domingo, 5 de dezembro de 2010

Deve o cristão praticar artes marciais ?


Extraída do Christian Research Newsletter - Volume 4, Issue l, p.6. Traduzida por Paulo Romeiro e Nelson Wakai Adaptação Alex do Aprisco

Paulo Romeiro pastor e um dos mais renomados apologistas evangélicos. Bacharel em
Jornalismo;cursou o Gordon-Conwell Theological Seminary em Boston;
É professordo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião
da Universidade Mackenzie.

Alguns dizem que, por causa de sua origem não-cristã, misticismo oriental, nenhuma forma de arte marcial deveria ser praticada por cristãos. Entretanto, uma origem não-cristã, por si só, não pode ser um fundamento suficiente para se rejeitar as artes marciais, uma vez que este ponto de vista comete o que chamamos de falácia genética. O que isto quer dizer? Uma falácia é um argumento enganoso, sem fundamento. O termo genética quer dizer neste caso origem. Assim, uma falácia genética é um argumento infundado que pressupõe que uma vez que a origem de uma crença ou prática esteja errada por não ter uma origem cristã, sem considerar o seu desenvolvimento, ela ainda estaria errada hoje.De fato, se fôssemos coerentes ao aplicar esse tipo de lógica, nós deveríamos abandonar a astronomia e a física, porque suas raízes encontram-se na prática da astrologia, não poderíamos nem beijar na boca , pois esta prática esta ligada na sua origem no culto a deusa Vênus. Entre os movimentos religiosos que usam e abusam da falácia genética se encontram as chamadas testemunhas de Jeová. Estas recusam comemorar aniversários natalícios, Natal, Ano Novo, etc., pelo simples fato de estas práticas terem origem no paganismo. Em nenhum momento se leva em conta o desenvolvimento ou a evolução de uma crença ou prática. Ao invés de cometer a falácia genética, seria melhor tentar verificar o quanto de influência as crenças originais podem ter sobre um objeto de discussão, antes de descartá-lo prematuramente.

O segundo ponto de vista afirma que, contanto que o cristão separe os aspectos religiosos e o misticismo oriental das artes marciais, ele pode praticá-las. Para avaliarmos este ponto de vista, precisamos examinar brevemente algumas das principais ramificações das artes marciais
Aikido - Significa o caminho para a união com a força universal. Esta força impessoal é conhecida como chi. O objetivo do Aikido é controlar tanto a si mesmo como o ambiente. Ironicamente, esta arte marcial é a mais compatível com o cristianismo no que diz respeito à sua natureza não-violenta; contudo, ela está imutavelmente mergulhada no misticismo oriental.
Judô e Jiu-jítsu - O Judô envolve técnicas de agarramento e lançamento ao chão. O Jiu-jítsu concentra-se em travar as articulações humanas e ocupa-se com as maneiras de dar golpes e manobras. Ambas as formas têm uma ênfase espiritual muito baixa.

Karatê - O Karatê envolve meditação, que normalmente inclui o esvaziamento da mente da pessoa de todas as distrações externas. É nesse ponto que o Karatê torna-se perigoso. Todavia, uma vez que o Karatê é primariamente uma arte marcial física, o aspecto da meditação pode ser separado dele.
Kung Fu - O Kung Fu é muito diverso. Há estilos diferentes de Kung Fu. As formas mais tradicionais aderem de perto às suas raízes filosóficas budistas, enquanto as formas menos tradicionais concentram-se mais nos aspectos físicos. Geralmente, o Kung Fu é mais místico que o Karatê.
Ninjitsu - De modo geral, o Ninjitsu não é compatível com o cristianismo. Os Ninjas tentam assimilar-se a si mesmos com a natureza a fim de serem mais dissimulados, escondidos. A cosmovisão por trás do ninjitsu é o panteísmo, corrente filosófica que confunde o Criador com criatura e vice-versa, em outras palavras, Deus é tudo e tudo é Deus, que contradiz a visão cristã de que Deus não é o universo, mas o Criador do universo Gn 1:1, 2. A visão cristã de Deus não admite tomarmos o Absoluto pelo relativo, o Infinito pelo finito.
Tae Kwon Do - O Tae Kwon Do é uma forma de arte marcial orientada para o esporte e o físico. É uma das formas de defesa pessoal oriental mais compatíveis com o cristianismo.
Tai Chi Chuan - O Tai Chi Chuan envolve a prática do taoísmo. A fim de alcançar o bem-estar físico, o estudante de Tai Chi Chuan deve estar harmonizado com o universo ao concentrar-se abaixo da parte central do corpo, ou seja, o umbigo que, segundo dizem, é o centro psíquico do corpo. O Tai Chi Chuan não pode ser conciliado com o cristianismo.

Em vista do acima exposto, fica claro que certas artes marciais não podem ser separadas da sua cosmovisão oriental, enquanto outras podem. O Aikido, o Ninjitsu e o Tai Chi Chuan são os mais incompatíveis com o cristianismo. Em última análise, se o cristão pode ou não participar de uma dessas artes marciais que podem ser conciliadas com o cristianismo, depende em grande parte do instrutor. Se o instrutor promove o misticismo oriental, o cristão deveria deixar a escola. Se o instrutor separa a prática da arte marcial da filosofia por trás dela, então caberá ao cristão, utilizando sua boa consciência, participar. Cabe a cada cristão respeitar a consciência do seu irmão. Tolerância em questões não essenciais da fé cristã. Romanos 14:1-12

Um terceiro ponto de vista é o de que as artes marciais não são compatíveis com o cristianismo por causa de sua natureza violenta. Esta é uma posição legítima, porque muitas passagens nas Escrituras falam contra a violência Mt 26:52. Entretanto, outros cristãos chamam a atenção para o fato de que, quando Jesus falou com soldados, ele não disse que combater fosse moralmente errado Mt 8:5-13. Além do mais, o apóstolo Paulo indicou que havia um uso legítimo da força pelo governo ao punir os malfeitores Rm 13:1-5. É verdade que estas passagens não apóiam diretamente ou indiretamente as artes marciais, nem poderiam, pois não foram escritas para essa finalidade. Contudo, será a motivação que determinará se o crente deverá ou não praticar artes marciais.

Pergunte-se: Por que quero praticar artes marciais? Para mostrar que posso bater em qualquer um? Para afligir o meu próximo? Se estas forem as motivações, então seria melhor nem começar. Porém, se a intenção incluir melhorar a condição física, ou mesmo a defesa pessoal caso haja necessidade, então, pelo que parece, não deveria haver nenhuma objeção quanto ao cristão se envolver com as artes marciais. Os versículos supracitados levaram muitos cristãos a concluir que a Bíblia não condena a autodefesa. Apesar de apoiar esta conclusão, reconheço que o assunto de autodefesa é um daqueles que deve ser determinado pela consciência de cada crente, individualmente. Deve-se pesar os prós e os contras, e em sã consciência, perante Deus, decidir se irá ou não praticar artes marciais. Essa é uma questão de decisão pessoal.
O cristão tenha em mente os seguintes fatores, caso resolva praticar uma arte marcial:

Primeiro, o cristão deve estar ciente de que, sendo esta uma área controvertida, ele deve ser cuidadoso para não causar tropeço a um irmão mais fraco, Rm 14. Ele não deixa de ser seu irmão, apesar de ser fraco, ou de ter uma mentalidade incapaz de discernir entre o que é uma questão de fé coletiva ou uma de ordem pessoal. Mas, não deixa de ser lamentável que alguns fracos tentem impor a sua consciência aos seus irmãos. Todo o extremo deve ser combatido, não com violência, mas com mansidão e sabedoria.

Segundo, principalmente para os jovens, o cristão deve resistir à tentação de começar uma briga
Terceiro, o cristão não deve permitir que uma arte marcial enfraqueça seu compromisso com Cristo, Hb 10:25. A arte marcial não deve ocupar o primeiro lugar na vida de um crente. Isso seria idolatria, pois se Deus não ocupa o primeiro lugar, então o seu substituto se torna o seu ídolo.
Finalmente, o cristão deve orar, e examinar sua consciência e seus motivos para se envolver com artes marciais.

Estes passos assegurarão que o envolvimento de alguém com uma arte marcial esteja baseado não em motivos fúteis, mas numa consideração bem refletida.

Comentário Pessoal.

Um exemplo onde o esporte tem sido algo de positivo para sua vida é meu cunhado Sandrinho,faixa vermelha Ju-Jitsu Morganti, servo de Deus onde o esporte não o influênciou em sua vida espiritual, ao contrário tem aberto uma porta para ele testemunhar o amor de Deus entre seus amigos.

4 comentários:

  1. Rapaz, foi o comentário mais equilibrado, bem centrado e com conhecimento de causa que já vi. Parabéns pelo seu artigo, sempre que ouvia crentes opinar a respeito disso era sempre a mesma coisa:

    É do diabo!

    Tudo tem um “porque?”, no mundo atual em que vivemos o acesso é fácil a informação, não estamos mais no século 18 aonde os senhores de escravos diziam que se comecem “manga com leite” virava os olhos, e o povo engolia sem pesquisar.

    Deu para entender que o problema não é a arte em si, mais o sincretismo que contem nela, que pode muito bem ser separado, pratico karate-do tradicional, o karate veio da ilha de Okinawa e tem o budismo como filosofia, só que fujo disso, pois o budismo é heresia!

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  2. otimo mesmo seu comentario Deus abençoe.... So uma curiosidade serve ao senhor em qual igreja....

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  3. Estava frequentando uma turma de tai chi chuam no parque, algumas aulas até aí tudo bem... mas quando conheci um pouco mais percebi um pouco de misticismo envolvido.
    Não senti paz no coração, saí.
    Afinal a vontade de Deus é boa, perfeita e agradável.
    Melhor correr ou pedalar.
    Abs e obrigada.

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  4. gostaria de saber porque o taekwondo é uma arte mais compativel com o cristianismo?

    treinei 1 mes ja mas minha consciencia não esta legal começando por essa semana.

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