sábado, 15 de agosto de 2009

O Zeitgeist do ‘Filme Zeitgeist’

Dr. Ben Witherington

Traduzido e adaptado por Wagner Kaba

Zeitgeist, the Movie é um filme lançado online em 2007, produzido pelo norte-americano Peter Joseph. O filme apresenta uma série de teorias da conspiração relacionadas ao Cristianismo, ataques de 11 de Setembro e a Reserva Federal dos EUA.

O filme Zeitgeist (que significa “espírito da época” em alemão) é dividido em três partes. A primeira delas ataca a historicidade da Bíblia. Afirma que Jesus é um antropomorfismo que englobou várias entidades solares de outras culturas antigas. Peter Joseph tenta demonstrar que a história de Cristo é basicamente um plágio da história do deus egípcio Hórus. O cristianismo, de acordo com Zeitgeist, seria uma invenção usada para enganar e manipular as massas.

O texto abaixo é uma tradução da crítica escrita pelo Dr. Ben Witherington, onde ele analisa esta primeira parte do filme e demonstra que suas teorias são facilmente refutadas com a ajuda de uma boa enciclopédia.

Dr. Ben Witherington é Ph.D. pela universidade de Durham, Inglaterra, e professor do Asbury Theological Seminary, onde ministra aulas na área de Novo Testamento. É autor de vários livros, incluindo História e Histórias do Novo Testamento (Edições Vida Nova) e O Fim do Conflito
(Editora Landscape).

Quase cinqüenta anos atrás, no início dos anos 70 um filósofo francês chamado Jean-Pierre Lyotard começou o que foi chamado de pensamento pós-moderno. O pensamento pós-moderno, em sua forma mais rudimentar, envolve a desconstrução de todas as principais meta-narrativas da modernidade, em particular o modernismo ocidental. Isto incluiu uma desconstrução da meta-narrativa cristã, sob qualquer forma que assumiu. A principal coisa a ser entendida sobre Lyotard é sua oposição a toda meta-narrativa, inclusive a única a ser construída em quase duas horas do filme (uma hora e 56 minutos), que está disponível na Internet através do Google vídeo. Sua popularidade é demonstrada não só pelo número de acessos onde você pode encontrá-lo, mas pelo fato de que ele está disponível com todos os tipos de legendas em outros idiomas.

Várias pessoas referiram-se a este filme como pós-moderno e pós-cristão, e certamente este último adjetivo lhe é aplicável, como facilmente se poderia denominá-lo como um filme anticristão ao afirmar que o cristianismo é um mito que levou a todos os tipos de comportamentos maus destrutivos, e ao explicar o cristianismo com base em um tipo de argumento “religião geschichte“, ou seja, um argumento da história das religiões (esta religião derivou-se desta religião que derivou daquela religião, e todas elas constituem-se em um monte de mitos e enganos). O meu ponto em mencionar o pós-modernismo é que este filme não é pós-moderno, em qualquer sentido, uma vez que o autor está a tentar construir uma nova meta-narrativa para substituir os antigos cristãos. Pós-cristão e anticristão sim, pós-moderno não.

Aqui está o que o site do filme Zeitgeist (lançado em Junho de 2007) apresenta sobre o assunto:

“Zeitgeist, produzido por Peter Joseph, foi criado como uma expressão fílmica sem fins lucrativos para inspirar as pessoas a começarem a olhar para o mundo a partir de uma perspectiva mais crítica e compreenderem que muitas vezes as coisas não são o que a população em geral pensa que elas são. As informações de Zeitgeist foram construídas durante um longo período de investigação de um ano e as e a página de Fontes neste site lista as fontes básicas usadas/referenciadas e a Transcrição Interativa inclui as referências exatas das fontes e maiores informações.”

Em outras palavras, ele tenta reivindicar a assunção do alto fundamento intelectual do pensamento crítico, clamando por mais disto, e declara ser baseado em sólida e cuidadosa pesquisa histórica, apresentando uma lista de suas fontes. Também tenta aparecer humilde ao exortar as pessoas, na parte inferior da primeira página do site, para não tomarem o que é encontrado no filme como a verdade, mas como um incentivo para se buscá-la, pois a “verdade não é dita, é percebida”, seja lá o que isso possa significar. Mas vamos ser claros, apesar deste aviso, este filme tem um ponto de vista claramente pejorativo e tenta trocar uma espécie de verdade por outra.

Observe também a palavra “inspirar” da citação supra do web site. De fato, tal “fílmico” (como eles chamam isso — uma palavra que não existe [na língua inglesa] até onde eu sei1) é todo sobre a política de medo e distorção. Você pode perceber isso através da introdução sem palavras que fornece uma ligação não tão sutil de imagens do Cristianismo, dos EUA, de guerras e do ataque de 11 de setembro, e, então, o não tão sutil entrelaçamento de imagens da evolução. Esta idéia é implantada — a história evolucionária das origens necessita suplantar o mito cristão das origens, de uma vez por todas. Alguém poderia dizer que este é um filme de Richard Dawkins ou de Christopher Hitchens.

Sempre é bom verificar as fontes de uma asserção em particular tanto se foi feita neste filme ou em algum outro lugar, e, portanto aqui está a lista de fontes usadas neste filme em particular como fornecida pelo autor.

[S1] - Singh, Madanjeet: ‘The Sun- Symbol of Power and Life, UNESCO Pub., 1993
[S2] - Krupp, Edwin: In Search of Ancient Astronomies, Mcgraw-Hill, 1979
[S3] - Carpenter, Edward: Pagan and Christian Creeds, DODO Press, Chaper III: “The Symbolism of the Zodiac
[S4] - Hall, Manly P.: The Secret Teachings of All Ages, 1928. Page 53-56 [Chapter: "The Zodiac and Its Signs]
[S5] - Carpenter, Edward: Pagan & Christian Creeds, 1920. Page 36-53 [Chaper III: "The Symbolism of the Zodiac]
[S6] - Acharya S.: Suns of God, Adventures Unlimited Press, 2004. Page 60-85 [Chaper III: "The Sun God"]
[S7] - Hazelrigg, John.: The Sun Book, Health Research, 1971. Page 43
[S8] - Acharya S.: Suns of God, Adventures Unlimited Press, 2004. Page 86-95
[S9] - Olcott, William Tyler : Suns Lore of All Ages, The Book Tree, 1914. Page 157
[S10] - Mackenzie, Donald: Egyption Myth and Legend, 1907 Page 163
[S11] - Churchward, Albert: The Origin & Evolution of Religion, Page 48, 51
[S12] - Acharya S.: Suns of God, Adventures Unlimited Press, 2004. Page 92, 113
[S13] - Acharya S.: The Christ Conspiracy, Adventures Unlimited Press, 1999. Page 257-259
[S14] - Massey, Gerald.: The Historical Jesus and the Mythical Christ, The Book Tree, . Page 39-40
[S15] - Septehenses, Clerk De.: Religions. of the Ancient. Greeks, p. 214.
[S16] - Doane, Thomas.: Bible Myths and Their Parallels in Other Religions, p. 327-328
[S17] - Massey, Gerald.: The Historical Jesus and the Mythical Christ, The Book Tree, . Page 40
[S18] - Hall, Manly P.: The Secret Teachings of All Ages, 1928. Page 53-56 [Chapter 7: "Isis, the Virgin of the World"]
[S19] - Massey, Gerald.: The Historical Jesus and the Mythical Christ, The Book Tree, . Page 12-13
[S20] - Jackson, John: Christianity before Christ, AAP, p111-113
[S21] -Walker, Barbara: Women’s Encyplodia of Myths and Secrets, p. 748-754
[S22] - Massey, Gerald.: The Historical Jesus and the Mythical Christ, The Book Tree, . Pages 56-61
[S23] - Massey, Gerald.: Ancient Egypt The Light of The World ,Cosimo Classics, Pages 613-620
[S24] - Massey, Gerald. :Ancient Egypt The Light of The World ,Cosimo Classics, Pages 614
[S25] - Massey, Gerald.: Ancient Egypt The Light of The World ,Cosimo Classics, Pages 600-607
[S26] - Doane, Thomas.: Bible Myths and Their Parallels in Other Religions, p. 256, 273
[S27] - Massey, Gerald.: Ancient Egypt The Light of The World ,Cosimo Classics, Pages 623-661
[S28] - Massey, Gerald.: Ancient Egypt The Light of The World ,Cosimo Classics, Page 626
[S29] - Massey, Gerald.: The Historical Jesus and the Mythical Christ, The Book Tree, . Pages 74-75
[S30] - Acharya S.: The Christ Conspiracy, Adventures Unlimited Press, 1999. Page 115
[S31] - Massey, Gerald.: The Historical Jesus and the Mythical Christ, The Book Tree, . Pages 43-47
[S32] - Acharya S.: Suns of God , Adventures Unlimited Press, 2004. Page 93
[S33] - Churchward, Albert: The Origin & Evolution of Religion, Page 135
[S34] - Bonswick, James: Egyption Belief and Modern Thought, p. 157
[S35] - Massey, Gerald.: Ancient Egypt The Light of The World ,Cosimo Classics, Page 628-629
[S36] - Doane, Thomas: Bible Myths and Their Parallels in Other Religions, p. 222- 223
[S37] - Bonswick, James: Egyption Belief and Modern Thought, p. 150-155, 178
[S38] - Acharya S.: The Christ Conspiracy, Adventures Unlimited Press, 1999. Page 107-108
[S39] - Frazer, James.: The Golden Bough, Touchstone, 1963. Page 403-409
[S40] - Jackson, John: Christianity before Christ, AAP, p. 67
[S41] - Doane, Thomas: Bible Myths and Their Parallels in Other Religions, p. 190-191
[S42] - Berry, Gerald: Religions of the World, B&N, p.20
[S43] - Weigall, Arthur: The Paganism in our Christianity, Thames & Hudson, 1999 p115-116
[S44] - Carpenter, Edward: Pagan and Christian Creeds, p 12
[S45] - Acharya S.: Suns of God , Adventures Unlimited Press, 2004. Chapter 7
[S46] - Doane, Thomas: Bible Myths and Their Parallels in Other Religions, p. 113-115
[S47] - Wilkes, Charles (translator): Bhagavat-Geeta, 1785 p 52
[S48] - Doane, Thomas: Bible Myths and Their Parallels in Other Religions, p. 278-288
[S49] - Freke & Gandy: The Jesus Mysteries, Three Rivers Press, p. 29, 33, 38, 48, 56
[S50] - Frazer, James.: The Golden Bough, Touchstone, 1963. Page 451-452, 543
[S51] - Acharya S.: The Christ Conspiracy, Adventures Unlimited Press, 1999. Page 111-113
[S52] - Doane, Thomas: Bible Myths and Their Parallels in Other Religions, p. 193
[S53] - Weigall, Arthur: The Paganism in our Christianity, Thames & Hudson, 1999 p220-224
[S54] - Carpenter, Edward: Pagan and Christian Creeds, DODO Press, p10
[S55] - Freke & Gandy: The Jesus Mysteries, Three Rivers Press, p. 33, 42
[S56] - Frazer, James.: The Golden Bough, Touchstone, 1963. Page 415-420
[S57] - Doane, Thomas: Bible Myths and Their Parallels in Other Religions, p. 223
[S58] - Acharya S.: The Christ Conspiracy, Adventures Unlimited Press, 1999. Page 118-120
[S59] - King James Version, The Holy Bible, Holman
[S60] - Carpenter, Edward: Pagan and Christian Creeds, DODO Press, p16-17
[S61] - Charles F. Dupuis : Origine de Tous les Cultes, Paris, 1822
[S62] - Massey, Gerald.: The Historical Jesus and the Mythical Christ, The Book Tree, . Pages 12-13
[S63] - Doane, Thomas: Bible Myths and Their Parallels in Other Religions, p. 140-146
[S64] - Irvin & Rutajit: Astrotheology and Shamanism, The Book Tree, Pages 25-26
[S65] - Carpenter, Edward: Pagan and Christian Creeds, DODO Press, p 17-18
[S66] - Frazer, James.: The Golden Bough, Touchstone, 1963. Page 391
[S67] - Moor, Edward, The Hindu Pantheon, Simpson, p154
[S68] - Maxwell, Tice, Snow: That Old-Time Religion,The Book Tree, p43
[S69] - Freke & Gandy: The Jesus Mysteries, Three Rivers Press, p. 33
[S70] - Massey, Gerald.: The Historical Jesus and the Mythical Christ, The Book Tree, . Pages 27
[S71] - Acharya S.: The Christ Conspiracy, Adventures Unlimited Press, 1999. Pages 189-190
[S72] - Acharya S.: Suns of God , Adventures Unlimited Press, 2004. p199,220-221,352-353
[S73] - Frazer, James.: The Golden Bough, Touchstone, 1963. Page 415-417
[S74] - Acharya S.: The Christ Conspiracy, Adventures Unlimited Press, 1999. Pages 154-155
[S75] - Massey, Gerald.: The Historical Jesus and the Mythical Christ, The Book Tree, . Pages 10, 98
[S76] - Maxwell, Tice, Snow: That Old-Time Religion,The Book Tree, p41
[S77] - Roy, S.B: Prehistoric Lunar Astronomy, Institute of Chronology, New Delhi, 1976 p.114
[S78] - Bonswick, James: Egyption Belief and Modern Thought, p. 174
[S79] - Doane, Thomas: Bible Myths and Their Parallels in Other Religions, p. 495-508
[S80] - Doane, Thomas: Bible Myths and Their Parallels in Other Religions, p. 483-492
[S81] - Olcott, William Tyler : Suns Lore of All Ages, The Book Tree, 1914. chapter IX
[S82] - Hall, Manly P.: The Secret Teachings of All Ages, 1928. Page 183
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[S84] - Acharya S.: The Christ Conspiracy, Adventures Unlimited Press, 1999. Pages 166-183
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[S87] - Jackson, John: Christianity before Christ, AAP, p. 185
[S88] - Campbell, Jospeh: Creative Mytholigy- The Masks of God, Penguin, p 24-25
[S89] - Churchward, Albert: The Origin & Evolution of Religion, p 363
[S90] - Acharya S.: The Christ Conspiracy, Adventures Unlimited Press, 1999. p.218
[S91] - Maxwell, Tice, Snow: That Old-Time Religion,The Book Tree, p41
[S92] - King James Version, The Holy Bible, Holman, John 9:5
[S93] - King James Version, The Holy Bible, Holman, Matthew 28:6
[S94] - King James Version, The Holy Bible, Holman John 14:3
[S95] - King James Version, The Holy Bible, Holman, 2 Corinthians 4:6
[S96] - King James Version, The Holy Bible, Holman, Romans 13:12
[S97] - King James Version, The Holy Bible, Holman, John 3:3
[S98] - King James Version, The Holy Bible, Holman, Mark 13:26
[S99] - King James Version, The Holy Bible, Holman, John 3:13
[S100] - King James Version, The Holy Bible, Holman, John 19:5
[S101] - Hall, Manly P.: The Secret Teachings of All Ages, 1928. Page 53-54
[S102] - A.L. Berger; Obliquity & Precession for the last 5 million years; Astronomy & astrophysics (1976), p127
[S103] - Campion, Nicholas: The Great Year: Astrology, Millenarianism, and History in the Western Tradition, Penguin
[S104] - http://en.wikipedia.org/wiki/Precession_of_the_equinoxes
[S105] - http://en.wikipedia.org/wiki/Age_of_Aquarius
[S106] - King James Version, The Holy Bible, Holman, Exodus 32-34
[S107] - King James Version, The Holy Bible, Holman, Exodus 32:27
[S108] - http://en.wikipedia.org/wiki/Golden_calf#The_Sin_of_Idolatry
[S109] - Acharya S.: The Christ Conspiracy, Adventures Unlimited Press, 1999. p.146
[S110] -Wagner, Leopold: Manners, Customs, and Observances; Jewish Fasts and Festivals 1894 # 403
[S111] - Carpenter, Edward: Pagan and Christian Creeds, DODO Press, p16-17
[S112] - Acharya S.: Suns of God , Adventures Unlimited Press, 2004. p 127
[S113] - Hall, Manly P.: The Secret Teachings of All Ages, 1928. P 55
[S114] - Dowling, Eva S. A, Ph.D: Scribe to the Messenger, p 6
[S115] - Carpenter, Edward: Pagan and Christian Creeds, DODO Press, p 30
[S116] - King James Version, The Holy Bible, Holman, John 6:9-11
[S117] - King James Version, The Holy Bible, Holman, Matthew 4:19
[S118] - Acharya S.: The Christ Conspiracy, Adventures Unlimited Press, 1999. p.146
[S119] - Acharya S.: The Christ Conspiracy, Adventures Unlimited Press, 1999. p.146-147
[S120] - Leedom, Tim.: The Book your Church Doesnt Want You to Read, Truth Seeker,. p.25
[S121] - King James Version, The Holy Bible, Holman, Matthew 28:20
[S122] - Maxwell, Tice, Snow: That Old-Time Religion,The Book Tree, p44
[S123] - Churchward, Albert: The Origin & Evolution of Religion, p 282, 366
[S124] - Massey, Gerald.: The Historical Jesus and the Mythical Christ, The Book Tree, . Pages 1-10
[S125] - Massey, Gerald.: Lectures, A & B, p 7-8
[S126] - Acharya S.: The Christ Conspiracy, Adventures Unlimited Press, 1999. p.265-274
[S127] - Wells, G.A.: Who was Jesus?, Open Court 1991 p179
[S128] - Jackson, John: Christianity before Christ, AAP, p. 109-118
[S129] - Budge. Sir. E.A. Wallis: The Gods of the Egyptions Vol I, Methuen and Co. p566-599
[S130] - Churchward, Albert: The Origin & Evolution of Religion, p 394-403
[S131] - Doane, Thomas.: Bible Myths and Their Parallels in Other Religions, p. 122,190,213,222,256,327,363,476,484
[S132] - Acharya S.: The Christ Conspiracy, Adventures Unlimited Press, 1999. p.115-116
[S133] - Jackson, John: Christianity before Christ, AAP, p. 110-112
[S134] - Massey, Gerald.: The Historical Jesus and the Mythical Christ, The Book Tree, . Pages 32-35
[S135] - Massey, Gerald.: Ancient Egypt The Light of The World ,Cosimo Classics, Page 663-671
[S136] - Acharya S.: The Christ Conspiracy, Adventures Unlimited Press, 1999. p.237-239
[S137] -Walker, Barbara: Women’s Encyplodia of Myths and Secrets, p. 315
[S138] -Thompson, R. Campbell (tr. by ): The Epic of Gilgamish, 1928
[S139] - Budge. Sir. E.A. Wallis: The Babylonian Story of the Deluge and the Epic of Gilgamish, 1929
[S140] - Teeple, Howard M.: The Noah’s Ark Nonsense, Religion and Ethics Institute, 1978
[S141] - King James Version, The Holy Bible, Holman, Exodus 2:1-10
[S142] - Blavatsky, H. P.: The Secret Doctrine Vol 1, p 319-320
[S143] - Acharya S.: The Christ Conspiracy, Adventures Unlimited Press, 1999. p.241-243
[S144] - King James Version, The Holy Bible, Holman, Exodus 20:2-17
[S145] - Doane, Thomas.: Bible Myths and Their Parallels in Other Religions, p. 55-61
[S146] - Acharya S.: The Christ Conspiracy, Adventures Unlimited Press, 1999. p.241
[S147] - Doane, Thomas.: Bible Myths and Their Parallels in Other Religions, p. 60
[S148] - Graham, Lloyd, Deceptions and Myths of the Bible, Citidel, 1991, p. 147
[S149] - Massey, Gerald. :Ancient Egypt The Light of The World ,Cosimo Classics, Pages 526-528
[S150] - Budge. Sir. E.A. Wallis: The Book of the Dead, Gramercy, Chapter CXXV
[S151] - Doane, Thomas.: Bible Myths and Their Parallels in Other Religions, p. 319-321
[S152] - Budge. Sir. E.A. Wallis: The Book of the Dead, Gramercy, p66
[S153] - Budge. Sir. E.A. Wallis: The Book of the Dead, Gramercy, Chapter CXXV
[S154] - Massey, Gerald. :Ancient Egypt The Light of The World ,Cosimo Classics, p99-148
[S155] - Massey, Gerald. :Ancient Egypt The Light of The World ,Cosimo Classics, p84, 197-198,200, 202, 213, 215
[S155] - Massey, Gerald. :Ancient Egypt The Light of The World ,Cosimo Classics, p888-893
[S156] - Doane, Thomas.: Bible Myths and Their Parallels in Other Religions, p. 181-205
[S157] - Maxwell, Tice, Snow: That Old-Time Religion,The Book Tree, p51-53
[S158] - Massey, Gerald. :Ancient Egypt The Light of The World ,Cosimo Classics, p942, 951-952
[S159] - Doane, Thomas.: Bible Myths and Their Parallels in Other Religions, p. 85-87
[S160] - Massey, Gerald. :Ancient Egypt The Light of The World ,Cosimo Classics, Book 4, p149-196
[S161] - Massey, Gerald. :Ancient Egypt The Light of The World ,Cosimo Classics , p92 180, 192, 26-266
[S162] - Acharya S.: The Christ Conspiracy, Adventures Unlimited Press, 1999. p.237-239
[S163] - Massey, Gerald. :Ancient Egypt The Light of The World , Cosimo, p130, 228, 274, 584-585, 859, 870, 880
[S164] - Olcott, William Tyler : Suns Lore of All Ages, The Book Tree, 1914. chapter IX
[S165] - Bonwick, James: Egyptian Belief and Modern Thought, C. Kegan, 1878, p.237
[S166] - Massey, Gerald. :Ancient Egypt The Light of The World ,Cosimo Classics, p888, 797 [* also see S163]
[S167] - Martyr, Justin: First Apology / The Apostolic Fathers: Martyr and Irenaeus by Philip Schaff. Eerdmans Pub.
[S168] - Martyr, Justin: I Apol., chs. xxi, xxii; ANF. i, 170; cf. Add. ad Grace. ch. lxix; Ib. 233.
[S169] - Freke & Gandy: The Jesus Mysteries, Three Rivers Press, Chapter 3 -”Diabolical Mimicry”
[S170] - Doane, Thomas.: Bible Myths and Their Parallels in Other Religions, p. 466-507
[S171] - Churchward, Albert: The Origin & Evolution of Religion, p 404-409
[S172] - Carpenter, Edward: Pagan and Christian Creeds, DODO Press, Chaper II & III
[S173] - Massey, Gerald. :Ancient Egypt The Light of The World ,Cosimo Classics, p563-622
[S174] - Acharya S.: Suns of God , Adventures Unlimited Press, 2004. Chapters II, III, IV
[S175] - King James Version, The Holy Bible, Holman, Gen. 30:22-24
[S176] - King James Version, The Holy Bible, Holman, Matt. 1:18-23
[S177] - King James Version, The Holy Bible, Holman, Gen. 42:13
[S178] - King James Version, The Holy Bible, Holman, Matt. 10-1
[S179] - King James Version, The Holy Bible, Holman, Gen. 37:28
[S180] - King James Version, The Holy Bible, Holman, Matt. 26:15
[S181] - King James Version, The Holy Bible, Holman, Gen. 37:26-27
[S182] - King James Version, The Holy Bible, Holman, Matthew 26:14-15
[S183] - King James Version, The Holy Bible, Holman, Gen. 37:28
[S184] - King James Version, The Holy Bible, Holman, Matthew 26:15
[S185] - Murdock, D.M. - Who was Jesus?, Steller House Publishing, Chapter “Extrabiblical Testimony”
[S186] - Remsburg, John E.: The Christ Myth, Nuvision Pub, p 17-30
[S187] - Freke & Gandy: The Jesus Mysteries, Three Rivers Press, p. 133-139
[S188] - Doherty, Earl: The Jesus Puzzle, A&R,p78
[S189] - Acharya S.: Suns of God , Adventures Unlimited Press, 2004. p381-388
[S190] - Doherty, Earl: The Jesus Puzzle, A&R, Chapter 2
[S191] - Freke & Gandy: The Jesus Mysteries, Three Rivers Press, Chapter 7
[S192] - Murdock, D.M. - Who was Jesus?, Steller House Publishing, 2005
[S193] - Remsburg, John E.: The Christ Myth, Nuvision Pub, Chapter 1
[S194] - Allegro, John - The Dead Sea Scrolls and the Christian Myth, Prometheus Books, 190-203
[S195] - Massey, Gerald. : Lectures- Gnostic amd Historic Christianity,Cosimo Classics, p. 73-104
[S196] - Freke & Gandy: The Jesus Mysteries, Three Rivers Press, p 89-110, 253-256
[S197] - Acharya S.: The Christ Conspiracy, Adventures Unlimited Press, 1999. p.340-342

O que podemos notar sobre esta lista de fontes? Nem um único desses autores e dessas fontes é especialista na Bíblia, na história Bíblica, no Antigo Oriente Médio, em Egiptologia, ou em qualquer um dos campos cognatos. Muitas destas fontes são antigas, e os argumentos que elas apresentam foram demonstrados há muito tempo como fracos. A obra venerável de Frazer The Goldem Bough será talvez a fonte mais familiar de todas citadas, e alguns de vocês podem ter ouvido sobre o pobre John Allegro, que tentou argumentar que o movimento Cristão nasceu de um antigo culto de cogumelos. Sua obra foi ridicularizada em seu campo há muito tempo atrás, e isto é triste já que ele fez algum trabalho interessante sobre os Manuscritos do Mar Morto, que, a propósito, não comentam e nem têm relação com as origens do movimento de Jesus em si, exceto, de modo bem tangencial, se (enfatizando-se o “se”) João Batista puder ter ligação com os essênios.

O ponto em que quero chegar ao listar estas fontes é que elas não são fontes seguras de informação sobre as origens do Cristianismo, Judaísmo ou de algo de qualquer relevância para esta discussão. O argumento essencial atrás deste tipo de filme e desta polêmica é um argumento chamado de “sincretismo”. Ou seja, não há nada de novo debaixo do sol da religiosidade, e, portanto é claro que devemos explicar a origem de coisas como a ressurreição de Jesus com base nas noções egípcias de vida após a morte. Não importa que o pensamento egípcio fosse politeísta e desprezado pelos antigos judeus, e não importa que o que é discutido no Livro dos Mortos e em qualquer outro lugar da literatura egípcia é uma vida após a morte em outro mundo, não uma volta a este mundo no mesmo corpo, apesar disso, em um argumento sincretista é preciso apresentar as origens das idéias judaicas com base em alguma outra religião, a qual é igualmente mitológica. E em tal argumento é importante saber qual é a galinha e qual é o ovo.

O Zoroastrismo também é citado como uma das fontes das supostas origens do Judaísmo ou do Cristianismo. É claro que o problema com isso é que não temos nenhuma fonte sobre Zoroastro que seja anterior às fontes cristãs, muito menos que seja anterior as fontes judaicas como os Manuscritos do Mar Morto. Nenhuma. É uma questão aberta o quê se pode conhecer historicamente, de alguma forma, sobre Zoroastro e sobre as origens da religião que leva o seu nome. O que se pode dizer é que não há pista de nenhuma influência direta desta religião ou da religião egípcia em si no Velho ou no Novo Testamento. Você não irá encontrar seminários no encontro nacional da SBL2 sobre como o Zoroastrismo ou a religião egípcia explicam tudo o que precisamos saber sobre as origens da religião Bíblica. De fato, o que você pode encontrar na Bíblia é a desconstrução de mitos de outras culturas, ou, melhor dizendo, a desmitologização de tal material, por escritores Bíblicos criando polêmicas. George Earnest Wright, que me ensinou muito em Harvard, costumava enfatizar que os judeus não foram, de maneira geral, um povo criador de mitos. Ele estava certo sobre isto. Eles fundamentaram suas histórias na história, particularmente no que veio a ser chamado de história da salvação. E quando eles usaram imagens mitológicas (como por exemplo, a imagem do grande monstro do mar Leviatã) eles as usaram de modo histórico. Um bom exemplo deste tipo de prática são alguns materiais que encontramos no livro de Apocalipse. Apocalipse 12 conta a lenda de uma mulher, representando um grupo histórico de pessoas, e um dragão tentando destruir seu filho, e quando isto falha, então ela. Imagens mitológicas certamente são usadas aqui, de antigos mitos de combates (veja meu comentário sobre o livro de Apocalipse). Mas o que é interessante sobre a utilização é que as imagens mitológicas são usadas para servir a propósitos históricos — o autor não acredita apenas que há um povo histórico de Deus, ele também acredita que há um ser espiritual chamado Satã, e ele usa as imagens mitológicas mais espinhosas que ele pode achar para descrevê-lo. Isto é chamado de desmitologizar imagens mitológicas e usá-las para propósitos históricos e outros.

Finalmente, você pode perceber, além disso, que o Sr. Joseph não se preocupou em consultar qualquer comentarista especialista nos textos gregos ou hebraicos da Bíblia. Ele simplesmente cita a Versão King James3 quando ele quer falar sobre a Bíblia.

É claro que Peter Joseph é um daqueles tipos de escritores e produtores de cinema cada vez mais populares — o especialista em teorias da conspiração (pense em Dan Brown4 com esteróroides). Seu argumento principal é que a verdade sobre as origens mitológicas de todas as religiões foram suprimidas por muito tempo. Seu argumento é que todas as figuras de salvadores são projeções antropológicas que criam mitos religiosos. Ele também quer ver todos, seja Mitra ou Jesus ou qualquer outro como criações fictícias. Ele está especialmente raivoso com o elitismo — sua visão é que o mito do Judaísmo e do Cristianismo foram impostos ao mundo de cima para baixo, e ainda estamos sofrendo deste tipo de pensamento elitista. Portanto, em sua visão, Jesus não existiu e fomos todos enganados sobre este assunto.

Portanto é claro que Peter Joseph está nos regalando com a teoria de que suas teorias foram suprimidas e que seu filme está na lista negra. Se você for ao Youtube e procurar por comentários sobre o filme Zeitgeist, incluindo uma entrevista de rádio com Joseph e um breve comentário daquele verdadeiramente culto Keith Olbermann, você verá que não é apenas o filme que é sobre conspirações, mas que o filme é visto como vítima de uma conspiração de supressão.

Não importa que seja um filme ruim baseado em ‘pesquisa’ (eu uso o termo no sentido amplo) pobre e sobre nenhum entendimento real sobre Jesus e as origens do Cristianismo. Não importa que o Sr. Joseph não consiga dizer quais são as diferenças entre os argumentos sobre o mito do coelhinho da páscoa e os argumentos sobre Jesus Cristo. Ele está bravo porque sua ‘verdade’ está sendo suprimida. Não lhe ocorreu que talvez, apenas talvez, pessoas pensantes que sabem muito mais do que ele sobre este assunto estão muito gentilmente deixando este filme morrer uma morte lenta, já que não merece atenção mundial e fama e fortuna. O problema com o pensamento sincretista do tipo de Joseph é que se coloca todo tipo de fontes e informações disparatadas em uma batedeira mental e misturam-se todas juntas. Assim, a conspiração e o mito de Jesus são ligados com a supressão da conspiração de 11 de Setembro e assim por diante. A parte triste sobre isso é que são apenas emoção e raiva mascaradas como pesquisa histórica e evidência científica. A parte triste é que ele acredita que é vítima da supressão da liberdade de expressão.

Mas voltando ao filme em si. Uma voz desconhecida no começo do filme conta-nos que as instituições religiosas do mundo estão na base da conspiração para suprimir a humanidade com o propósito de sustentar as instituições ricas da elite. Este é o coração do argumento deste filme. O governo é acusado de usar a autoridade como a verdade, ao invés da verdade como a autoridade, e de usar a religião como o instrumento para sustentar regimes opressivos e falsas ideologias e mitos. A religião é vista como a principal fonte de baboseiras no nosso mundo, e, é claro, em particular a religião Cristã.

Em cerca de dez minutos de filme conseguimos a informação secreta sobre ‘A Maior História Jamais Contada’. Esta é a parte do filme com a qual estou preocupado, e o resto do texto irá lidar com ela. A história começa nos informando que as culturas sempre personificaram e antropomorfizaram o sol e as estrelas, descrevendo-as como pessoas. Isto é parcialmente verdade, mas certamente não é a explicação para as origens da religião Hebraica, que se manteve criticando a adoração dos deuses do sol e da lua, negou que houvesse múltiplas divindades nos céus, e ridicularizou a noção de que as estrelas são deuses que controlam o destino de alguém. Se o Antigo Testamento for lido com cuidado, pode-se notar que o sol e a lua são vistos como controlados por Jeová. E quando o tema dos filhos de Deus, o verdadeiro, aparece na frase em Gen. 6, [a expressão filhos de Deus] refere-se a anjos caídos casando-se com mulheres humanas, e mais tarde no Antigo Testamento refere-se ao rei e finalmente ao último grande rei — o messias. Não há nada nisso, seja lá o que for, que seja remotamente próximo à idéia de adoração ao sol, ou de ver o sol em si como uma divindade. Não há razão para associar a palavra filho (son) com a palavra sol (sun)5, e simplesmente misturar juntas todas as idéias sobre os dois na antiguidade. Mas este tipo de pensamento sincretista é a essência do filme, e isto leva a distorções massivas na história da religião.

A análise da mitologia egípcia no filme tem muitas poucas coisas certas, felizmente sobre Hórus e Seth, o deus sol e sua antítese. Infelizmente, ele traz a maior parte da história de Hórus errada. Afirma que o mito de Hórus conta que ele nasceu em 25 de Dezembro, nasceu de uma virgem, [acompanhado de uma] estrela no oriente, adorado por reis, e professor de 12. Ele afirma que esta era a forma original do mito em 3000 a.C. Seria bom descobrir como o Sr. Joseph aprendeu isso, já que não temos nenhum texto egípcio antigo sobre o assunto que possua tal antiguidade. Além disso, estas informações erradas que ele oferece no filme são refutadas por numerosas análises nas fontes apropriadas. Olhe por exemplo o texto da Wikipédia, parte do qual eu coloco abaixo. Observe em particular a seção sobre a concepção de Hórus por Isis. Não há concepção virginal, mas, novamente, o Sr. Joseph não é apenas culpado de falsamente misturar juntas várias religiões diferentes que se desenvolveram regionalmente e independentemente umas das outras, ele é realmente culpado de falsificar algumas das afirmações feitas nos mitos egípcios (veja abaixo). O que se segue no texto indentado é a informação da Wikipédia [na tradução da versão em inglês]6, e que está basicamente correta, a polêmica do Sr. Joseph nem tanto. Ironicamente ele faz um desserviço para todas as religiões que discute.

Deus do Céu

Pensa-se que esta era a forma original de Hórus. Seu nome que significa ‘alto’ ou ‘distante’ reflete sua natureza do céu. Ele era visto como um grande falcão com asas estendidas cujo olho direito era o sol e o esquerdo era a lua. Uma das formas do deus do céu Hórus era ‘Nekheny’ (que significa ‘aquele de Nekhen’ ou Hieraknopolis).
Deus Sol

Como Hórus era dito ser o céu, era natural que logo ele fosse considerado como que contendo o sol e a lua. Passou-se a dizer que o sol era um de seus olhos e a lua o outro, e que eles atravessavam o céu quando ele, um falcão, voava através dele. Portanto, ele ficou conhecido como Hamerty - Hórus de dois olhos e Heru-Khuti (em egípcio) parecem ser nenhum outro que Hórus. Mais tarde, a razão pela qual a lua não era tão brilhante como o sol foi explicada por uma nova lenda, chamada como as competições entre Hórus e Seth, originária de uma metáfora para a conquista do Alto Egito pelo Baixo Egito em cerca de 3000 a.C. Nesta lenda, era dito que Seth, o patrono do Alto Egito, e Hórus, o patrono do Baixo Egito, lutaram brutalmente pelo Egito, com nenhum lado vencedor, até que as divindades eventualmente apoiaram Hórus.

Como Hórus se tornou o vencedor final ele ficou conhecido como Harsiesis, Heru-ur ou Har-Wer (r.w wr, ‘Hórus, o Grande’), mas usualmente mais traduzido como Hórus, o Velho. Na luta, Seth perdeu um testículo, explicando-se porque o deserto, que Seth representava, é infértil. O olho esquerdo de Hórus também foi arrancado fora, o que explicava porque a lua, que ele representava, era tão fraca comparado com o sol. Era também dito que durante a lua nova, Hórus se tornava cego e era chamado de Mekhenty-er-irty ( mhnty r ir.ty, ‘aquele que não tem olhos), e quando a lua se tornava visível novamente, ele era chamado de Khenty-er-irty (hnty r ir.ty, ‘aquele que tem olhos’). Quando cego, Hórus era considerado bastante perigoso, algumas vezes atacando seus amigos após confundi-los com inimigos.

Finalmente, como outro deus sol, Hórus foi identificado com Rá como Ra-Herakhty, literalmente Rá que é Hórus dos dois horizontes. Entretanto, esta identificação demonstrou ser estranha, pois ela tornou Rá como filho de Hathor, e, portanto, um ser criado ao invés de criador. E, pior, isto tornou Rá em Hórus, que era filho de Rá, isto é, isto tornou Rá seu próprio filho e pai, de uma maneira reprodutora sexualmente padrão, uma idéia que não seria compreensível para os egípcios até a era Helenística. Conseqüentemente, Rá e Hórus nunca se uniram completamente em um único deus sol com cabeça de falcão.

Todavia, a idéia de fazer a identificação persistiu com a maioria dos símbolos usados na antiga religião egípcia e Rá sendo representados com uma cabeça de falcão. Da mesma forma, como Ra-Herakhty, uma alusão ao mito da criação de Ogdóade, Hórus era ocasionalmente mostrado na arte como um menino com um dedo em sua boca sentado em um lótus com sua mãe, Hathor. Na forma de um jovem, Hórus era chamado de Neferhor. O que também pode ser escrito como Nefer Hor, Nephoros ou Nopheros (nfr hr.w) significando ‘O Bom Hórus’.

Em uma tentativa para se resolver o conflito nos mitos, Ra-Herakhty ocasionalmente era dito ter casado com Iusaaset, que era dito ser sua sombra, tendo sido previamente a sombra de Atum, antes de Atum ser identificado com Rá, na forma Atum-Ra, e, portanto com Ra-Herackty quando Rá foi também identificado na forma de Hórus. Em mitos mais antigos, Iusaaset, que significa (o) grande (que) sai do esconderijo, era visto como a mãe e avó de todas as divindades. Na versão do mito de criação de Ógdoade usado no culto de Tot, Tot criou Ra-Herakhty, através de um ovo, e, portanto era dito ser o pai de Neferhor.


Concepção

Ísis teve o corpo de Osíris de volta ao Egito após sua morte; Seth teve o corpo de Osíris devolvido e o desmembrou em 14 pedaços que ele espalhou por todo o Egito. Então Ísis foi procurar por cada pedaço que foram depois enterrados por ela. Esta é a razão porque há vários túmulos para Osíris. O único pedaço que ela não encontrou em sua busca foram os genitais de Osíris, os quais foram jogados em um rio por Seth. Ela fabricou um pênis substituto após ver a condição em que ele estava quando ela o encontrou e prosseguiu em ter intercurso com o Osíris morto o que resultou na concepção de Hórus, a criança.


Conflito entre Hórus e Seth

Por volta da Décima nona dinastia, a prévia breve inimizade entre Seth e Hórus, no qual Hórus arrancou um dos testículos de Seth, foi revitalizada como uma lenda à parte. De acordo com o Papiro Chester-Beatty I, Seth foi considerado homossexual e é retratado como tentando provar seu domínio ao seduzir Hórus e então tendo intercurso com ele. Entretanto, Hórus coloca sua mão entre suas coxas e captura o sêmen de Seth, então subseqüentemente joga o no rio, de forma que ele não possa ser dito como tendo sido inseminado por Seth. Hórus então deliberadamente espalha seu sêmen em algumas alfaces, que era a comida favorita de Seth (os egípcios pensavam que a alface era fálica). Após Seth ter comido a alface, eles vão até as divindades para tentar decidir o argumento a respeito do governo do Egito. As divindades primeiro escutam a reivindicação de Seth de domínio sobre Hórus, e chama seu sêmen para fora, mas este responde do rio, invalidando sua reivindicação. Então, as divindades escutam a reivindicação de Hórus de domínio sobre Seth, e chama seu sêmen para fora, e este responde de dentro de Seth. Como conseqüência, Hórus é declarado o governador do Egito.


Irmão de Ísis

Quando Rá absorveu Atum em Atum-Rá, Hórus tornou-se considerado parte do que era chamado a Enéade. Como nesta versão Atum não tinha esposa e produziu seus filhos ao masturbar-se de fato, Hathor era facilmente inserida como a mãe da prévia geração “sem mãe”. Entretanto, Hórus não se encaixou tão facilmente, visto que ele foi identificado como o filho de Hathor e Atum-Rá na Enéade, ele seria então irmão do ar primordial e da umidade, e o tio do céu e da terra, entre os quais inicialmente não havia nada, o que não era muito consistente com o fato de ele ser o sol. Em vez disso, ele foi feito o irmão de Osíris, Ísis, Seth e Néftis, posto que este era o único nível plausível em que ele poderia governar sobre o sol e sobre o reino do faraó de forma significativa. Foi nesta forma que ele era adorado em Behdet como Har-Behedti (também abreviado como Bebti).

Visto que Hórus se tornou mais e mais identificado com o sol desde sua identificação como Rá, sua identificação como também sendo a lua foi prejudicada, então isto tornou possível o aparecimento de outras divindades da lua, sem complicar muito o sistema de crenças. Conseqüentemente, Chons se tornou o novo deus lua. Tot, que também havia sido um deus lua, tornou-se mais associado com aspectos mitológicos secundários da lua, como a sabedoria, cura e a pacificação Quando o culto de Tot apareceu com poder, Tot foi inserido em novas versões dos antigos mitos, tornando Tot aquele cuja mágica fez com que o sêmen de Seth e Hórus respondesse — na lenda das competições entre Hórus e Seth, por exemplo.

Os sacerdotes de Tot passaram a explicar como seria possível que nos antigos mitos havia cinco filhos de Geb e Nut. Eles diziam que Tot profetizou o nascimento de um grande rei dos deuses e então Rá, com medo de ser usurpado, amaldiçoou Nut para não ser capaz de dar a luz em qualquer dia do ano. De forma a remover esta maldição, Tot passou a apostar com Chons, ganhando 1/72 da luz da lua dele. Antes deste tempo na história egípcia, o calendário tinha 360 dias. O calendário egípcio foi reformado neste tempo e ganhou cinco dias extras, então uma nova versão do mito foi usada para explicar os cinco filhos de Nut. Uma fração de 1/72 da luz da lua para cada dia correspondia a cinco dias extras, e então a nova lenda declara que Nut foi capaz de dar a luz aos seus cinco filhos novamente, um a cada um desses dias extras.


Religião de Mistério

Posto que o reconhecimento de Hórus como filho de Osíris aconteceu apenas após a morte de Osíris, e porque Hórus, em uma aparência anterior, era o marido de Ísis, em tradições tardias passou a ser dito que Hórus era a forma ressuscitada7 de Osíris. Da mesma forma, como a forma de Hórus antes de sua morte e ressurreição, Osíris, que já havia se tornado considerado como uma forma do criador quando a crença sobre Osíris assimilou aquela sobre Ptah-Seker, também se tornou considerado o único criador, posto que Hórus ganhasse os aspectos de Rá.

Eventualmente, no período Helenístico, Hórus era, em alguns lugares, identificado completamente como Osíris, e tornou-se seu próprio Pai, visto que este conceito não era tão perturbador para a filosofia grega como havia sido para o antigo Egito. Nesta forma, Hórus era algumas vezes conhecido como Heru-sema-tawy (hr.w sm3 t3.wy. ‘Hórus que uniu as duas terras).

Ao assimilar Hathor — que tinha, ela mesma, assimilado Bat, que era associada com a música e, em particular, o sistro — Ísis foi igualmente considerada em algumas áreas da mesma maneira. Isto aconteceu particularmente entre os grupos que pensavam em Hórus como seu próprio pai, e então Hórus, na forma do filho, entre estes grupos muitas vezes se tornou conhecido como Ihy (alternativamente: Ihi, Ehi, Ahi, Ihu), significando “tocador de sistro”, o que permitiu a confusão entre o pai e o filho fosse deixada de lado. Um suplicante retratado em um colar egípcio de menat é dito retratar Hariesis (Hórus) alongando um sistro em frente da deusa Sekhmet, uma prévia divindade do sol que também era vista como um aspecto de Hathor.

A combinação desta, agora nova mitologia esotérica, com a filosofia de Platão, que estava se tornando popular nos mares mediterrâneos, levou a lenda a se tornar a base de uma religião de mistério. Muitos gregos, e aqueles de outras nações, que encontraram a fé, pensaram que ela era tão profunda que eles buscaram criar suas próprias, usando-a como modelo, mas usando suas próprias divindades. Isto levou a criação do que foi efetivamente uma religião, que era, em muitos lugares, ajustada para refletir, embora superficialmente, a mitologia local apesar de tê-la substancialmente a ajustada. A nova religião é conhecida dos acadêmicos modernos como a de Osíris-Dionísio.

Eu poderia continuar [discorrendo] sobre os erros grosseiros em sua apresentação de Hórus, que não foi chamado de ovelha de Deus, e não foi crucificado e ressuscitado 8, mesmo no mito. A história de Hórus é obviamente a história do renascimento do sol no leste, e é baseada em ciclos da natureza, não é, de maneira nenhuma, baseada sobre qualquer afirmação histórica como na história de Jesus. Indo mais direto ao ponto, a história de Hórus não inclui muitos dos elementos que Joseph afirma existirem — é uma vergonha que ele não tenha feito sua tarefa de casa apropriadamente mesmo em egiptologia. Eu poderia continuar [discorrendo] sobre o Mitraísmo, a adoração de Dionísio e de Átis, e Krishina. Mas você pode se aprofundar nesses assuntos em seu próprio tempo, até mesmo usando a Wikipédia e as fontes que ela cita. Basta dizer que não é verdade que era crido que todas essas divindades nasceram em 25 de Dezembro, e, de qualquer forma, a Bíblia nunca afirmou ou sugeriu que Jesus nasceu nessa data. Essa foi uma suposição tardia dos pais da igreja, e é irrelevante para esta discussão das origens da Bíblia. Nem é verdade que todas essas histórias possuem basicamente os mesmos elementos e padrões. Uma coisa pode-se dizer a respeito do filme de Joseph — ele é um desvirtuador das religiões mundiais em geral, acontece apenas o Cristianismo é um objeto particular de sua ira.

AQUI ESTÁ O GRANDE PONTO — JOSEPH LÊ A HISTÓRIA DE JESUS DE VOLTA NESTAS HISTÓRIAS MITOLÓGICAS, E ENTÃO AFIRMA QUE — SHAZAM — A HISTÓRIA DE JESUS VEIO DESTAS OUTRAS HISTÓRIAS, AS QUAIS ELE LEU ANACRONISTICAMENTE À LUZ DA HISTÓRIA DE JESUS. ISTO É TANTO UMA MÁ ANÁLISE HISTÓRICA COMO RELIGIOSA. ATÉ ONDE EU SEI NÃO HÁ NENHUMA HISTÓRIA DATADA ANTES DOS TEMPOS DE JESUS QUE TENHA A MAIORIA DOS ELEMENTOS ESPECÍFICOS LISTADOS NO FILME COMO DISTINGUINDO A HISTÓRIA DE JESUS — POR EXEMPLO, A HISTÓRIA DE UMA CONCEPÇÃO VIRGINAL, CRUCIFICAÇÃO, OU RESSURREIÇÃO CORPORAL DE UM FILHO DIVINO DE DEUS. E, NOVAMENTE, A BÍBLIA NÃO DIZ NADA SOBRE A DATA OU O TEMPO ESPECÍFICO DO NASCIMENTO DE JESUS. A MAIORIA DOS ACADÊMICOS ACREDITA QUE FOI NA PRIMAVERA, DEVIDO À DESCRIÇÃO DOS PASTORES NOS CAMPOS COM SEUS REBANHOS. E MAIS. TANTO HISTORIADORES JUDEUS COMO JOSEFO, E ROMANOS COMO TÁCITO E MAIS TARDE SUETÔNIO SÃO PERFEITAMENTE CLAROS EM AFIRMAR QUE JESUS REALMENTE EXISTIU, E TÁCITO CONTA QUE ELE MORREU EM UMA CRUZ, SENDO EXECUTADO SOB PILATOS. APARENTEMENTE, O SR. JOSEPH NÃO PODERIA ATÉ MESMO DAR ESTE FATO FRANCAMENTE. HÁ MAIS EVIDÊNCIA HISTÓRICA PARA A EXISTÊNCIA DE JESUS DO QUE PARA A EXISTÊNCIA DE JULIO CÉSAR, POR EXEMPLO.

Uma das coisas que o filme Zeitgeist não te conta é que os hebreus já tinham uma religião há muito tempo quando eles foram para o Egito tanto no tempo de José como no tempo de Moisés. E aqueles que são especialistas na antiga religião egípcia irão lhe dizer que as diferenças entre uma religião monoteística ou uma henoteística que foi fundada em ações e pessoas históricas, e a mitologia Egípcia que é fundada em ciclos da natureza, no nascer e no pôr do sol, no movimento das estrelas, etc. são consideráveis. Considere, por exemplo, o antigo poema nos salmos — salmo 8. O sol, a lua e as estrelas são todas vistas pelo salmista como as obras dos dedos de Deus, como uma criança moldando coisas de uma massa de modelar. O Deus Bíblico é um Deus criador, alguém que fez todas as coisas que existem. Nesse mesmo salmo, pode-se ver que os seres humanos são a coroa da criação divina, criados à imagem de Deus. Observe a teologia anti-antropomórfica aqui. Deus não é o sol, ele não tem um filho que é o sol, de fato a criação é apenas algo que Deus fez. A parte importante sobre isso é que ela dessacraliza a natureza. A natureza não é um deus ou deuses, ela não é divina, e nem o são seres humanos como seres humanos. O que ‘Zeitgeist’ obviamente não te conta é que esta sorte de idéia judaico-cristã sobre o mundo e suas criaturas é à base da ciência moderna, que assume que a criação não é Deus, e, portanto, não são manchadas pela investigação, análises científicas e afins. A tentativa de retratar a religião Bíblica como oposta à ciência, não conhece nem as origens da religião Bíblica e nem as origens da ciência moderna. Deixe-me acrescentar que não se pode cometer o erro de assumir que só porque algumas igrejas ou cristãos pelo caminho têm sido anti-intelectuais, e, de fato, têm suprimido a verdade sobre muitos assuntos, inclusive científicos (um fato que não pode ser negado tristemente), isto não tem nada a ver com a questão prévia das origens da religião Bíblica ou da moderna ciência. Estas questões precisam ser avaliadas pelos seus próprios méritos. Conspirações e supressões por papas não dizem nada sobre a verdade da religião Bíblica ou da ciência. São apenas casos de cristãos se comportando mal.

Um pouco mais da bagunça do corredor três deste filme precisa ser limpa 9. O trabalho acadêmico sobre a estrela do oriente, se ela é histórica, e a maioria dos acadêmicos pensa que pode ser, é centralizado na conjunção de planetas, especificamente Júpiter e Vênus (vide, por exemplo, o filme The Nativity que mostra isto corretamente). Ele não é centrado sobre Sirius, a estrela do cão. Belém certamente significa “a casa do pão”. Não tem nada a ver com a constelação Virgo, que, de fato, é um diminutivo para virgem. Tem a ver com esta região ser fértil o bastante para suportar tanto a grama como o trigo - portanto pastores e fazendeiros. Por falar nisso, o nome da mãe de Jesus é Miryam — da irmã de Moisés no antigo testamento, Miriam. Maria é apenas a forma latinizada de referirmos a este nome. A tentativa de explicar as origens da história da morte e ressurreição de Jesus com base no solstício de inverno e sobre o que acontece em 22 a 25 de Dezembro seria risível se o Sr. Joseph não estivesse sendo sério. Em primeiro lugar, os evangelhos mostram claramente que Jesus não esteve no túmulo por três dias completos, apenas parte da sexta, do sábado e do domingo. Se houve alguma tentativa dos Evangelistas para adequar isto a algum fenômeno astrológico, isto é inexplicável.

Em segundo lugar, como eu já disse, não há associação no Novo Testamento da morte e ressurreição de Jesus com o solstício de inverno ou o que acontece depois. A história do nascimento, morte e ressurreição de Jesus não é contada à luz de tal pensamento sobre o solstício de inverno de forma alguma. De fato, a noção de ressurreição existe há muito tempo no judaísmo antes do tempo de Jesus (vide, por exemplo, Daniel 12.1-2) e não foi inventada sob a luz da astrologia ou de qualquer outra religião da natureza. Este é um ponto-chave — religiões da natureza são fundadas, de fato, em ciclos de estações, e focam em deuses da fertilidade, etc. Isto é muito diferente das religiões baseadas na história e revelações ou profecias. Mas o sincretismo do Sr. Joseph não vai permitir que haja diferentes tipos de religiões mundiais, e origens diferentes para elas também.

E quanto à declaração de que os doze discípulos representam as doze constelações do zodíaco? Bem, mais uma vez, o Sr. Joseph não se importou em fazer sua tarefa de casa. Houve esta pequena entidade chamada as doze tribos de Israel, retornando a Jacó e seus doze filhos. Estas histórias em Gênesis não são astrológicas em seus traços particulares de forma alguma, mas, ao invés disso, são explicações de origens históricas de pessoas. Os doze discípulos foram escolhidos por Jesus não porque ele era um observador das estrelas, mas porque ele estava tentando reformar, e de fato re-formar Israel. Os doze discípulos representam as doze tribos de Israel, e você irá lembrar que Jesus prometeu que nos últimos dias eles sentarão em doze tronos para julgar essas doze tribos10. Novamente, isto é uma forma de pensamento escatológico e histórico, não uma forma de pensamento astrológico, e a afirmação de que a Bíblia tem mais a ver com astrologia do que com qualquer outra coisa, pode ser chamada apenas de um erro de categoria. Obviamente, o Sr. Joseph não realizou nenhum trabalho, qualquer que seja, no estudo dos vários gêneros de literatura Bíblica o que ele poderia ter conseguido através de qualquer introdução padrão à Bíblia, até mesmo aqueles escritos por agnósticos e céticos. A moral aqui é — não faça um filme deste gênero, a não ser que você tenha, em primeiro lugar, realizado cuidadosamente a checagem dos fatos — ele não fez!!

As origens do símbolo da cruz. Aqui novamente o Sr. Joseph pensa que ela deriva da cruz do zodíaco imposta no círculo dos doze símbolos astrológicos do zodíaco. Há vários problemas com esta teoria. Em primeiro lugar, considere o mais básico padrão zodíaco antigo que temos — por exemplo, o chão da sinagoga em Séforis. Os judeus, como qualquer outro grupo de pessoas agrárias, estavam interessados no tempo e nas estações. Será que encontramos um modelo de cruz? Não. Veja a imagem do zodíaco publicada no topo desta página do blog. Meu interesse é o símbolo. O Sr. Joseph não realizou trabalho em primeira mão sobre os símbolos do Zodíaco, ele apenas acreditou nas tolices em que se embebedou a partir de várias de suas fontes desatualizadas e inexatas. A origem do símbolo da cruz obviamente provém das práticas Romanas de crucificação, não de algum suposto modelo astrológico. Jesus morreu em 30 d.C. em uma cruz fora de Jerusalém, uma vítima da injustiça Romana como até mesmo os Romanos admitem.

E quanto à data da virada da era? Muito é feito pelo Sr. Joseph para [mostrar] como uma nova ‘era’ ou um ciclo astrológico começa em 1 d.C., após a era de Áries. Infelizmente para o Sr. Joseph, Jesus nasceu em alguma data entre 2 a 6 a.C. Ele não nasceu em 1 d.C. Como sabemos disto? Porque Jesus nasceu na época em que Herodes, o Grande, ainda era rei da Terra Santa, e os registros são claros em que Herodes morreu em cerca de 2 a.C., portanto Jesus tem que ter nascido antes disso (vide meus artigos sobre estes assuntos no Dicionário de Jesus e dos Evangelhos - Dictionary of Jesus and the Gospels). Como temos então o nosso calendário moderno? Bem, ele foi ajustado por um cavalheiro chamado Dionísio, o pequeno, ou, como eu gosto de chamá-lo, Denny, o anão, que tinha muito tempo em suas mãos, e estimou a virada da era como sendo na ocasião que agora conhecemos, baseado na época que ele pensou que Jesus nasceu. Ele errou por mais ou menos quatro anos. De qualquer forma, o nascimento de Jesus ocorreu antes da suposta virada de eras no esquema astrológico mostrado pelo Sr. Joseph. O nascimento de Jesus certamente não iniciou a era de peixes ou o peixe. O símbolo de peixe apareceu no Cristianismo a partir do valor gemátrico da palavra grega ICHTUS — com cada letra formando uma palavra, neste caso Insous, Christos, Theos, Uios e Soter — Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador. Seria bom se ele ao menos fizesse direito a parte de astrologia e simbologia — mas abandone a esperança, ele não fez nem mesmo seu trabalho de casa sobre este assunto também.

Será que Moisés representa a nova era de Áries? Não. Era o bezerro de ouro uma tentativa de adorar Touro, a constelação? Provavelmente não. Será que os judeus tocavam um chifre de carneiro porque Moisés jogou suas tábuas em aversão à adoração do Touro e inaugurou a era de Áries? Tenho certeza de que Moisés ficaria surpreso em ouvir isso. E mais uma coisa. Nós realmente não temos fontes antigas sobre Mitra, comparáveis com as que temos sobre Moisés e os israelitas. A maior parte do que sabemos sobre o Mitraísmo vem da era do Novo Testamento ou mais tarde. Não há boa razão histórica para pensar que o mitraísmo seja a origem tanto do judaísmo como do Cristianismo.

Eu poderia continuar, mas este texto está mais do que longo o suficiente. Há apenas uma conclusão possível sobre o filme Zeitgeist. O Sr. Joseph mesmo bebeu profundamente do zeitgeist pagão da nossa era, e infelizmente ele acreditou no que consumiu. Ele acreditou e agora propagou numerosas falsidades históricas, filosóficas e ideológicas. Eu vou lhe dar o benefício da dúvida de que ele não é apenas um zombador, mas alguém que está simplesmente bravo com a religião em geral. O fato é que, obviamente, muitas pessoas concordam com ele, e, portanto, a popularidade do seu vídeo.

Minha palavra aos espectadores de tal filme em uma cultura que é ignorante Biblicamente e permeada por Jesus é o conselho de minha avó há muito tempo atrás — “não tenha a mente tão aberta que seu cérebro caia para fora”. Cheque todas as coisas cuidadosamente, especialmente afirmações históricas estranhas, mesmo que você não possa fazer mais do que ler textos da Wikipédia. Você irá descobrir que o Sr. Joseph é como o antigo imperador — ele pode ter pensado que estava vestindo a última moda, e que estava intelectualmente bem vestido nas roupas da verdade, mas de fato, este produtor imperial de filmes não tem roupas. Seus mitos são fáceis de desconstruir.

Notas do tradutor

1. A palavra original em inglês é filmiac. Provavelmente esta palavra não exista mesmo em inglês. Em português, ela foi traduzida como “fílmico”, uma palavra que, de acordo com o Dicionário Aulete Digital significa o “que diz respeito a filme ou é próprio de filme”.

2. A SBL (Society of Biblical Literature, ou Sociedade de Literatura Bíblica) é a maior e mais antiga entidade internacional que reúne eruditos pesquisadores da Bíblia. Nem todos os seus membros são religiosos. Há também ateus entre eles.

3. Versão King James é uma versão de tradução da Bíblia.

4. Dan Brown é o autor do polêmico best-seller O Código da Vinci.

5. Em inglês a palavra sun significa sol, e a palavra son significa filho. Assim, o autor do filme tenta criar uma ligação por semelhança entre a expressão “filho de Deus” (son of God) e “sol de Deus” (sun of God).

6. Como o Dr. Witherington escreveu em inglês, ele retirou informações da Wikipédia em inglês. É necessário lembrar que o texto da Wikipédia na versão em inglês muitas vezes é diferente do texto da versão em português pelo fato desse site ser uma enciclopédia aberta. Por este mesmo motivo, os textos desse site se modificam constantemente e, talvez, no momento em que o leitor estiver lendo este blog, o texto citado talvez já tenha sido alterado. A Wikipédia é confiável? Nem sempre. Mas o Dr. Witherington citou o texto porque ele está “basicamente correto”. Se o leitor tem dúvidas, podem-se consultar outras enciclopédias.

7. Se a versão apresentada pela Wikipédia está correta e Hórus realmente foi considerado uma forma de Osíris, seria mais correto dizer que “Hórus era a forma reencarnada de Osíris”. Mas o texto da Wikipédia usa o termo “ressuscitado”: “it came to be said that Horus was the resurrected form of Osiris”.

8. O texto citado da Wikipédia afirma que “Hórus era a forma ressuscitada de Osíris”. Entretanto, seria mais correto, conforme explicado na nota anterior, dizer que “Hórus era a forma reencarnada de Osíris”.

9. Um pouco mais da bagunça do corredor três deste filme precisa ser limpa - Dr. Witherington está fazendo referência ao seriado House, onde o médico fala para as enfermeiras: “limpeza no corredor três!” (clean-up on aisle three!). Por sinal, esta se tornou uma expressão bem conhecida nos EUA.

10. Mateus 19.28

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