Marte foi excluído, pois naquela época havia certeza da existência de moradores no planeta vizinho. Mas nesse meio tempo sabe-se com certeza: nem nesse nem em outro planeta existe qualquer sinal de "pequenos homenzinhos verdes" ou de qualquer outro ser inteligente.

Mesmo que até agora não exista a menor prova científica da existência de vida extraterrena, muitos astrônomos – sob o impacto da quantidade enorme de estrelas – acham que a vida, como ela é concebida na terra, também teria de haver surgido em outros lugares. Os cientistas americanos do SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence = Busca de Inteligência Extraterrestre) fizeram diversas tentativas para captar sinais do espaço. Tudo foi em vão – eles também não encontraram nenhuma prova de vida extraterrestre.

2. Vida no espaço só seria possível se...

Vida no espaço só seria possível em um planeta cuja superfície suprisse diversas condições. Ele deve ter a distância certa de seu sol para ser aquecido corretamente. Até aqui os astrônomos só acharam uma indicação de possível vida em um planeta em outro sistema solar. Ele orbita em torno da estrela Pégaso de nossa Via Láctea, distante 45 anos-luz de nós. Mas como ela está 20 vezes mais próxima de seu sol do que a terra, a vida lá seria impossível devido ao calor. Ainda é possível que existam planetas não descobertos entre os incontáveis sóis (um número formado por 1 mais 25 zeros). Mas é, no mínimo, improvável que eles atendam as condições que possibilitem a existência de vida. A simples existência de água ou gelo não é evidência clara da eventual existência de outras formas de vida, como foi publicado em muitos jornais, quando se dizia que na lua de Júpiter, chamada "Europa", eventualmente teria sido descoberto gelo.

3. Distâncias intransponíveis até outros planetas

Mesmo aceitando-se que exista vida em algum lugar do espaço, uma visita de extraterrestres à Terra, como as sugeridas pelos relatos de OVNIs, seria impossível na prática. O principal impecilho são as distâncias inimaginavelmente grandes e, com isso, o longo tempo de viagem que se faz necessário. Já a estrela mais próxima da terra, chamada Proxima Centauri, fica a uma distância de 4,3 anos-luz, ou seja, 40.680.000.000.000 quilômetros (40,7 trilhões). Os vôos do projeto Apolo levaram três dias para irem até a Lua, que fica a 384.000 quilômetros de distância. Com a mesma velocidade, seriam necessários 870.000 anos para se chegar a essa estrela vizinha.

Sondas espaciais não-tripuladas poderiam obviamente ser mais rápidas. Se existisse alguma força de impulsão que alcançasse um décimo da velocidade da luz, mesmo assim a viagem levaria 43 anos. Segundo os cálculos aproximados do físico nuclear sueco C.Miliekowsky, seriam necessárias quantidades enormes de energia para a propulsão. Elas equivaleriam à quantidade de energia elétrica consumida atualmente pelo mundo inteiro em um mês. Além disso, as pequenas partículas de poeira que flutuam no espaço representam um problema para as sondas espaciais, pois colidiriam com elas. Átomos de hidrogênio (100.000 por metro cúbico) são os mais freqüentes. E partículas de poeira de silicatos e gelo com 0,1 grama de peso (100.000 por quilômetro cúbico) já poderiam destruir o aparelho. Tudo isso torna uma viagem de eventuais extraterrestres até nós ou de nós até eles praticamente impossível.

II. A Bíblia

1. Em lugar nenhum a Bíblia fala de extraterrestres

Para os cristãos, a Bíblia é a Palavra de Deus revelada. A Bíblia ensina que a vida só é possível através de um ato criador. Mesmo que no espaço existam planetas semelhantes à Terra, lá não existiria vida se o Criador não a tivesse criado. E se Deus o tivesse feito, e essas criaturas nos visitassem algum dia, então Deus não teria nos deixado ignorantes a respeito. Podemos deduzir isso de Isaías 34.16: "Buscai no livro do Senhor, e lede; nenhuma destas criaturas [de Deus] falhará, nem uma nem outra faltará". Além disso, Deus nos informou acerca de detalhes muito exatos do futuro (por exemplo, acerca da volta de Jesus, detalhes acerca do fim deste mundo, como em Mateus 24 ou no livro de Apocalipse). Um dia o Universo será enrolado como um pergaminho envelhecido (Is 34.4; Ap 6.14). Com isso, se Deus tivesse criado seres viventes em outro lugar, Ele automaticamente destruiria a morada deles.

2. A finalidade das estrelas

Um outro raciocínio que leva à mesma conclusão: se conhecemos a finalidade das estrelas, temos em mãos a chave bíblica para respondermos as questãos concernentes aos assim chamados "extraterrestres". O "para quê" das estrelas é mencionado em diversas passagens bíblicas. O conhecido Salmo 19 trata do assunto, mas queremos salientar aqui o relato da criação. Gênesis 1.14-15 diz: "Disse também Deus: Haja luzeiros no firmamento dos céus, para fazerem separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais, para estações, para dias e anos. E sejam para luzeiros no firmamento dos céus, para alumiar a terra. E assim se fez."

As razões de sua existência são muito claras: devem luzir na terra, mostrar o tempo e ser portadoras de sinais. As estrelas são, portanto, orientadas e planejadas para a terra, ou, para ser mais exato, para as pessoas que vivem na terra. Diante desta distribuição de finalidades quando de sua criação, diante da seqüência da criação (no primeiro dia a terra e só no quarto dia os outros planetas) bem como do testemunho bíblico como um todo, pode-se chegar a uma única conclusão: não se pode contar com vida em outros planetas!

III. E os OVNIs?

Após a constatação feita acima, como devemos nos posicionar diante dos fenômenos de discos voadores e diante da euforia e da crença em seres extraterrestres? Li na revista alemã "Focus": "90% das notícias de OVNIs são consideradas disparates, mas um resto de dez por cento é suficiente para o surgimento de muitas especulações." E o sociólogo Gerald Eberlein chega à conclusão: "Pesquisas revelaram que pessoas que não têm vínculos com igrejas mas afirmam ser religiosas, reagem de maneira especialmente forte à possível vida de extraterrestres. Para elas, a ufologia é uma espécie de religião substituta." A Bíblia expressa a mesma constatação num ponto de vista ainda mais profundo, quando menciona causa e conseqüência: "Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais e prodígios da mentira, e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos. É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira" (2 Ts 2.9-11).

A Bíblia o diz

Um pensamento complementar para elucidar o fenômeno dos discos voadores: a Bíblia dá uma descrição de todos os seres viventes. O Deus vivo se apresenta a nós como o Deus triúno no Pai, no Filho e no Espírito Santo. No céu existem os anjos, que também servem às pessoas sobre a terra. Eles trazem uma boa mensagem e dão a reconhecer quem os enviou (por ex., Lucas 2.6-16). Suas afirmações são precisas e verificáveis.

Uma mensagem diferente é a do diabo e dos demônios. Efésios 2.2 chama-o de "príncipe da potestade do ar". Seu raio de ação é sobre a terra. O diabo tem seu próprio repertório para seduzir este mundo, sob a forma de variadas práticas ocultas e de milhares de ritos religiosos. Será que não poderia ser que, por trás de todos os fenômenos não identificáveis se encontrassem as obras do enganador? Como os relatos de OVNIs mostram, tudo é muito nebuloso e não identificável. Pessoas que não conhecem a Cristo se deixam fascinar com facilidade por tudo quanto é fenômeno abstrato. Aos cristãos vale o aviso: "Vede que ninguém vos engane!" (Mt 24.4). (Norbert Lieth)

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Porque rejeitamos os Apócrifos

Autor: Paulo Cristiano

Introdução

Na Constituição Dogmática sobre Revelação Divina, o Concílio Vaticano II, no capítulo sobre Escritura Sagrada na Vida da Igreja, declarou que "Ela (a igreja) sempre considerou as Escrituras junto com a tradição sagrada como a regra suprema de fé, e sempre as considerará assim"

Da declaração anterior, nós, os cristãos evangélicos, rejeitamos, desde logo, a tradição sagrada como regra de fé. Ficamos, pois, em terreno comum com os católicos romanos no que diz respeito às Escrituras. No entanto, nisto também existe uma diferença de suma importância. Isto tem relação com os livros do cânon do Velho Testamento. No livro Consultas dei Clero, parágrafo 207, se transcreve assim o decreto emitido pelo Concilio de Trento sobre as Sagradas Escrituras:

"Se alguém não receber como sagrados e canônicos estes livros inteiros, com todas as suas partes, tal como se encontram na Antiga Versão Vulgata, seja anátema." Seguindo a mesma posição doutrinária, o Concilio Vaticano II, no capítulo sobre "A inspiração Divina e a Interpretação da Escritura Sagrada", se pronunciou da seguinte maneira: "Aquelas realidades divinamente reveladas, contidas e apresentadas na Escritura Sagrada, foram reduzidas à escritura sob a inspiração do Espírito Santo. A Santa Madre Igreja, descansando sobre a crença dos apóstolos, sustenta que os livros, tanto do Velho como do Novo Testamento, em sua totalidade, com todas as suas partes, são sagrados e canônicos, porque, havendo sido escritos sob a inspiração do Espírito Santo, têm a Deus como seu autor e foram transmitidos Como tais à igreja mesma."

Mas, quando a Igreja Católica Romana se refere ao cânon do Velho Testamento, ela inclui uma série de livros que os protestantes chamam de "Apócrifos" mas os católicos de "Deuterocanônicos", os quais não aparecem nas versões evangélicas e hebraica da Bíblia. O resultado disto foi que na opinião popular dos católicos existem duas Bíblias: uma católica e a outra protestante. Mas semelhante asseveração não é certa. Só existe uma Bíblia, uma Palavra (escrita) de Deus. Em suas línguas originais (o hebraico e o grego), a Bíblia é uma só e igual para todos. O que nem sempre é igual são as versões ou traduções dela aos diferentes idiomas. Neste estudo iremos mostrar porque nós, cristãos evangélicos, não aceitamos os chamados, "Livros Apócrifos", e conseqüentemente rejeitamos com provas sobejas, as alegações romanistas de que tais livros possuem canonicidade e inspiração divina.


APÓCRIFOS: O QUE SIGNIFICA?

Na realidade, os sentidos da palavra "apocrypha" refletem o problema que se manifesta nas duas concepções de sua canonicidade. No grego clássico, a palavra apocrypha significava "oculto" ou "difícil de entender". Posteriormente, tomou o sentido de "esotérico" ou algo que só os iniciados podem entender; não os de fora. Na época de Irineu e de Jerônimo (séculos III e IV), o termo apocrypha veio a ser aplicado aos livros não-canônicos do Antigo Testamento, mesmo aos que foram classificados previamente como "pseudepígrafos". Desde a era da Reforma, essa palavra tem sido usada para denotar os escritos judaicos não-canônicos originários do período intertestamentário. A questão diante de nós é a seguinte: verificar se os livros eram escondidos a fim de ser preservados, porque sua mensagem era profunda e espiritual ou porque eram espúrios e de confiabilidade duvidosa.

Natureza e número dos apócrifos do Antigo Testamento

Há quinze livros chamados apócrifos (catorze se a Epístola de Jeremias se unir a Baruque, como ocorre nas versões católicas de Douai). Com exceção de 2 Esdras, esses livros preenchem a lacuna existente entre Malaquias e Mateus e compreendem especificamente dois ou três séculos antes de Cristo.

Significado da palavra CÂNON e CANÔNICO

CÂNON - (de origem semítica, na língua hebraica "qãneh" em Ez 40.3; e no grego: "kanón" em Gl 6.16"), tem sido traduzido em nossas versões em português como, "regra", "norma".
Significado literal: vara ou instrumento de medir.

Significado figurado: Regra ou critérios que comprovam a autenticidade e inspiração dos livros bíblicos; Lista dos Escritos Sagrados; Sinônimo de ESCRITURAS - como a regra de fé e ação investida de autoridade divina.

Outros significados: Credo formulado (a doutrina da Igreja em Geral); Regras eclesiásticas (lista ou série de procedimentos)

CANÔNICO - Que está de acordo com o cânon. Em relação aos 66 livros da Bíblia hebraica e evangélica.

Significado da palavra PSEUDOEPÍGRAFO - Literalmente significa "escritos falsos" - Os apócrifos não são necessariamente escritos falsos, mas, sim não canônicos, embora, também contenham ensinos errados ou hereges.

DIFERENÇAS ENTRE AS BÍBLIAS HEBRAICAS, PROTESTANTES E CATÓLICAS.

Diferenças Básicas: 1. Bíblia Hebraica - [a Bíblia dos judeus]


a) Contém somente os 39 livros do V.T.

b) Rejeitam os 27 do N.T. como inspirado. Também não aceitam Jesus como messias.

c) Não aceitam os livros apócrifos incluídos na Vulgata [versão Católico Romana)

2. Bíblia Protestante -

a) Aceita os 39 livros do V.T. e também os 27 do N.T.

b) Rejeita os livros apócrifos incluídos na Vulgata, como não canônicos

3. Bíblia Católica -

a) Contém os 39 livros do V.T. e os 27 do N.T.

b) Inclui na versão Vulgata, os livros apócrifos ou não canônicos que são: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, 1º e 2º de Macabeus, seis capítulos e dez versículos acrescentados no livro de Ester e dois capítulos de Daniel. A seguir a lista dos que se encontravam na Septuaginta:

LIVRO APÓCRIFO DA SEPTUAGINTA

8 Baruque

1 3 Esdras 9 A Carta de Jeremias

2 4 Esdras 10 Os acréscimos de Daniel

3 Oração de Azarias 11 A Oração de Manassés

4 Tobias 12 1 Macabeus

5 Adições a Ester 13 2 Macabeus

6 A Sabedoria de Salomão 14 Judite

7 Eclesiástico (Também chamado de Sabedoria de Jesus, filho de Siraque)


COMO OS APÓCRIFOS FORAM APROVADOS

A Igreja Romana aprovou os apócrifos em 8 de Abril de 1546 como meio de combater a Reforma protestante. Nessa época os protestantes combatiam violentamente as doutrinas romanistas do purgatório, oração pelos mortos, salvação pelas obras, etc. Os romanistas viam nos apócrifos base para tais doutrinas, e apelaram para eles aprovando-os como canônicos.
Houve prós e contras dentro dessa própria igreja, como também depois. Nesse tempo os jesuítas exerciam muita influência no clero. Os debates sobre os apócrifos motivaram ataques dos dominicanos contra os franciscanos. O biblista católico John L. Mackenzie em seu "Dicionário Bíblico" sob o verbete, Cânone, comenta que no Concílio de Trento houve várias "controvérsias notadamente candentes" sobre a aprovação dos apócrifos. Mas o cardeal Pallavacini, em sua "História Eclesiástica" declara mais nitidamente que em pleno Concílio, 40 bispos dos 49 presentes travaram luta corporal, agarrado às barbas e batinas uns dos outros... Foi nesse ambiente "ESPIRITUAL", que os apócrifos foram aprovados. A primeira edição da Bíblia católico-romana com os apócrifos deu-se em 1592, com autorização do papa Clemente VIII.

Os Reformadores protestantes publicaram a Bíblia com os apócrifos, colocando-os entre o Antigo e Novo Testamentos, não como livros inspirados, mas bons para a leitura e de valor literário histórico. Isto continuou até 1629. A famosa versão inglesa King James (Versão do Rei Tiago) de 1611 ainda os trouxe. Porém, após 1629 as igrejas reformadas excluíram totalmente os apócrifos das suas edições da Bíblia, e, "induziram a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira, sob pressão do puritanismo escocês, a declarar que não editaria Bíblias que tivessem os apócrifos, e de não colaborar com outras sociedades que incluíssem esses livros em suas edições." Melhor assim, tendo em vista evitar confusão entre o povo simples, que nem sempre sabe discernir entre um livro canônico e um apócrifo e também pelo fato do que aconteceu com a Vulgata! Melhor editá-los separadamente.


PORQUE REJEITAMOS OS APÓCRIFOS


Há várias razões porque os protestantes rejeitam os Apócrifos. Eis algumas delas:


1. PORQUE COM O LIVRO DE MALAQUIAS O CÂNON BÍBLICO HAVIA SE ENCERRADO.
Depois de aproximadamente 435 a.C não houve mais acréscimos ao cânon do Antigo Testamento. A história do povo judeu foi registrada em outros escritos, tais como os livros dos Macabeus, mas eles não foram considerados dignos de inclusão na coleção das palavras de Deus que vinham dos anos anteriores.

Quando nos voltamos para a literatura judaica fora do Antigo Testamento percebemos que a crença de que haviam cessado as palavras divinamente autorizadas da parte de Deus é atestada de modo claro em várias vertentes da literatura extrabíblica.

· 1 Macabeus: (cerca de 100 a.c.), o autor escreve sobre o altar:

"Demoliram-no, pois, e depuseram as pedras sobre o monte da Morada conveniente, à espera de que viesse algum profeta e se pronunciasse a respeito" (l Mac 4.45-46). Aparentemente, eles não conheciam ninguém que poderia falar com a autoridade de Deus como os profetas do Antigo Testamento haviam feito. A lembrança de um profeta credenciado no meio do povo pertencia ao passado distante, pois o autor podia falar de um grande sofrimento, "qual não tinha havido desde o dia em que não mais aparecera um profeta no meio deles" (l Mac 9.27; 14.41).

· Josefo: (nascido em c. 37/38 d.C.) explicou: "Desde Artaxerxes até os nossos
dias foi escrita uma história completa, mas não foi julgada digna de crédito igual ao dos registros mais antigos, devido à falta de sucessão exata dos profetas" (Contra Apião 1:41) Essa declaração do maior historiador judeu do primeiro século cristão mostra que os escritos que agora fazem parte dos "apócrifos", mas que ele (e muitos dos seus contemporâneos) não os consideravam dignos "de crédito igual" ao das obras agora conhecida por nós como Escrituras do Antigo Testamento. Segundo o ponto de vista de Josefo, nenhuma "palavra de Deus" foi acrescentada às Escrituras após cerca de 435 a.c.

· A literatura rabínica: reflete convicção semelhante em sua freqüente
declaração de que o Espírito Santo (em sua função de inspirador de profecias) havia se afastado de Israel "Após a morte dos últimos profetas, Ageu, Zacarias e Malaquias, o Espírito Santo afastou-se de Israel, mas eles ainda se beneficiavam do bath qôl" (Talmude Babilônico, Yomah 9b repetido em Sota 48b, Sanhedrín 11 a, e Midrash Rabbah sobre o Cântico dos Cânticos, 8.9.3).· A comunidade de Qumran: (seita judaica que nos legou os Manuscritos do Mar Morto) também esperava um profeta cujas palavras teriam autoridade para substituir qualquer regulamento existente (veja 1QS 9.11), e outras declarações semelhantes são encontradas em outros trechos da literatura judaica antiga (veja 2Baruc 85.3 Oração de Azarias 15). Assim, escritos posteriores a cerca de 435 a.C. em geral não eram aceitos pelo povo judeu como obras dotadas de autoridade igual à do restante das Escrituras.

· O Novo Testamento: não temos nenhum registro de alguma controvérsia entre
Jesus e os judeus sobre a extensão do cânon. Ao que parece,Jesus e seus discípulos de um lado e os líderes judeus ou o povo judeu, de outro, estavam plenamente de acordo em que acréscimos ao cânon do Antigo Testamento tinham cessado após os dias De Esdras, Neemias, Ester, Ageu, Zacarias e Malaquias. Esse fato é confirmado pelas citações do Antigo Testamento feitas por Jesus e pelos autores do Novo Testamento. Segundo uma contagem,Jesus e os autores do Novo Testamento citam mais de 295 vezes, várias partes das Escrituras do Antigo Testamento como palavras autorizadas por Deus, mas nem uma vez sequer citam alguma declaração extraída dos livros apócrifos ou qualquer outro escrito como se tivessem autoridade divina. A ausência completa de referência à outra literatura como palavra autorizada por Deus e as referências muito freqüentes a centenas de passagens no Antigo Testamento como dotadas de autoridade divina confirmam com grande força o fato de que os autores do Novo Testamento concordavam em que o cânon estabelecido do Antigo Testamento, nada mais nada menos, devia ser aceito como a verdadeira palavra de Deus.


2. PORQUE A INCLUSÃO DOS APÓCRIFOS FOI ACIDENTAL.


A conquista da Palestina por Alexandre, o Grande, ocasionou uma nova dispersão dos judeus por todo o império greco-macedônico. Pelo ano 300 antes de Cristo, a colônia de judeus na cidade de Alexandria, Egito, era numerosa, forte e fluente. Morrendo Alexandre, seu domínio dividiu-se em quatro remos, ficando o Egito sob a dinastia dos Ptolomeus. O segundo deles, Ptolomeu Filadelfo, foi grande amante das letras e preocupou-se com enriquecer a famosa biblioteca que seu pai havia fundado. Com este objetivo, muitos livros foram traduzidos para o grego. Naturalmente, as Escrituras Sagradas do povo hebreu foram levadas em conta, apreciando-se também a grande importância que teria a tradução da Bíblia de seus antepassados da Palestina para os judeus cuja língua vernácula era o grego.

Segundo um relato de Josefo, Sumo Sacerdote de Jerusalém Eleazar enviou, a pedido de Ptolomeu Filadelfo, uma embaixada de 72 tradutores a Alexandria, com um valioso manuscrito do Velho Testamento, do qual traduziram o Pentateuco. A tradução continuou depois, não se completando senão no ano 150 antes de Cristo.

Esta tradução, que se conhece com o nome de Septuaginta ou Versão dos Setenta (por terem sido 70, em número redondo, seus tradutores), foi aceita pelo Sinédrio judaico de Alexandria; mas, não havendo tanto zelo ali como na Palestina e devido às tendências helenistas contemporâneas, os tradutores alexandrinos fizeram adições e alterações e, finalmente, sete dos Livros Apócrifos foram acrescentados ao texto grego como Apêndice do Velho Testamento. Os estudiosos acham que foram unidos à Bíblia, por serem guardados juntamente com os rolos de livros canônicos, e quando foram iniciados os Códices, isto é , a escrituração da Bíblia inteira em um só volume, alguns escribas copiaram certos rolos apócrifos juntamente com os rolos canônicos.

Todos estes livros, com exceção de Judite, Eclesiástico, Baruque e 1 Macabeus, estavam escritos em grego, e a maioria deles foi escrita muitíssimos anos depois de o profeta Malaquias, o último dos profetas da Dispensação antiga, escrever o livro que leva o seu nome. O que se pode concluir daí é que, quando a Septuaginta era copiada, alguns livros não canônicos para os judeus eram também copiados. Isso também poderia ter ocorrido por ignorância quanto aos livros verdadeiramente canônicos. Pessoas não afeiçoadas ao judaísmo ou mesmo desinteressadas em distinguir livros canônicos dos não canônicos tinham por igual valor todos os livros, fossem eles originalmente recebidos como sagrados pelos judeus ou não. Mesmo aqueles que não tinham os demais livros judaicos como canônicos certamente também copiavam estes livros, não por considerá-los sagrados, mas apenas para serem lidos. Por que não copiar livros tão antigos e interessantes? Estes livros, entretanto, têm a importância de refletir o estado do povo judeu e o caráter de sua vida intelectual e religiosa durante as várias épocas que representam, particularmente, a do período chamado intertestamentário (entre Malaquias e João Batista, de 400 anos); é, talvez, por estas razões que os tradutores os juntaram ao texto grego da Bíblia, mas os judeus da Palestina nunca os aceitaram no cânon de seus livros sagrados.


3. TESTEMUNHAS CONTRA OS APÓCRIFOS
Traremos agora o depoimento de várias personagens históricas que depõe contra a lista canônica "Alexandrina", como consta na Septuaginta, Vulgata e em todas as versões das Bíblias católicas existentes. Pelo peso de autoridade que representam esses vultos, são provas mais do que suficientes e esmagadoras contra a inclusão dos Apócrifos no Cânon bíblico.

Vejamos:

JOSEFO: A referência mais antiga ao cânon hebraico é do historiador judeu Josefo (37-95 AC). Em Contra Apionem ele escreve: "Não temos dezenas de milhares de livros, em desarmonia e conflitos, mas só vinte e dois, contendo o registro de toda a história, os quais, conforme se crê, com justiça, são divinos." Depois de referir-se aos cinco livros de Moisés, aos treze livros dos profetas, e aos demais escritos (os quais "incluem hinos a Deus e conselhos pelos quais os homens podem pautar suas vidas"), ele continua afirmando:
"Desde Artaxerxes (sucessor de Xerxes) até nossos dias, tudo tem sido registrado, mas não tem sido considerado digno de tanto crédito quanto aquilo que precedeu a esta época, visto que a sucessão dos profetas cessou. Mas a fé que depositamos em nossos próprios escritos é percebida através de nossa conduta; pois, apesar de ter-se passado tanto tempo, ninguém jamais ousou acrescentar coisa alguma a eles, nem tirar deles coisa alguma, nem alterar neles qualquer coisa que seja"

Josefo é suficientemente claro. Como historiador judeu, ele é fonte fidedigna. Eram apenas vinte e dois os livros do cânon hebraico agrupados nas três divisões do cânon massorético. E desde a época de Malaquias (Artaxerxes, 464-424) até a sua época nada se lhe havia sido acrescentado. Outros livros foram escritos, mas não eram considerados canônicos, com a autoridade divina dos vinte e dois livros mencionados.

ORÍGENES: No terceiro século d.C, Orígenes (que morreu em 254) deixou um catálogo de vinte e dois livros do Antigo Testamento que foi preservado na História Eclesiástica de Eusébio, VI: 25. Inclui a mesma lista do cânone de vinte e dois livros de Josefo (e do Texto Massorético) inclusive Ester, mas nenhum dos apócrifos é declarado canônico, e se diz explicitamente que os livros de Macabeus estão "fora desses [livros canônicos]"

TERTULIANO: Aproximadamente contemporâneo de Orígenes era Tertuliano.
(160-250 dc) o primeiro dos País Latinos cujas obras ainda existem. Declara que os livros canônicos são vinte e quatro.

HILÁRIO: Hilário de Poitiers (305-366) os menciona como sendo vinte e dois.

ATANÁSIO: De modo semelhante, em 367 d.C., o grande líder da igreja, Atanásio, bispo de Alexandria, escreveu sua Carta Pascal e alistou todos os livros do nosso atual cânon do Novo Testamento e do Antigo Testamento, exceto Éster. Mencionou também alguns livros dos apócrifos, tais como a Sabedoria de Salomão, a Sabedoria de Sirac, Judite e Tobias, e disse que esses "não são na realidade incluídos no cânon, mas indicados pelos Pais para serem lidos por aqueles que recentemente se uniram a nós e que desejam instrução na palavra de bondade".

JERONIMO: Jerônimo (340-420.dc.) propugnou, no Prologus Galeatus. A citação pertinente de Prologus Galeatus é a seguinte:

"Este prólogo, como vanguarda (principium) com capacete das Escrituras, pode ser aplicado a todos os Livros que traduzimos do Hebraico para o Latim, de tal maneira que possamos saber que tudo quanto é separado destes deve ser colocado entre os Apócrifos. Portanto, a sabedoria comumente chamada de Salomão, o livro de Jesus, filho de Siraque, e Judite e Tobias e o Pastor (supõe-se que seja o Pastor de Hermas), não fazem parte do cânon. Descobri o Primeiro Livro de Macabeus em Hebraico; o Segundo foi escrito em Grego, conforme testifica sua própria linguagem".

Jerônimo, no seu prefácio aos Livros de Salomão, menciona ter descoberto Eclesiástico em Hebraico, mas declara em sua; convicção que a Sabedoria de Salomão teria sido originalmente composta em Grego e não em Hebraico, por demonstrar uma eloqüência tipicamente helenística. "E assim", continua ele, "da mesma maneira pela qual a igreja lê Judite e Tobias e Macabeus (no culto público) mas não os recebe entre as Escrituras canônicas, assim também sejam estes dois livros úteis para a edificação do povo, mas não para estabelecer as doutrinas da Igreja"). e noutros trechos, prima pelo reconhecimento de apenas os vinte e dois livros contidos no hebraico, e a relegação dos livros apócrifos a uma posição secundária. Assim, no seu Comentário de Daniel, lançou dúvidas quanto à canonicidade da história de Suzana, baseando-se no fato que o jogo de palavras atribuído a Daniel na narrativa, só podia ser derivado do grego e não do hebraico (inferência: a história foi originalmente composta em grego). Do mesmo modo, em conexão com a história de Bel e a do Dragão, declara; "a objeção se soluciona facilmente ao asseverar que esta história especifica não está incluída no texto hebraico do livro de Daniel. Se, porém, alguém fosse comprovar que pertence ao cânone, seríamos obrigados a buscar uma outra resposta a esta objeção"

MELITO: A mais antiga lista cristã dos livros do Antigo Testamento que existe hoje é a de Melito, bispo de Sardes, que escreveu em cerca de 170 d.C.

"Quando cheguei ao Oriente e encontrei-me no lugar em que essas coisas foram proclamadas e feitas, e conheci com precisão os livros do Antigo Testamento, avaliei os fatos e os enviei a ti. São estes os seus nomes: cinco livros de Moisés, Gênesis, Êxodo, Números, Levítico, Deuteronômio,Josué, filho de Num, Juizes, Rute, quatro livros dos Remos,'0 dois livros de Crônicas, os Salmos de Davi, os Provérbios de Salomão e sua Sabedoria," Eclesiastes, o Cântico dos Cânticos,Jó, os profetas Isaías,Jeremias, os Doze num único livro, Daniel, Ezequiel, Esdras."

É digno de nota que Melito não menciona aqui nenhum livro dos apócrifos, mas inclui todos os nossos atuais livros do Antigo Testamento, exceto Éster. Mas as autoridades católicas passam por cima de todos esses testemunhos para manter, em sua teimosia, os Apócrifos! AS HERESIAS DOS APÓCRIFOS

Uma das grandes razões, talvez a principal delas, porque nós evangélicos rejeitamos os Apócrifos, é devido a grande quantidade de heresias que tais livros apresentam. Fora isso, existem também lendas absurdas e fictícias e graves erros históricos e geográficos, o que fazem os Apócrifos serem desqualificados como palavra de Deus. A seguir daremos um resumo de cada livro e logo a seguir mostraremos seus graves erros.


RESUMO:


TOBIAS (200 a.C.) - É uma história novelística sobre a bondade de Tobiel (pai de Tobias) e alguns milagres preparados pelo anjo Rafael.

Apresenta:

· justificação pelas obras - 4:7-11; 12:8
· mediação dos Santos - 12:12
· superstições - 6:5, 7-9, 19
· um anjo engana Tobias e o ensina a mentir 5:16 a 19


JUDITE (150 a.C.) É a História de uma heroína viúva e formosa que salva sua cidade enganando um general inimigo e decapitando-o. grande heresia é a própria história onde os fins justificam os meios.

BARUQUE (100 a.D.) - Apresenta-se como sendo escrito por Baruque, o cronista do profeta Jeremias, numa exortação aos judeus quando da destruição de Jerusalém. Porém, é de data muito posterior, quando da segunda destruição de Jerusalém, no pós-Cristo.
Traz entre outras coisas, a intercessão pelos mortos - 3:4.

ECLESIÁSTICO (180 a.C.) - É muito semelhante ao livro de Provérbios, não fosse as tantas heresias:

· justificação pelas obras - 3:33,34
· trato cruel aos escravos - 33:26 e 30; 42:1 e 5
· incentiva o ódio aos Samaritanos - 50:27 e 28


SABEDORIA DE SALOMAO (40 a.D.) - Livro escrito com finalidade exclusiva de lutar contra a incredulidade e idolatria do epicurismo (filosofia grega na era Cristã).
Apresenta:

· o corpo como prisão da alma - 9:15
· doutrina estranha sobre a origem e o destino da alma 8:19 e 20
· salvação pela sabedoria - 9:19


1 MACABEUS (100 a.C.) - Descreve a história de 3 irmãos da
família "Macabeus", que no chamado período ínterbíblico (400 a.C. 3 a.D)
lutam contra inimigos dos judeus visando a preservação do seu povo e terra.

II MACABEUS (100 a.C.) - Não é a continuação do 1 Macabeus, mas um relato paralelo, cheio de lendas e prodígios de Judas Macabeu.

Apresenta:

· a oração pelos mortos - 12:44 - 46
· culto e missa pelos mortos - 12:43
· o próprio autor não se julga inspirado -15:38-40; 2:25-27
· intercessão pelos Santos - 7:28 e 15:14



ADIÇÕES A DANIEL:

capítulo 13 - A história de Suzana - segundo esta lenda Daniel salva Suzana num julgamento fictício baseado em falsos testemunhos.

capítulo 14 - Bel e o Dragão - Contém histórias sobre a necessidade da idolatria.
capítulo 3:24-90 - o cântico dos 3 jovens na fornalha.


LENDAS, ERROS E HERESIAS


1. Histórias fictícias, lendárias e absurdas

- Tobias 6.1-4 - "Partiu, pois, Tobias, e o cão o seguiu, e parou na primeira pousada junto ao rio Tigre. E saiu a lavar os pés, e eis que saiu da água um peixe monstruoso para o devorar. À sua vista, Tobias, espavorido, clamou em alta voz, dizendo: Senhor, ele lançou-se a mim. E o anjo disse disse-lhe: Pega-lhe pelas guerras, e puxa-o para ti. Tendo assim feito, puxou-o para terra, e o começou a palpitar a seus pés.

2. Erros Históricos e Geográficos

Os Apócrifos solapam a doutrina da inerrância porque esses livros incluem erros históricos e de outra natureza. Assim, se os Apócrifos são considerados parte das Escrituras, isso identifica erros na Palavra de Deus. Esses livros contêm erros históricos, geográficos e cronológicos, além de doutrinas obviamente heréticas; eles até aconselham atos imorais (Judite 9.1O,13). Os erros dos Apócrifos são freqüentemente apontados em obras de autoridade reconhecida. Por exemplo:

O erudito bíblico DL René Paehe comenta: "Exceto no caso de determinada informação histórica interessante (especialmente em 1. Macabeus) e alguns belos pensamentos morais (por exemplo Sabedoria de Salomão).

Tobias...

contém certos erros históricos e geográficos, tais como a suposição de que Senaqueribe era filho de Salmaneser (1 .15) em vez de Sargão II, e que Nínive foi tomado por Nabucodonosor e por Assuero (14.15) em vez de Nabopolassar e por Ciáxares... Judite não pode ser histórico porque contém erros evidentes... [Em 2 Macabeus] há também numerosas desordens e discrepâncias em assuntos cronológicos, históricos e numéricos, os quais refletem ignorância ou confusão..


HERESIAS


3. Ensinam Artes Mágicas ou de Feitiçaria como método de exorcismo

a) Tobias 6.5-9 - "Então disse o anjo: Tira as entranhas a esse peixe, e guarda, porque estas coisas te serão úteis. Feito isto, assou Tobias parte de sua carne, e levaram-na consigo para o caminho; salgaram o resto, para que lhes bastassem até chegassem a Ragés, cidade dos Medos. Então Tobias perguntou ao anjo e disse-lhe: Irmão Azarias, suplico-lhe que me digas de que remédio servirão estas partes do peixe, que tu me mandaste guardar: E o anjo, respondendo, disse-lhe: Se tu puseres um pedacinho do seu coração sobre brasas acesas , o seu fumo afugenta toda a casta de demônios, tanto do homem como da mulher, de sorte que não tornam mais a chegar a eles. E o fel é bom para untar os olhos que têm algumas névoas, e sararão"

b) Este ensino que o coração de um peixe tem o poder para expulsar toda espécie de demônios contradiz tudo o que a Bíblia diz sobre como enfrentar o demônio.
c) Deus jamais iria mandar um anjo seu, ensinar a um servo seu, como usar os métodos da macumba e da bruxaria para expulsar demônios.

d) Satanás não pode ser expelido pelos métodos enganosos da feitiçaria e bruxaria, e de fato ele não tem interesse nenhum em expelir demônios (Mt 12.26).
e) Um dos sinais apostólicos era a expulsão de demônios, e a única coisas que tiveram de usar foi o nome de Jesus (Mc 16.17; At 16.18)

4. Ensinam que Esmolas e Boas Obras - Limpam os Pecados e Salvam a Alma

a) Tobias 12.8, 9 - "É boa a oração acompanhada do jejum, dar esmola vale mais do que juntar tesouros de ouro; porque a esmola livra da morte (eterna), e é a que apaga os pecados, e faz encontrar a misericórdia e a vida eterna".

Eclesiástico 3.33 - "A água apaga o fogo ardente, e a esmola resiste aos pecados"
b) Este é o primeiro ensino de Satanás, o mais terrível, e se encontrar basicamente em todas a seitas heréticas.

c) A Salvação por obras, destrói todo o valor da obra vicária de Cristo em favor do pecador. Se caridade e boas obras limpam nossos pecados, nós não precisamos do sangue de Cristo. Porém, a Bíblia não deixa dúvidas quanto o valor exclusivo do sangue como um único meio de remissão e perdão de pecados:

- Hb 9:11, 12, 22 - "Mas Cristo... por seu próprio sangue, entrou uma vez por todas no santo lugar, havendo obtido uma eterna redenção ...sem derramamento de sangue não há remissão."

- I Pe 1:18, 19 - "sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver, que por tradição recebestes dos vossos pais, mas com precioso sangue, como de um cordeiro sem defeito e sem mancha, o sangue de Cristo,"

d) Contradiz Bíblia toda. Ela declara que somente pela graça de Deus e o sangue de Cristo o homem pode alcançar justificação e completa redenção:

- Romanos 3.20, 24, 24 e 29 - "Ninguém será justificado diante dele pelas obras da lei... sendo justificados gratuitamente por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus. A quem Deus propôs no seu sangue. Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei".5. Ensinam o Perdão dos pecados através das orações
a) Eclesiástico 3.4 - "O que ama a Deus implorará o perdão dos seus pecados, e se absterá de tornar a cair neles, e será ouvido na sua oração de todos os dias".

b) O perdão dos pecados não está baseado na oração que se faz pedindo o perdão, não é fé na oração, e sim fé naquele que perdoa o pecado, a oração por si só, é uma boa obra que a ninguém pode salvar. Somente a oração de confissão e arrependimento baseadas na fé no sacrifício vicário de Cristo traz o perdão (Pv. 28.13; I Jo 1.9; I Jo 2.1,2)

6. Ensinam a Oração Pelos Mortos

a) 2 Macabeus 12:43-46 - "e tendo feito uma coleta, mandou 12 mil dracmas de prata a Jerusalém, para serem oferecidas em sacrifícios pelos pecados dos mortos, sentindo bem e religiosamente a ressurreição, (porque, se ele não esperasse que os que tinham sido mortos, haviam um dia de ressuscitar, teria por uma coisa supérflua e vã orar pelos defuntos); e porque ele considerava que aos que tinham falecido na piedade estava reservada uma grandíssima misericórdia. É, pois, um santo e salutar pensamento orar pelos mortos, para que sejam livres dos seus pecados".

b) É neste texto falso, de um livro não canônico, que contradiz toda a Bíblia, que a Igreja Católica Romana baseia sua falta e herege doutrina do purgatório.

c) Este é novamente um ensino Satânico para desviar o homem da redenção exclusiva pelo sangue de Cristo, e não por orações que livram as almas do fogo de um lugar inventado pela mente doentia e apostata dos teólogos católicos romanos.

d) Após a morte o destino de todos os homens é selado, uns para perdição eterna e outros para a Salvação eterna - não existe meio de mudar o destinos de alguém após a sua morte. Veja Mt. 7:13,13; Lc 16.26

7. Ensinam a Existência de um Lugar Chamado PURGATÓRIO

a) Este é o ensino herético e satânico inventado pela Igreja Católica Romana, de que o homem, mesmo morrendo perdido, pode ter uma Segunda chance de Salvação.

b) Sabedoria 3.1-4 - "As almas dos justos estão na mão de Deus, e não os tocará o tormento da morte. Pareceu aos olhos dos insensatos que morriam; e a sua saída deste mundo foi considerada como uma aflição, e a sua separação de nós como um extermínio; mas eles estão em paz (no céu). E, se eles sofreram tormentos diante dos homens, a sua esperança está cheia de imortalidade".

c) A Igreja Católica baseia a doutrina do purgatório na ultima parte deste texto, onde diz: " E, se eles sofreram tormentos diante dos homens, a sua esperança está cheia de imortalidade".

- Eles ensinam que o tormento em que o justo está, é o purgatório que o purifica para entrar na imortalidade.

- Isto é uma deturpação do próprio texto do livro apócrifo. De modo, que a igreja Católica é capaz de qualquer desonestidade textual, para manter suas heresias.

- Até porque, ganha muito dinheiro com as indulgências e missas rezadas pelos mortos.

d) Leia atentamente as seguinte textos das Escrituras, que mostram a impossibilidade do purgatório : I Jo 1.7; Hb 9.22; Lc 23.40-43; I6: 19-31; I Co 15:55-58; I Ts 4:12-17; Ap 14:13; Ec 12:7; Fp 1:23; Sl 49:7-8; II Tm 2:11-13; At 10:43)

8. Nos Livros Apócrifos Os Anjos Mentem

a) Tobias 5.15-19 - "E o anjo disse-lhe: Eu o conduzirei e to reconduzirei. Tobias respondeu: Peço-te que me digas de que família e de tribo és tu? O anjo Rafael disse-lhe: Procuras saber a família do mercenário, ou o mesmo mercenário que vá com teu filho? Mas para que te não ponhas em cuidados,, eu sou Azarias, filho do grande Ananias. E Tobias respondeu-lhe: Tu és de uma ilustre família. Mas peço-te que te não ofendas por eu desejar conhecer a tua geração.

b) Um anjo de Deus não poderia mentir sobre a sua identidade, sem violar a própria lei santa de Deus. Todos os anjos de Deus, foram verdadeiros quando lhes foi perguntado a sua identidade. Veja Lc 1.19

9. Mulher que Jejuava Todos os Dias de Sua Vida

a) Judite 8:5,6 - "e no andar superior de sua casa tinha feito para si um quarto retirado, no qual se conservava recolhida com as suas criadas, e, trazendo um cilício sobre os seus rins, jejuava todos os dias de sua vida, exceto nos sábados, e nas neomênias, d nas festas da casa de Israel"

b) Este texto legendário tem sido usado por romana relacionado com a canonização dos "santos" de idolatria. Em nenhuma parte da Bíblia jejuar todos os dias da vida é sinal de santidade. Cristo jejuou 40 dias e 40 noites e depois não jejuou mais.

c) O livro de Judite é claramente um produção humana, uma lenda inspirada pelo Diabo, para escravizar os homens aos ensinos da igreja Católica Romana.

10. Ensinam Atitudes Anticristãs, como: Vingança, Crueldade e Egoísmo

a) VINGANÇA - Judite 9:2

b) CRUELDADE e EGOÍSMO - Eclesiástico 12:6

c) Contraria o que a Bíblia diz sobre:

- Vingança (Rm 12.19, 17)

- Crueldade e Egoísmo ( Pv. 25:21,22; Rm 12:20; Jo 6:5; Mt 6:44-48)

A igreja Católica tenta defender a IMACULADA CONCEIÇÃO baseando em uma deturpação dos apócrifos (Sabedoria 8:9,20) - Contradizendo: Lc. 1.30-35; Sl 51:5; Rm 3:23)

Diante de tudo isso perguntamos: Merecem confiança os livros Apócrifos ? A resposta obvia é, NÃO.

RESPOSTAS ÀS OBJEÇÕES ROMANISTAS


Os livros apócrifos do Antigo Testamento têm recebido diferentes graus de aceitação pelos cristãos. A maior parte dos protestantes e dos judeus aceita que tenham valor religioso e mesmo histórico, sem terem, contudo, autoridade canônica. Os católicos romanos desde o Concilio de Trento têm aceito esses livros como canônicos. Mais recentemente, os católicos romanos têm defendido a idéia de uma deuterocanonicidade, mas os livros apócrifos ainda são usados para dar apoio a doutrinas extrabíblicas, tendo sido proclamados como livros de inspiração divina no Concílio de Trento. Outros grupos, como os anglicanos e várias igrejas ortodoxas, nutrem diferentes concepções a respeito dos livros apócrifos. A seguir apresentamos um resumo dos argumentos que em geral são aduzidos para a aceitação desses livros, na crença de que detêm algum tipo de canonicidade e suas respectivas refutações.

OBJEÇÃO CATÓLICA:

1. Alusões no Novo Testamento. O Novo Testamento reflete o pensamento e registra alguns acontecimentos dos apócrifos. Por exemplo, o livro de Hebreus fala de mulheres que receberam seus mortos pela ressurreição (Hebreus 11.35), e faz referência a 2 Macabeus 7 e 12. Os chamados apócrifos ou pseudepígrafos são também citados em sua amplitude pelo Novo Testamento (Jd 14,15; 2Tm 3.8).

RE
FUTAÇÃO: Apela-se freqüentemente ao fato que o Novo Testamento usualmente emprega a tradução da LXX ao citar o Antigo Testamento. Portanto, já que a LXX continha os Apócrifos, decerto os Apóstolos do Novo Testamento reconheciam a autoridade da LXX inteira conforme então se constituía. Além disto, argumentam, é um fato que ocasionalmente apela-se a obras fora do "Cânone Palestiniano". Wíldeboer' e Torrey" colecionaram todas as instâncias possíveis de tais citações ou alusões a obras apócrifas, incluindo-se várias que apenas são hipotéticas. Mas toda esta linha de argumentos é realmente irrelevante para a questão em pauta, sendo que nem se alega que qualquer uma destas fontes seja proveniente dos Apócrifos Romanos.Na maioria dos casos as obras que supostamente foram citadas desapareceram há muito tempo - obras tais como o Apocalipse de Elias e a Assunção de Moisés (da qual sobrou um fragmento latino). Só num único caso, a citação de Enoque 1:9 em Judas 14-16, é que a fonte citada sobreviveu. Há citações de autores gregos pagãos, também no Novo Testamento. Em Atos 17:28, Paulo cita de Arato, Phaenomena, linha 5; em 1 Coríntios 15:33, cita da comédia de Menander, Thais. Certamente ninguém poderia supor que citações tais como estas estabelecem a canonicidade ou de Arato ou de Menander. Pelo contrário, o testemunho do Novo Testamento é muito decisivo contra a canonicidade dos quatorze livros Apócrifos. Demais disso, a alegação de que em muitas partes os escritos do Novo Testamento refletem influências dos livros Apócrifos, é deveras frágil demais para ser sustentada, pois se fosse assim, o livro de Enoque citado por Judas seria digno de muito mais crédito no sentido de canonicidade do que os Apócrifos romanos. Judas citada versículos inteiros deste livro, enquanto os Apócrifos adotados nas Bíblias romanas não aparece nenhuma vez com citações inteira ou em partes. Seguindo o mesmo raciocínio dos católicos poderíamos então canoniza-lo também! Então dizemos que virtualmente todos os livros do Antigo Testamento são citados como sendo divinamente autorizados, ou pelo menos há alusão a eles como tais. Embora acabe de ser esclarecido que a mera citação não estabelece necessariamente a canonicidade, é inconcebível que os vários autores do Novo Testamento pudessem ter considerado como canônicos os quatorze livros dos Apócrifos Romanos, sem ter feito uso deles em citações ou alusões.


OBJEÇÃO CATÓLICA:


2. Emprego que o Novo Testamento faz da versão Septuaginta. A tradução grega do Antigo Testamento hebraico, em Alexandria, é conhecida como Septuaginta (LXX). Foi a versão que Jesus usou e é a versão mais citada pelos autores do Novo Testamento e pelos cristãos primitivos. A LXX continha os livros apócrifos. A presença desses livros na LXX dá apoio ao cânon alexandrino, mais amplo, do Antigo Testamento, em oposição ao cânon palestino, mais reduzido que os omite.

REFUTAÇÃO: Mas não é de modo nenhum certo que todos os livros na LXX foram considerados canônicos, mesmo pelos próprios judeus de Alexandria. Bem decisiva contra isto é a evidência de Filon de Alexandria (que viveu no primeiro século d.C.), assim como o judaísmo oficial em outros lugares e épocas. Apesar de ter citado freqüentemente os livros canônicos do "Cânone Palestiniano", não faz uma citação sequer dos livros Apócrifos. Isto é impossível reconciliar com a teoria de um "Cânone Alexandrino" maior, a não ser que porventura alguns judeus de Alexandria não tivessem recebido este "Cânone Alexandrino" enquanto outros o reconheciam.

Em segundo lugar, relata-se de fontes fidedignas que a Versão Grega de Áquila foi aceita pelos judeus alexandrinos no segundo século d.C., apesar de não conter os livros Apócrifos. A dedução razoável desta evidência seria que (conforme o próprio Jerônimo esclareceu) os judeus de Alexandria resolveram incluir na sua edição do Antigo Testamento tanto os livros que reconheciam como sendo canônicos, como também os livros que eram "eclesiásticos" i,é., foram reconhecidos como sendo valiosos e edificantes, porém sem ser infalíveis.

Apoio adicional para esta suposição (que livros subcanônicos possam ter sido conservados e utilizados juntamente com os canônicos) foi recentemente descoberto nos achados da Caverna 4 de Cunrã. Ali, no coração da Palestina, onde seguramente o "Cânone Palestiniano" deve ter sido autoritativo, pelo menos dois livros Apócrifos se fazem representar - Eclesiástico e Tobias. Um fragmento de Tobias aparece num pedacinho de papiro, outro em couro; há também um fragmento em hebraico, escrito em couro. Vários fragmentos de Eclesiástico foram descobertos ali, e pelo menos na pequena quantidade representada, concordam bem exatamente com mss de Eclesiástico do século onze, descobertos na Genizá de Cairo na década de 1890. Quanto a isto, a Quarta Caverna de Cunrã também conservou obras pseudoepigráficas tais como o Testamento de Levi, em aramaico, o mesmo em hebraico, e o livro de Enoque (fragmentos de dez mss.diferentes!). Decerto, ninguém poderia argumentar com seriedade que os sectários tão estreitos de Cunrã consideravam como canônicas todas estas obras apócrifas e pseudoepigráficas só por causa de terem conservado cópias delas. A Palestina é que era o lar do cânon judaico, jamais a Alexandria, no Egito. O grande centro grego do saber pertencia no Egito, não tinha autoridade para saber com precisão que livros pertenciam ao Antigo Testamento judaico. Alexandria era o lugar da tradução apenas, não da canonização. O fato de a Septuaginta conter os apócrifo apenas comprova que os judeus alexandrinos traduziram os demais livros religiosos judaicos do período intertestamentário ao lado dos livros canônicos.

OBJEÇÃO CATÓLICA:

3. Os mais antigos manuscritos completos da Bíblia. Os mais antigos manuscritos gregos da Bíblia contêm os livros apócrifos inseridos entre os livros do Antigo Testamento. Os manuscritos Aleph (N), A e B, incluem esses livros, revelando que faziam parte da Bíblia cristã original.

REFUTAÇÃO:
Isto, porém, é verdade apenas em parte. Certamente os Targuns aramaicos não os reconheceram. Nem sequer o Pesita siríaco na sua forma mais antiga continha um único livro apócrifo; foi apenas posteriormente que alguns deles foram acrescentados. Uma investigação mais cuidadosa desta reivindicação reduz a autoridade sobre a qual os Apócrifos se alicerçam a apenas uma versão antiga, a Septuaginta, e àquelas traduções posteriores (tais como a Itala, a Cóptica, a Etiópica, e a Siríaca posterior) que foram dela derivadas. Mesmo no caso da Septuaginta, os livros Apócrifos mantêm uma existência um pouco Incerta. O Códice Vaticano ("B") não tem 1 e 2 Macabeus (canônicos segundo Roma), mas Inclui 1 Esdras (não-canônico segundo Roma). O Códice Sinaítico ("Alef") omite Baruque (canônico segundo Roma), mas inclui 4 Macabeus (não-canônico segundo Roma). O Códice Alexandrino ("A") contêm três livros apócrifos "não-canônicos": 1 Esdras e 3 e 4 Macabeus. Então acontece que até os três mais antigos mss. da LXX demonstram considerável falta de certeza quanto aos livros que compõem a lista dos Apócrifos, e que os quatorze aceitáveis à Igreja Romana não são de modo algum substanciados pelo testemunho dos grandes unciais do quarto e do quinto séculos. Os escritores do Novo Testamento quase sempre fizeram citações da LXX, mas jamais mencionaram um livro sequer dentre os apócrifos. No máximo, a presença dos apócrifos nas Bíblias cristãs do século IV mostra que tais livros eram aceitos até certo ponto por alguns cristãos, naquela época. Isso não significa que os judeus ou os cristãos como um todo aceitassem esses livros como canônicos, isso sem mencionarmos a igreja universal, que nunca os teve na relação de livros canônicos.

OBJEÇÃO CATÓLICA:

4. A arte cristã primitiva. Alguns dos registros mais antigos da arte cristã refletem o uso dos apócrifos. As representações nas catacumbas às vezes se baseavam na história dos fieis registrada no período intertestamentário.

REFUTAÇÃO:
As representações artísticas não constituem base para apurar a canonicidade dos apócrifos. As representações pintadas nas catacumbas, extraídas de livros apócrifos, apenas mostram que os crentes daquela era estavam cientes dos acontecimentos do período ínter-testamentário e os consideravam parte de sua herança religiosa. A arte cristã primitiva não decide nem resolve a questão da canonicidade dos apócrifos.

OBJEÇÃO CATÓLICA:


5. Os primeiros pais da igreja. Alguns dos mais antigos pais da igreja, de modo particular os do Ocidente, aceitaram e usaram os livros apócrifos em seu ensino e pregação. E até mesmo no Oriente, Clemente de Alexandria reconheceu 2 Esdras como inteiramente canônico. Orígenes acrescentou Macabeus bem como a Epístola de Jeremias à lista de livros bíblicos canônicos.

REFUTAÇÃO:
Muitos dos grandes pais da igreja em seu começo, dos quais Melito (190), Orígenes (253), Eusébio de Cesaréia (339), Hilário de Poitiers (366), Atanásio (373 d.C), Cirilo de Jerusalém (386 d.C), Gregório Nazianzeno (390), Rufino (410), Jerônimo (420), depuseram contra os apócrifos. Nenhuns dos primeiros pais de envergadura da igreja primitiva, anteriores a Agostinho, aceitaram todos os livros apócrifos canonizados em Trento. Então será mais correto dizer que alguns dos escritores cristãos antigos pareciam fazer isto.
OBJEÇÃO CATÓLICA:

6. A influência de Agostinho. Agostinho (c. 354-430) elevou a tradição ocidental mais aberta, a respeito dos livros apócrifos, ao seu apogeu, ao atribuir-lhes categoria canônica. Ele influênciou os concílios da igreja, em Hipo (393 d.C.) e em Cartago (397 d.C.), que relacionaram os apócrifos como canônicos. A partir de então, a igreja ocidental passou a usar os apócrifos em seu culto público.

REFUTAÇÃO:
O testemunho de Agostinho não é definitivo, nem isento de equívocos. Primeiramente, Agostinho às vezes faz supor que os apócrifos apenas tinham uma deuterocanonicidade (Cidade de Deus,18,36) e não canonicidade absoluta. Além disso, os Concílios de Hipo e de Cartago foram pequenos concílios locais, influenciados por Agostinho e pela tradição da Septuaginta grega. Nenhum estudioso hebreu qualificado teve presente em nenhum desses dois concílios. O especialista hebreu mais qualificado da época, Jerônimo, argumentou fortemente contra Agostinho, ao rejeitar a canocidade dos apócrifos. Jerônimo chegou a recusar-se a traduzir os apócrifos para o latim, ou mesmo incluí-los em suas versões em latim vulgar (Vugata latina). Só depois da morte de Jerônimo e praticamente por cima de seu cadáver, é que os livros apócrifos foram incorporaos à Vulgata latina. Além disso quando um antagonista apelou para uma passagem de 2 Macabeus para encerrar um argumento, Agostinho respondeu que sua causa era deveras fraca se tivesse que recorrer a um livro que não era da mesma categoria daqueles que eram recebidos e aceitos pelos judeus.

Esta defesa ambígua dos Apócrifos, da parte de Agostinho, é mais do que contrabalançada pela posição contrária adotada por Atanásio (que morreu em 365), tão reverenciado e altamente estimado tanto pelo Oriente como pelo Ocidente como sendo o campeão da ortodoxia trinitária. Na sua Trigésima Nona Carta, parágrafo 4, escreveu: "Há, pois, do Antigo Testamento vinte e dois livros", e então relaciona os livros que são aqueles que se acham no TM (Texto Massorético), aproximadamente na mesma ordem na qual aparecem na Bíblia Protestante. Nos parágrafos 6 e 7 declara que os livros extrabíblico (Lê., os quatorze dos Apócrifos) não são incluídos no Cânone, mas meramente são "indicados para serem lidos". Apesar disto, a Igreja Oriental mais tarde demonstrou uma tendência de concordar com a Igreja Ocidental em aceitar os Apócrifos (o segundo Concílio Trulano em Constantinopla, em 692). Mesmo assim, havia muitas pessoas que tinham suas reservas quanto a alguns dos quatorze, e finalmente, em Jerusalém, em 1672, a Igreja Grega reduziu o número de Apócrifos canônicos a quatro; Sabedoria, Eclesiástico, Tobias e Judite.OBJEÇÃO CATÓLICA:

7. O Concílio de Trento. Em 1546, o concilio católico romano do pós-Reforma, realizado em Trento, proclamou os livros apócrifos como canônicos, declarando o seguinte:

O sínodo [...] recebe e venera [...] todos os livros, tanto do Antigo Testamento como do Novo [incluindo-se os apócrifos] - entendendo que um único Deus é o Autor de ambos os testamentos [...] como se houvessem sido ditados pela boca do próprio Cristo, ou pelo Espírito Santo [...] se alguém não receber tais livros como sagrados e canônicos, em todas as suas partes, da forma em que têm sido usados e lidos na Igreja Católica [...] seja anátema.

Desde esse concílio de Trento, os livros apócrifos foram considerados canônicos, detentores de autoridade espiritual para a Igreja Católica Romana.

REFUTAÇÃO:
A ação do Concílio de Trento foi ao mesmo tempo polêmica e prejudicial. Em debates com Lutero, os católicos romanos haviam citado Macabeus, em apoio à oração pelos modos (v. 2Macabeus 12.45,46). Lutero e os protestantes que o seguiam desafiaram a canonicidade desse livro, citando o Novo Testamento, os primeiros pais da igreja e os mestres judeus, em apoio. O Concílio de Trento reagiu a Lutero canonizando os livros apócrifos. A ação do Concílio não foi apenas patentemente polêmica, foi também prejudicial, visto que nem os catorze livros apócrifos foram aceitos pelo Concílio. Primeiro e Segundo Esdras (3 e 4 Esdras dos católicos romanos; a versão católica de Douai denomina 1 e 2Esdras, respectivamente, os livros canônicos de Esdras e Neemias) e a Oração de Manassés foram rejeitados. A rejeição de 2Esdras é particularmente suspeita, porque contém um versículo muito forte contra a oração pelos mortos (2Esdras 7.105). Aliás, algum escriba medieval havia cortado essa seção dos manuscritos latinos de 2Esdras, sendo conhecida pelos manuscritos árabes, até ser reencontrada outra vez em latim por Robert L. Bentley, em 1874, numa biblioteca de Amiens, na França.

CATÓLICOS CONTRA OS APÓCRIFOS?


Essa decisão, em Trento, não refletiu uma anuência universal, indisputável, dentro da Igreja Católica. Os católicos não foram unânimes quanto a inspiração divina nesses livros. Lorraine Boetner (in Catolicismo Romano) cita o seguinte: "O papa Gregório, o grande, declarou que primeiro Macabeus, um livro apócrifo, não é canônico. Nessa exata época (da Reforma) o cardeal Cajetan, que se opusera a Lutero em Augsburgo, em 1518, publicou Comentário sobre todos os livros históricos fidedignos do Antigo Testamento, em 1532, omitindo os apócrifos. Antes ainda desse fato, o cardeal Ximenes havia feito distinção entre os apócrifos e o cânon do Antigo Testamento, em sua obra Poliglota com plutense (1514-1517), que por sinal foi aprovada pelo papa Leão X. Será que estes papas se enganaram? Se eles estavam certos, a decisão do Concílio de Trento estava errada. Se eles estavam errados, onde fica a infalibilidade do papa como mestre da doutrina?. Tendo em mente essa concepção, os protestantes em geral rejeitaram a decisão do Concílio de Trento, que não tivera base sólida.
OBJEÇÃO CATÓLICA:

8. Uso não-católico. As Bíblias protestantes desde a Reforma com freqüência continham os livros apócrifos. Na verdade, nas igrejas anglicanas os apócrifos são lidos regularmente nos cultos públicos, ao lado dos livros do Antigo e do Novo Testamento. Os apócrifos são também usados pelas igrejas de tradição ortodoxa oriental.

REFUTAÇÃO:
O uso dos livros apócrifos entre igrejas ortodoxas, anglicanas e protestantes foi desigual e diferenciado. Algumas os usam no culto público. Muitas Bíblias contém traduções dos livros apócrifos, ainda que colocados numa seção à parte, em geral entre o Antigo e o Novo Testamento. Ainda que não-católicos façam uso dos livros apócrifos, nunca lhes deram a mesma autoridade canônica do resto da Bíblia. Os não-católicos usam os apócrifos em seus devocionais, mais do que na afirmação doutrinária.

OBJEÇÃO CATÓLICA:


9. A comunidade do Mar Morto. Os livros apócrifos foram encontrados entre os rolos da comunidade do Mar Morto, em Qumran. Alguns haviam sido escritos em hebraico, o que seria indício de terem sido usados por judeus palestinos antes da época de Jesus.

REFUTAÇÃO:
Muitos livros não-canônicos foram descobertos em Qumran, dentre os quais comentários e manuais. Era uma biblioteca que continha numerosos livros não tidos como inspirados pela comunidade. Visto que na biblioteca de Qumran não se descobriram comentários nem citações autorizadas sobre os livros apócrifos, não existem evidências de que eram tidos como inspirados. Podemos presumir, portanto, que aquela comunidade cristã não considerava os apócrifos como canônicos. Ainda que se encontrassem evidências em contrário, o fato de esse grupo ser uma seita que se separa do judaísmo oficial mostraria ser natural que não fosse ortodoxo em todas as suas crenças. Tanto quanto podemos distinguir, contudo, esse grupo era ortodoxo à canonicidade do Antigo Testamento. Em outras palavras, não aceitavam a canonicidade dos livros apócrifos.Resumo e conclusão

Resumindo todos esses argumentos, essa postura afirma que o amplo emprego dos livros apócrifos por parte dos cristãos, desde os tempos mais primitivos, é evidência de sua aceitação pelo povo de Deus. Essa longa tradição culminou no reconhecimento oficial desses livros, no Concílio de Trento, como se tivessem sido inspirados por Deus. Mesmo não-católicos, até o presente momento, conferem aos livros apócrifos uma categoria de paracanônicos, o que se deduz do lugar que lhes dão em suas Bíblias e em suas igrejas.

O cânon do Antigo Testamento até a época de Neemias compreendia 22 (ou 24) livros em hebraico, que, nas Bíblias dos cristãos, seriam 39, como já se verificara por volta do século IV a.C. As objeções de menor monta a partir dessa época não mudaram o conteúdo do cânon. Foram os livros chamados apócrifos, escritos depois dessa época, que obtiveram grande circulação entre os cristãos, por causa da influência da tradução grega de Alexandria. Visto que alguns dos primeiros pais da igreja, de modo especial no Ocidente, mencionaram esses livros em seus escritos, a igreja (em grande parte por influência de Agostinho) deu-lhes uso mais amplo e eclesiástico. No entanto, até a época da Reforma esses livros não eram considerados canônicos. A canonização que receberam no Concílio de Trento não recebeu o apoio da história. A decisão desse Concílio foi polêmica e eivada de preconceito, como já o demonstramos.

Que os livros apócrifos, seja qual for o valor devocional ou eclesiástico que tiverem, não são canônicos, comprova-se pelos seguintes fatos:

1. A comunidade judaica jamais os aceitou como canônicos.

2. Não foram aceitos por Jesus, nem pelos autores do Novo Testamento.

3. A maior parte dos primeiros grandes pais da igreja rejeitou sua canonicidade.

4. Nenhum concilio da igreja os considerou canônicos senão no final do século IV.

5. Jerônimo, o grande especialista bíblico e tradutor da Vulgata, rejeitou fortemente os livros apócrifos.

6. Muitos estudiosos católicos romanos, ainda ao longo da Reforma, Rejeitaram os livros apócrifos.

7. Nenhuma igreja ortodoxa grega, anglicana ou protestante, até a presente data,
reconheceu os apócrifos como inspirados e canônicos, no sentido integral dessas palavras.

À vista desses fatos importantíssimos, torna-se absolutamente necessário que os cristãos de hoje jamais usem os livros apócrifos como se foram Palavra de Deus, nem os citem em apoio autorizado a qualquer doutrina cristã. Com efeito, quando examinados segundo os critérios elevados de canonicidade, estabelecidos, verificamos que aos livros apócrifos falta o seguinte:

1. Os apócrifos não reivindicam ser proféticos.

2. Não detém a autoridade de Deus. O prólogo do livro apócrifo Eclesiástico (180 a.C.)
diz:

"Muitos e excelentes ensinamentos nos foram transmitidos pela Lei, pelos profetas, e por outros escritores que vieram depois deles, o que torna Israel digno de louvor por sua doutrina e sua sabedoria, visto não somente os autores destes discursos tiveram de ser instruídos, também os próprios estrangeiros se podem tomar (por meio deles) muito hábeis tanto para falar como para escrever. Por isso, Jesus, meu avô, depois de se ter aplicado com grande cuidado à leitura da Lei, dos profetas e dos outros livros que nossos pais nos legaram, quis também escrever alguma coisa acerca da doutrina e sabedoria...Eu vos exorto, pois a ver com benevolência, e a empreender esta leitura com uma atenção particular e a perdoar-nos, se algumas vezes parecer que, ao reproduzir este retrato da soberania, somos incapazes de dar o sentido (claro) das expressões." Este prólogo é um auto-reconhecimento da falibilidade humana.

3. Contêm erros históricos (v. Tobias 1.3-5 e 14.11) e graves heresias, como a oração pelos mortos (2Macabeus 12.45,46; 4).

4. Embora seu conteúdo tenha algum valor para a edificação nos momentos devocionais, na maior parte se trata de texto repetitivo; são textos que já se encontram nos livros canônicos.

5. Há evidente ausência de profecia, o que não ocorre nos livros canônicos.

6. Os apócrifos nada acrescentam ao nosso conhecimento das verdades messiânicas.

7. O povo de Deus, a quem os apócrifos teriam sido originalmente apresentados, recusou-os terminantemente.

A comunidade judaica nunca mudou de opinião a respeito dos livros apócrifos. Alguns cristãos têm sido menos rígidos e categóricos; mas, seja qual for o valor que se lhes atribui, fica evidente que a igreja como um todo nunca aceitou os livros apócrifos como Escrituras Sagradas.

"Eis as razões porque definitivamente rejeitamos os Apócrifos"

*Este estudo foi fruto de várias pesquisas em livros, enciclopédias, manuais, léxicos, dicionários e internet. Compilados e adaptados pela equipe editorial do C.A.C.P.


1. Merece Confiança o Antigo Testamento?, Gleason L. Archer. Jr. Ed. Vida Nova.

2. Introdução Bíblica, Norman Geisler e William Nix. Ed. Vida.

3. Panorama do Velho Testamento, Ângelo Gagliardi Jr. Ed. Vinde.

4. O Novo Comentário da Bíblia vol I, vários autores. Ed. Vida Nova.

5. Evidência Que Exige um Veredito vol I, Josh McDowell. Ed. Candeia.

6. Os Fatos sobre "O Catolicismo Romano", John Ankerberg e John Weldon. Ed. Chamada da Meia-Noite.

7. O Catolicismo Romano, Adolfo Robleto. Ed. Juerp.

8. Estudos particulares de, Pr. José Laérton - IBR Emanuel - (085) 292-6204.(internet)

9. Estudos particulares de, Paulo R. B. Anglada.(internet)

10. Teologia Sistemática, Green. Ed. Vida Nova.

11. Anotações particulares do autor. Presb. Paulo Cristiano